No Dia dos Povos Originários, Canal Brasil exibe maratona especial
Cenas de “O Contato”, de Vicente Ferraz; “Festa de Pajés”, de Iberê Périssé; “Raoni, Uma Amizade Improvável”, de Jean-Pierre Dutilleux; e de episódio de Ailton Krenak no programa “Espelho”, apresentado por Lázaro Ramos |
Celebrado no Brasil no dia 19 de abril desde 1943, o Dia dos Povos Originários propõe reflexões e críticas sobre a preservação da memória e das relações de poder entre colonizadores, órgãos oficiais e as populações nativas do país. Como forma de celebrar a data e reforçar as discussões, o Canal Brasil exibe uma maratona com dezoito filmes e um episódio do programa “Espelho”, apresentado por Lázaro Ramos, com uma entrevista de Ailton Krenak. A programação tem início à meia-noite e se estende por quase 24 horas, totalmente dedicada ao tema. “Raoni, Uma Amizade Improvável”, de Jean-Pierre Dutilleux, estreia no Canal Brasil e abre a maratona. O documentário conta a história de amizade entre o cacique Kaiapó Raoni, do estado do Mato Grosso, e o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux ao longo de 50 anos. O filme é uma homenagem à vida e à luta pela preservação das terras indígenas do Cacique Raoni Metuktire, que reside na região norte do Mato Grosso. Ele é conhecido mundialmente pela atuação em prol da Amazônia e dos povos indígenas. Entre os momentos mais marcantes do seu trabalho, em 1987 Raoni teve forte atuação na Assembleia Constituinte resultando na inclusão dos direitos fundamentais dos povos indígenas na Constituição Federal de 1988. No mesmo ano, ganhou notoriedade internacional como defensor das florestas. Em 2023, durante a posse de Lula, foi uma das personalidades a subir a rampa do Palácio da Alvorada para entregar a faixa presidencial. A maratona segue com a exibição dos longas-metragens: “Segredos do Putumayo”, de Aurélio Michiles, um documentário que investiga as denúncias de crimes contra comunidades indígenas cometidos pela empresa britânica Peruvian Amazon Company em 1910; “Retomada”, de Ricardo Martensen, que aborda a resistência das aldeias Castanhal dos Tupinambá e Açaizal dos Mundurukus, no Pará, e acompanha a trajetória do jovem comunicador Cristian Arapiun. “Terra Dos Índios” apresenta a viagem que o cineasta Zelito Viana fez em 1977, para diferentes estados do Brasil, onde retratou a situação dos povos indígenas, e “Da Terra Dos Índios Aos Índios Sem Terra”, sequência que reproduz uma entrevista dada pelo antropólogo Darcy Ribeiro em 1977, na voz de Marcos Palmeira, e tem a participação de convidados, como o antropólogo indígena Gersem Baniwa. “Amazônia Sociedade Anônima”, de Estevão Ciavatta, é um documentário que explica as consequências mundiais do desmatamento da floresta amazônica. Já “Gyuri”, de Mariana Lacerda, percorre o acervo precioso de Claudia Andujar, uma judia e sobrevivente da Segunda Guerra, que exilou-se no Brasil e dedicou a vida à salvaguarda dos povos Yanomami. “Uýra - A Retomada da Floresta”, de Juliana Curi, conta a história de Uýra, uma artista trans indígena, que viaja pela Amazônia em uma jornada de autodescoberta e de influências, a partir do movimento LGBTQIAPN+ na região. O longa “A Serra do Roncador ao Poente”, de Armando Lacerda, conta a história do povo A'uwê Uptabi, mais conhecido como Xavante, do Mato Grosso. Em “O Contato”, de Vicente Ferraz, são exploradas as trocas multiétnicas na cidade indígena de São Gabriel da Cachoeira, local onde o Brasil se encontra com Colômbia e Venezuela. “Para'Í”, de Vinicius Toro, é uma ficção que apresenta Pará, menina guarani que se questiona sobre seu lugar no mundo. Em “Rama Pankararu”, de Pedro Sodré, Paula é uma jornalista que chega a uma aldeia para fazer uma reportagem sobre incêndios criminosos durante o período das eleições brasileiras de 2018. “O Estranho”, de Flora Dias e Juruna Mallon, reflete sobre as memórias e histórias de Guarulhos, um território originalmente indígena onde funciona o maior aeroporto do Brasil. Já a trama do longa-metragem “A Terra Negra dos Kawa”, de Sérgio Andrade, se passa na região rural do Amazonas, onde um grupo de cientistas faz escavações em terrenos em busca de terra fértil para fins agrícolas, contudo, ao se aproximarem do sítio dos indígenas Kawa, notam que a terra tem poderes energéticos e sensoriais. A programação inclui ainda uma seleção com os curtas-metragens “Festa de Pajés”, de Iberê Périssé; “YÃMÎ YAH-PÁ | Fim da Noite”, de Vladimir Seixas; “Naiá e a Lua”, de Leandro Tadashi; e “Vãnh gõ tõ Laklãnõ”, de Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá. Também vai ao ar um episódio do programa “Espelho”, apresentado pelo ator Lázaro Ramos, com Ailton Krenak, ambientalista, escritor, poeta e filósofo mineiro. A defesa dos direitos indígenas