Everlane Moraes: o cinema da resistência no primeiro episódio da série inédita e exclusiva ‘Cinéticas’
Se o cinema é a arte em movimento, para cineastas como Everlane Moraes, isso é um mote e um símbolo da vida. Em suas obras, a realizadora encontra um reflexo de sua própria trajetória: se a ideia é se mexer, o objetivo é explorar e extravasar sentimentos e experiências. Suas histórias são apresentadas no episódio “Narrativas Negras no Cinema de Everlane Moraes”, que abre a série original e inédita “Cinéticas”, uma estreia exclusiva do Curta!.
A produção foi viabilizada pelo canal através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e apresenta, em nove episódios, o perfil, as obras e as ideias de cineastas latino-americanas, percorrendo a geografia intensa dessa região para desvendar o cinema feito por mulheres. Para explorar o processo criativo e as influências de Everlane, o episódio, dirigido por Caroline Margoni e Tila Chitunda, traz depoimentos inéditos, imagens de arquivo de filmes da cineasta e gravações que acompanham seu cotidiano e sua intimidade.
Nascida no interior baiano e criada no segundo maior remanescente quilombola urbano do Brasil em Aracaju, o Quilombo Caixa D’ Água, ela traduz em suas obras suas vivências como mulher negra. O quilombo, eterno espaço de resistência, se torna protagonista de sua liberdade de movimento, dando o nome a um celebrado e importante documentário.
“‘Caixa D’água: Qui-Lombo é Esse?’ foi um filme muito promissor pra mim. Além da experimentação, foi um lugar também de militância, de discutir o pertencimento a uma cultura específica, de relação com a África”, explica.
O episódio retraça a carreira e as andanças de Everlane. Em Cuba, encontra mais do que formação técnica como cineasta. Na ilha, se descobre latino-americana a partir dos estudos e reflexões sobre as rotas coloniais, a escravidão e a desigualdade. O preconceito se torna tema de seus filmes, trazendo para a arte discussões aparentemente simples, mas cheias de significados, como um corte de cabelo.
“Ser documentarista daquele lugar foi algo que também me proporcionou muitas nuances da vida, do mundo. Esse senso de solidariedade, de comunidade, eu descobri só em Cuba”, conta.
Explorar o mundo trouxe novas perspectivas, que se somaram a memórias afetivas de sua infância. Everlane cresceu num ambiente que, segundo ela, parecia uma galeria, com as obras de arte de seu pai. A partir de seus quadros, não só aprendeu a retratar sonhos, mas a criar conexões a partir das artes, integrando o seu cinema aos outros saberes.
Buscando referências nas artes, na religião e em suas raízes, a cineasta faz do seu set um terreiro. Para contar uma boa história, é necessário se reconectar. Quando tudo parece caótico, é no movimento de retorno que ela reencontra os outros e a si.
“Sou uma documentarista de alma. Uma cineasta que gosta das pessoas, do mundo e de estar em movimento. Toda vez que estou parada e com algo estancado, tento romper e transbordar e seguir o fluxo da vida”, ressalta Everlane.
Com nove episódios de 26 minutos, “Cinéticas” é uma produção da Alumia Filmes com direção geral e roteiro de Caroline Margoni. A direção é compartilhada com outras cineastas a cada episódio: Tuca Siqueira investiga a poética de Dominga Sotomayor em Santiago do Chile; Dea Ferraz desvela a força de Lucía Garibaldi no Uruguai; Tila Chitunda traça um retrato íntimo de Everlane Moraes na Bahia; Renata Felisatti explora a criatividade de Carolina Markowicz em São Paulo; Barbara Cunha aproxima-se do olhar de Glenda Nicácio no Rio de Janeiro; Cecília da Fonte revela a inventividade de Jorane Castro em Belém do Pará; Mariana Porto investiga Graci Guarani em Pernambuco; Cynthia Falcão revisita a obra de Renata Pinheiro também em Pernambuco; e a própria Caroline Margoni, idealizadora do projeto, mergulha no universo de Inés Barrionuevo na Argentina.
