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"As prisões hoje em dia são escolas do crime", diz o advogado José Carlos Dias no "Provoca"

Foto Marina Buozzi


advogado criminalista José Carlos Dias é o convidado do Provoca desta terça-feira (29/4). Apresentado por Marcelo Tas, o programa vai ao ar na TV Cultura, às 22h. Na entrevista, os dois conversam sobre o trabalho de Carlos Dias durante e pós-ditadura, sua opinião a respeito da função dos presídios e seus casos defendidos mais marcantes.

Relembrando suas ações relacionadas ao regime militar, o advogado conta como foi defender diversos perseguidos políticos e relembra o depoimento de Paulo Malhães, torturador e assassino confesso, em que o ex-tenente confessou os crimes cometidos e expõs a forma que enterrava os corpos mortos para não serem encontrados. “Eu comecei a cutucar, e eu e a Rosa [Cardoso], sobre o que ele via, o que ele fazia e como fazia. ‘Eu arrancava os dentes para que a pessoa não fosse identificada pelos dentes, e quando precisava eu arrancava as mãos também’. E ele foi falando, e ele acabou dizendo tudo. Um mês depois ele foi morto.”

No segundo bloco, quando perguntado por Tas qual o objetivo dos presídios e se eles são funcionais, Dias opina que “a prisão é um mal necessário”, mas que não cumpre sua função com excelência. “[O presídio] deveria ser destinado somente àqueles que realmente praticaram crimes, atos que, em liberdade, seriam perigosos para nós. (...) A prisão deveria ser para devolver o cidadão à sociedade melhor do que entrou. E, na verdade, as prisões hoje em dia são escolas do crime.”

O “advogado de porta de cadeia”, como ele mesmo se denomina, fala também sobre sua família e conta os seus casos mais memoráveis, citando a “Rua Cuba”, a exemplo do caso mais difícil ganho; e a defesa de “Katia Rabelo”, como a derrota em que mais aprendeu. Quando eu defendi no Supremo Tribunal Federal a Katia Rabelo, que era presidente do Banco Rural, eu fiquei abalado. Porque eu achei uma injustiça, que ela não poderia ter sido condenada.”

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