e o ativismo no movimento socioambiental são parte de sua luta há mais de 50 anos. Foi o primeiro indígena a se tornar “imortal” da Academia Brasileira de Letras. No episódio exibido em 2021, o líder indígena destaca que o modo de operação dos humanos no planeta está causando a extinção da população. Maratona Dia dos Povos Originários Horário: Sábado, dia 19/04, a partir de 0h Raoni, Uma Amizade Improvável (2023) (90’) Horário: Sábado, dia 19/04, à 0h Direção: Jean-Pierre Dutilleux Sinopse: O filme conta a longa e improvável história de amizade entre o cacique Kaiapó Raoni e o cineasta belga Jean-Pierre Dutilleux ao longo de 50 anos. Desde 1973, através de suas lentes, Dutilleux vem registrando o cacique. Em 1978, seu documentário Raoni, narrado por Marlon Brando, foi indicado ao Oscar e apresentou Raoni ao mundo. Raoni – Uma Amizade Improvável é uma homenagem ao grande líder indígena, símbolo da luta pela demarcação dos territórios indígenas, de sua cultura e da Amazônia. Segredos do Putumayo (2020) (83ʼ) Horário: Sábado, dia 19/04, às 1h30 Classificação: 14 anos Diretor: Aurélio Michiles Sinopse: Em 1910, o Cônsul Geral Britânico no Rio de Janeiro, Roger Casement, empreendeu uma investigação sobre as denúncias de crimes contra comunidades indígenas cometidos pela empresa britânica Peruvian Amazon Company. Baseado em seu diário perturbador, Segredos de Putumayo traça a imagem da angustiante descoberta por Casement de um sistema industrial-extrativo baseado em assassinatos e trabalho escravo no meio da selva amazônica. No filme, a voz de Casement é interpretada pelo ator Stephen Rea. Retomada (2024) (72ʼ) Horário: Sábado, dia 19/04, às 2h50 Classificação: Livre Direção: Ricardo Martensen Sinopse: A aldeia Castanhal, dos tupinambás, sob a liderança da cacique Estévina, luta para consolidar sua identidade e preservar a floresta ao seu redor. Já a aldeia Açaizal, dos Mundurukus, encontra-se cercada pelos campos de soja, que trouxeram veneno para suas plantações e secaram o igarapé. Terra dos Índios (1979) (108’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 4h05 Classificação: 14 anos Direção: Zelito Viana Sinopse: Zelito Viana viajou em 1977 para retratar a situação dos povos indígenas em diferentes estados do país. A trajetória pelo Brasil resultou em um dos documentários mais importantes da história do cinema brasileiro. Suas lentes denunciaram a violência por trás do projeto nacional de integração dos índios, revelando as condições vergonhosas nas quais se encontravam muitos desses povos, entre eles os Kaingang, no Rio Grande do Sul, e os Kaiová, no Mato Grosso. Diante da impossibilidade de viver conforme seus costumes e cercados por colonos brancos hostis, os indígenas sucumbem ao interesse de fazendeiros e empresários que grilam suas terras, derrubam suas matas e colocam em risco o futuro destas sociedades. Da Terra dos Índios aos Índios Sem Terra (2022) (75’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 5h55 Direção: Zelito Viana Classificação: 12 anos Sinopse: O documentário inédito, uma coprodução Canal Brasil, tem como ponto de partida o longa "Terra dos Índios" e traz a histórica entrevista realizada em 1977 por Zelito Viana com Darcy sobre os povos originários. O ator Marcos Palmeira reproduz as falas de Darcy Ribeiro no documentário que tem ainda a participação do filósofo e mestre em antropologia, Gersem Baniwa, da região de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, considerado uma das maiores lideranças indígenas do país. Amazônia Sociedade Anônima (2019) (100’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 7h10 Classificação: 10 anos Direção: Estevão Ciavatta Sinopse: Um documentário sobre o desmatamento da floresta amazônica e suas implicações não apenas para os direitos humanos dos povos indígenas e tradicionais que vivem lá, mas também para todo o ecossistema do planeta. Gyuri (2021) (87’) Horário: Quarta, 05/04, às 8h25 Classificação: Livre Direção: Mariana Lacerda Sinopse: Claudia Andujar exilou-se no Brasil e dedicou a vida à salvaguarda dos povos Yanomami após a Segunda Guerra Mundial. Seu valioso acervo, sua militância incansável, seu passado de guerra e a vulnerabilidade atual dos indígenas são revistos por meio de diálogos de Andujar com o xamã Davi Kopenawa e o ativista Carlo Zacquini, com a interlocução do filósofo húngaro Peter Pál Pelbart. Uýra - A Retomada da Floresta (2021) (87’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 9h55 Classificação: 12 anos Direção: Juliana Curi Sinopse: Uýra, uma artista trans indígena, viaja pela Amazônia em uma jornada de autodescoberta, usando a arte performática para ensinar aos jovens indígenas que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da Floresta Amazônica. Em um