Os episódios poderão ser vistos no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial (CurtaOn.com.br), um dia depois da estreia na televisão. A estreia é no dia temático Quartas de Cena e Cinema, 12 de março, às 21h30.
Paula Trope reinterpreta foto emblemática de José Oiticica Filho em episódio da série ‘Instantes Cruzados’ (Crédito: Divulgação/Curta!)
No terceiro episódio de ‘Instantes Cruzados’, Paula Trope dá nova vida a obra marcante do modernismo brasileiro
Fotografia e artes visuais são a paixão de Paula Trope. Em “Imagem Concreta - José Oiticica Filho e Paula Trope”, terceiro episódio da segunda temporada inédita de “Instantes Cruzados”, a convidada une movimento e imobilidade para reviver e reinterpretar uma das mais icônicas imagens do modernismo brasileiro. Exclusiva, a série exibida no Curta! com direção de Sérgio Bloch percorre a história do Brasil a partir da fotografia.
A cada episódio, um convidado é desafiado pelo fotógrafo e antropólogo Milton Guran a reimaginar uma imagem que marca a cultura brasileira. Para Paula, a inspiração veio de uma obra de um dos seus ídolos: José Oiticica Filho, que abriu o caminho para a fotografia modernista no Brasil.
“É uma enorme responsabilidade, um grande desafio. Mas se não tiver o risco, não tem graça”, comenta Paula.
Dessa vez, o objetivo foi diferente. Em vez de produzir uma imagem que dialogasse com “Composição Óbvia”, foto de Oiticica, de 1953, Paula teve de fazer um registro em vídeo. Formada em Cinema, ela se apaixonou pelas questões técnicas da arte, e seu trabalho vai desde as pinholes (fotografia sem lente) até imagens em movimento.
“Fiquei pensando em como resolver em vídeo a questão do geometrismo da imagem dele. Me ocorreu trabalhar com a escultura do Amílcar de Castro, porque essa estrutura, mesmo sem um plano aberto que a identifique, quem conhece a obra vai reconhecer”, explica a fotógrafa.
Para montar seu trabalho em homenagem ao artista, Paula conversou com historiadores, artistas e especialistas para entender e refletir sobre José Oiticica Filho. Para captar as ideias e as figuras simétricas e harmoniosas, optou pelo seu campo favorito, buscando no dia a dia a inspiração para uma homenagem emocionante.
“Não trabalho em estúdio. A rua tem carnaval, a rua tem gente, tem luz, tem tudo o que a gente quer”, afirma Paula.
Em oito episódios, a série original do Curta! apresenta os trabalhos dos seguintes fotógrafos: Maurício Hora, Leo Lima, Paula Trope, Mariana Mayara, Betina Polaroid, Rogério Reis, Pedro Vasquez e Kamikia Pentotxi Trumai Kisêdjê.
“Instantes Cruzados” é uma produção da Ocean Films, viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série também pode ser vista no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). Os episódios ficam disponibilizados um dia após a estreia na televisão. A estreia é no dia temático Terças das Artes, 11 de março, às 22h.
