Thainá Duarte e Seu Jorge são anunciados no elenco de 'Geni e o Zepelim', novo longa de Anna Muylaert
Thainá Duarte descoloriu o cabelo para viver a personagem Geni
A atriz Thainá Duarte (“Cangaço Novo”, “Aruanas”) dará vida a lendária personagem Geni na adaptação cinematográfica de “Geni e o Zepelim”, clássica canção de Chico Buarque, composta em 1978. O longa homônimo conta a história de uma prostituta que se sacrifica para salvar sua comunidade, mesmo sendo desprezada e marginalizada pela elite local. Com direção e roteiro de Anna Muylaert (“Que Horas Ela Volta”, “A Melhor Mãe do Mundo”), o filme também trará no elenco principal Seu Jorge (“Marighella”, “Cidade de Deus”, “Medida Provisória”) como o Comandante do Zepelim. O longa é uma produção Migdal Filmes, em coprodução com Paris Entretenimento e Globo Filmes, e terá distribuição nos cinemas pela Paris Filmes.
Criada há quase 50 anos, a canção sobre uma prostituta que sofre recorrente humilhação pública já ganhou diversas versões no campo das artes, mas inspira pela primeira vez um longa de ficção. Seu nome, Geni, virou adjetivo para se referir a pessoas perseguidas pela sociedade, marginalizadas sem motivo aparente.
“Durante a pandemia, meus filhos escutavam muita MPB. Ouvindo Geni com eles, percebi a música de um outro jeito e vi que ali tinha um filme, e teria que ser um filme da minha amiga Anna Muylaert. É impressionante como a Geni é uma personagem muito forte no imaginário popular, mesmo depois de décadas. E segue nos provocando a reflexão sobre a violência e marginalização da mulher”, conta Iafa Britz.
As filmagens serão realizadas na Cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre. “Quando a Iafa me chamou para dirigir esta fábula de Chico, me veio claramente a ideia de rodar na Amazônia”, conta a diretora Anna Muylaert. “Vejo um paralelo entre a desvalorização do corpo feminino e da floresta, ambos são desrespeitados e explorados, sem pudor”.
Sinopse:
Inspirado na canção homônima de Chico Buarque, o longa narra a história de Geni, prostituta de uma cidade ribeirinha, localizada no coração da floresta amazônica. Amada pelos desvalidos e odiada pela sociedade local, ela vê sua cidade sendo invadida por tropas lideradas por um tirano, conhecido como Comandante, que chega voando em um imponente zepelim, com um verdadeiro projeto de poder predatório para a região. Ele obriga todos a fugirem rio adentro, onde acabam presos. Porém, quando o Comandante vê Geni, ela percebe que talvez ainda haja uma chance de virar o jogo.
Ficha técnica:
Roteiro e Direção: Anna Muylaert
Produção: Iafa Britz
Produção Executiva: Mylena Mandolesi e Mauro Pizzo
Produtora Associada: Anna Muylaert
Produtor Associado Acre: Sérgio de Carvalho
Direção de Fotografia: Bárbara Alvarez, SCU
Direção de Arte: Rafael Ronconi
Figurino: Alex Brollo
Caracterização: Sonia Penna
Elenco por: Gabriel Domingues
Som Direto: Gabriela Cunha
Trilha Sonora: Flavia Tygel
Elenco: Thainá Duarte, Seu Jorge e grande elenco
Produção: Migdal Filmes
Coprodução: Paris Entretenimento e Globo Filmes
Distribuição: Paris Filmes
O filme conta com investimento do Fundo Setorial do Audiovisual
Para ouvir a música de Chico Buarque, “Geni e o Zepelim”, acesse este link.
Letra original:
De tudo que é nego torto
Do mangue, do cais, do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Com os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo: Mudei de idéia
Quando vi nesta cidade
Tanto horror e iniquidade
Resolvi tudo explodir
Mas posso evitar o drama
Se aquela formosa dama
Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Mas de fato, logo ela
Tão coitada, tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela prisioneiro
Acontece que a donzela
E isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni
Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni
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