país que mata o maior número de jovens trans, indígenas e ambientalistas em todo o mundo, Uýra lidera um movimento crescente por meio das artes e da educação, ao mesmo tempo que promove a união e inspira os movimentos LGBTQIAP+ e ambientalistas no coração da Floresta Amazônica. A Serra do Roncador ao Poente (2022) (63ʼ) Horário: Sábado, dia 19/04, às 11h Classificação: Livre Direção: Armando Lacerda Sinopse: O filme conta a história do povo A'uwê Uptabi, mais conhecido como Xavante, tendo seu idioma como língua oficial, que pertence ao tronco Macro-Jê, da família Jê. Filmado nas terras xavantes, nos arredores da Serra do Roncador, no Mato Grosso, a obra explora a ancestralidade do povo, detalhando sua origem territorial, antepassados indígenas e a travessia que fez de uma ponta a outra do país, para fugir dos perigos do homem branco. O Contato (2024) (85’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 12h Classificação: 14 anos Direção: Vicente Ferraz Sinopse: Explora as travessias de personagens entre suas aldeias e a cidade indígena de São Gabriel da Cachoeira, revelando um rico universo de trocas multiétnicas na deslumbrante região da Cabeça do Cachorro, onde Brasil, Colômbia e Venezuela se encontram. Espelho (2021) (25ʼ) Convidado: Ailton Krenak Horário: Sábado, dia 19/04, às 13h30 Classificação: Livre Neste episódio: O líder indígena Ailton Krenak destaca que o modo de operação dos humanos no planeta está causando a nossa extinção e que todas as instituições criadas por homens brancos são predadoras. Festa de Pajés (2023) (20ʼ) Horário: Sábado, dia 19/04, às 13h55 Classificação: Livre Direção: Iberê Périssé Sinopse: A festa de formatura desta turma é cheia de eventos: encontros que acabam, encontros que começam, novas paixões descobertas, segredos revelados. A Última Festa não parece o fim de um ciclo, mas a primeira noite do começo de suas vidas. Yãmî Yah-Pá - Fim da Noite (2023) (17’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 14h15 Classificação: Livre Direção: Vladimir Seixas Sinopse: As memórias de uma mulher indígena enlutada que decide retornar à sua antiga aldeia na Floresta Amazônica em um mundo pós-apocalíptico. Naiá e a Lua (2010) (13’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 14h35 Classificação: Livre Direção: Leandro Tadashi Sinopse: A jovem índia Naiá se apaixona pela lua ao ouvir da anciã de sua aldeia a história do surgimento das estrelas no céu. Vãnh gõ tõ Laklãnõ (2022) (25’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 14h50 Classificação: 12 anos Direção: Barbara Pettres, Flávia Person e Walderes Coctá Priprá Sinopse: Uma arqueóloga, um poeta, um pastor e kujá, uma professora e um cantor de rap remontam a história do seu povo, os Laklãnõ/Xokleng, habitantes do sul do Brasil: o tempo do mato, a quase extinção, a retomada da língua e da cultura e o protagonismo político. Para’í (2018) (82’) Horário: Sábado, dia 19/04, às 15h20 Classificação: 10 anos Direção: Vinicius Toro Sinopse: Para’í conta a história de Pará, menina guarani que encontra por acaso um milho guarani tradicional, que nunca havia visto e, encantada com a beleza de suas sementes coloridas, busca cultivá-lo. A partir dessa busca começa a questionar seu lugar no mundo: , por que não fala guarani, por que é diferente dos colegas da escola, por que seu pai vai à igreja Cristã, por que seu povo luta por terra. Rama Pankararu (2022) (98ʼ) Horário: Sábado, dia 19/04, às 16h45 Classificação: 14 anos Direção: Pedro Sodré Sinopse: Bia Pankararu, jovem agente da saúde indígena está arrecadando fundos para a reconstrução da escola em sua aldeia, que foi destruída durante um incêndio criminoso na noite do segundo turno das eleições de 2018. Paula, jornalista carioca, chega à aldeia para fazer uma reportagem sobre os ataques incendiários. O Estranho (2023) (105ʼ) Horário: Sábado, dia 19/04, às 18h25 Classificação: 14 anos Direção: Flora Dias e Juruna Mallon Sinopse: Em um território indígena funciona o maior aeroporto do Brasil. Além dos milhares de passageiros que transitam por ele diariamente, 35 mil trabalhadores permanecem naquele espaço, entre eles a funcionária de pista Alê (Larissa Siqueira). Através de sua vida cotidiana, memórias e histórias de Guarulhos vem à tona e revelam vestígios de um passado perdido em um território em constante transformação. A Terra Negra dos Kawa (2018) (99’) Horário: Sexta, 19/04, às 20h15 Classificação: 16 anos Direção: Sergio Andrade Sinopse: Um grupo de cientistas faz escavações em terrenos no interior do Amazonas em busca de uma terra fértil, usada para fins agrícolas. Conforme se aproximam do sítio dos indígenas Kawa, notam que a terra tem poderes energéticos e sensoriais. |
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