Segundas da Música – 10/03
22h15 - "Clementina” (Documentário)
O documentário faz uma viagem através das músicas e da história de Clementina de Jesus, incluindo os sambas mais poéticos, o batuque cheio de balanço e os cantos religiosos que revelam uma comunicação forte com o mundo sagrado. Diretora: Ana Rieper. Duração: 75 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 11 de março, terça-feira, às 02h15 e às 16h15; 12 de março, quarta-feira, às 10h15; 15 de março, sábado, às 22h30; 16 de março, domingo, às 15h50
PROMO: Link
Terças das Artes – 11/03
22h - "Instantes Cruzados” (Série) - Episódio: “Imagem Concreta - José Oiticica Filho e Paula Trope” - INÉDITO E EXCLUSIVO
A artista Paula Trope explora as fronteiras entre arte, técnica e comunicação, investigando como a fotografia, cinema e vídeo podem transcender a realidade concreta e gerar novas realidades. Influenciada por pioneiros como José Oiticica Filho, ela questiona as fronteiras entre ética e estética, propondo uma reflexão sobre como a arte pode moldar e recriar a percepção do mundo. Diretor: Sergio Bloch Duração: 27 min Classificação: 10 anos Horários alternativos: 12 de março, quarta-feira, às 2h e às 16h; 13 de março, quinta-feira, às 10h; 15 de março, sábado, às 18h; 16 de março, domingo, às 10h10
PROMO: Link
Quarta de Cinema – 12/03
21h30 - “Cinéticas” (Série) - Episódio: “Everlane Moraes” - INÉDITO E EXCLUSIVO
A cineasta Tila Chitunda investiga o trabalho de Everlane Moraes, uma das principais vozes do cinema contemporâneo. Nascida em Cachoeira (BA) e criada em Aracaju (SE), Everlane é reconhecida por suas obras sobre a diáspora negra. Com prêmios em Sundance e Rotterdam, ela aborda questões socioculturais e espirituais, conectando raízes, memória e resistência. Direção: Tila Chitunda, Caroline Margoni Duração: 26 min Classificação: 10 anos Horários alternativos: 13 de março, quinta-feira, às 1h30 e às 15h30; 14 de março, sexta-feira, às 9h30; 15 de março, sábado, às 20h45; 16 de março, domingo, às 13h
PROMO: Link
Quintas do Pensamento – 13/03
22h20 - “Carolina Maria de Jesus” (Documentário)
O documentário conta a trajetória da escritora Carolina Maria de Jesus, que virou sucesso internacional com a publicação do livro “Quarto de Despejo”, em agosto de 1960, e, desde então, inspira autores e artistas como Ruth de Souza, Zezé Motta e Conceição Evaristo. Direção: Vanessa de Araújo Souza Duração: 55 min. Classificação: Livre Horários alternativos: 14 de março, sexta-feira, às 2h20 e às 16h20; 15 de março, sábado, às 9h30; 16 de março, domingo, às 14h30; 17 de março, segunda-feira, às 10h20
PROMO: Link
Sextas de História e Sociedade – 14/03
22h15 - “Incompatível Com a Vida” (Documentário)
A partir do registro de sua gravidez, interrompida devido a uma malformação fetal, a diretora Eliza Capai conversa com outras mulheres que tiveram vivências semelhantes, criando um potente e tocante coral de vozes que refletem sobre temas universais: vida, morte, luto e políticas públicas sobre o aborto. Diretora: Eliza Capai. Duração: 92 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 15 de março, sábado, às 2h15 e às 13h40; 16 de março, domingo, às 16h15; 17 de março, segunda-feira, 16h15; 18 de março, terça-feira, às 10h15
PROMO: Link
Sábado – 15/03
21h20 - “Memórias do Grupo Opinião” (Série) - Episódio: “A Origem”
A história do Grupo Opinião, um grupo carioca de teatro criado em 1964 para fazer resistência ao regime militar através de produções artísticas. Considerado a primeira resposta da esquerda à ditadura, o grupo reuniu artistas como Nara Leão, Maria Bethânia, João do Vale e Millôr Fernandes. Diretora: Paulo Thiago Duração: 25 min Classificação: 12 anos Horários alternativos: 16 de março, domingo, às 13h30
PROMO: Link
Domingo – 16/03
23h - “Panteras Negras: Vanguarda da Revolução” (Série) - Episódio: “Resiliência”
A formação do Partido dos Panteras Negras, o contexto histórico, os princípios fundamentais do grupo e a repercussão que ele teve na comunidade negra americana. Direção: Stanley Nelson Duração: 54 min Classificação: 12 anos
PROMO: Link