‘Sessão PortaCurtas: Caquinhos’ traz as origens e as histórias por trás do piso de cerâmica que representa o Brasil
Com depoimentos dramatizados, produção mostra como a invenção transformou a vida de trabalhadoras (Crédito: Divulgação/Curta!)
Pedaços soltos de cerâmica podem não representar muita coisa, mas sob um olhar atento e mãos cuidadosas e talentosas podem, na verdade, revelar imagens que provocam sensações e contam histórias. Marco arquitetônico do Brasil, os celebrados pisos de caquinho são tema do documentário “Caquinhos”, que estreia esta semana no canal Curta!.
A obra, com roteiro e direção de Denise Szabo, é também apresentada em formas de caquinhos. A partir de depoimentos dramatizados pelas atrizes Teresa Cecília e Camilla Martinez, que representam as artesãs responsáveis por criar essas peças de cerâmica, o espectador é levado não só às origens dos caquinhos, mas também às histórias que eles contêm.
Com o apoio de imagens de arquivo, o documentário conta como o desenvolvimento da cidade de São Caetano foi o cenário perfeito para o crescimento da cerâmica. Com a alcunha de ‘Príncipe dos Municípios’, São Caetano tinha centenas de fábricas nas primeiras décadas do século XX, com mais de 14 mil operários trabalhando e residindo no local, estabelecendo ali suas vidas e influenciando a história da cultura brasileira.
E foi numa destas enormes fábricas, a Cerâmica São Caetano, que a ideia, literalmente, começou a pavimentar caminhos. As peças quebradas viraram moda. Se antes eram rejeitadas, passaram a ser cobiçadas, e os azulejos começaram a ser vendidos inteiros e depois quebrados, para montar o quebra-cabeça que marcou a infância de tantos brasileiros.
Um dos maiores fenômenos arquitetônicos brasileiros do século XX, o piso de caquinho se espalhou por todo o país. Por ser popular, não existe o devido reconhecimento desta moda como técnica e estilo. Para reconstruir sua história, a direção do documentário lança mão dos depoimentos interpretados pelas atrizes, que dão vida às artistas que estiveram à frente dessa revolução estética e também social.
“Quero que meus filhos, um dia, quando eu não estiver mais aqui e essa casa for deles, eles olhem esse chão e tenham a mesma sensação que eu tenho: de história, de ancestralidade, de raiz. Quero que olhem e falem que vão manter, porque a mãe gostava dele, que saibam valorizar isso”, afirma uma sonhadora artesã.
Atração da “Sessão PortaCurtas”, o documentário “Caquinhos” é uma produção da Ibira Filmes. A exibição é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 10 de janeiro, às 21h30.
Quartas de Cena e Cinema – 08/01
21h20 - “Moto Contínuo: Uma Imersão na São Paulo Companhia de Dança” (Documentário)
Cenas de ensaios, bastidores de espetáculos e depoimentos de bailarinos: esses são os ingredientes de ‘Moto Contínuo — Uma Imersão na São Paulo Companhia de Dança’. O filme mostra, em suas muitas camadas, os bastidores da companhia de dança paulista criada em 2008, pelo governo do estado. A narração traz as falas de profissionais que, em diferentes áreas, são parte da construção da companhia: da diretora artística Inês Bogéa à pianista ensaiadora; dos bailarinos aos membros de equipes responsáveis por fazerem os espetáculos chegarem ao público. Todos dão depoimentos nos quais transparecem seu amor pelo trabalho ou pelo ofício da dança. Revelando sua inspiração para dançar, um dos bailarinos conta que “via na dança uma forma de ir para o mundo”. As cenas de espetáculos variados, aulas e ensaios vão sendo exibidas enquanto as experiências são narradas por seus componentes. Uma das mensagens reveladas é que, por trás do sublime, há o humano com toda a sua complexidade. Direção: Marco Del Fiol Duração: 88 min Classificação: 10 anos Horários alternativos: 9 de janeiro, quinta-feira, às 1h20 e às 15h20; 10 de janeiro, sexta-feira, às 9h20; 13 de janeiro, segunda-feira, às 0h45
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Quintas do Pensamento – 09/01
22h - “Recife/Sevilha - João Cabral de Melo Neto” (Documentário)
João Cabral de Melo Neto guarda em livros e versos a experiência do homem apaixonado por duas cidades. Através de sua poesia, entra-se em Recife e em Sevilha, que seriam lugares inconciliáveis por suas diferenças, se nelas o poeta não tivesse vivido. O Recife do menino de engenho e do rapaz mundano e a Sevilha do homem feito andarilho por força de sua carreira de diplomata. Direção: Bebeto Abranches Duração: 52 min Classificação: Livre Horários alternativos: 10 de janeiro, sexta-feira, às 2h e às 16h; 12 de janeiro, sábado, às 9h; 13 de janeiro, domingo, às 10h
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Sextas de História e Sociedade – 10/01
21h30 - “Sessão PortaCurtas: Caquinhos” (Documentário de curta-metragem)
O piso de caquinho é uma invenção popular criada por operárias e trabalhadores da Cerâmica São Caetano e coloriu grande parte das casas brasileiras no século XX. Mas, afinal, de quem foi a ideia? De onde ela surgiu? “Caquinhos” investiga esta história. É um documentário feito em forma de mosaico, que conta por meio das performances de atrizes algumas das histórias sobre as possíveis inventoras desta arte. Afinal, quem diria que a cerâmica quebrada, antes um refugo das fábricas, poderia ser ressignificada a ponto de tomar os quintais das casas de nossos avós, a ponto de a peça quebrada ter se tornado mais cara que o azulejo inteiro? Direção:Denise Szabo Duração: 20 min Classificação: Livre Horários alternativos: 11 de janeiro, sábado, às 1h30 e às 11h30; 12 de janeiro, domingo, às 19h30; 13 de janeiro, segunda-feira, às 15h30; 14 de janeiro, terça-feira, às 9h30
Sábado – 11/01
21h - “Filmes que Marcaram Época” (Série) - Episódio: “120 Batimentos por Minuto”
Na terra da Queda da Bastilha, do Maio de 1968 e de tantos outros movimentos históricos, muitos manifestantes poderiam esconder seus rostos temendo represálias. Não foi o que aconteceu na década de 1990, quando ativistas do grupo Act Up foram às ruas de Paris justamente para mostrar a cara. À indignação com a inércia do poder público e com o desinteresse das farmacêuticas uniu-se o medo com a disseminação da AIDS, que causou mais de 7 milhões de mortes nos anos 90, e o grupo tomou as ruas para lutar. Na série “Filmes que Marcaram Época”, a diretora Manuelle Blanc retrata como o cenário efervescente — que mudou não só o comportamento sexual dos jovens à época, mas a sociedade em si — inspirou o diretor Robin Campillo a rodar a ficção baseada em fatos reais “120 batimentos por minuto”, produção de 2017 enfocando membros do grupo Act Up. Vencedor de prêmios como o César e o troféu da crítica no festival Cannes, além de ter sido indicado ao Oscar, ‘120 batimentos por minuto’ apresenta, a partir de três personagens, os desejos, os medos e a luta dos ativistas soropositivos, que viriam a criar o Act Up, movimento fundado em 1989 para alertar e reivindicar a importância de assistência à saúde e aos direitos das pessoas com AIDS. Com depoimentos do diretor, dos atores, da equipe técnica e de ativistas que protagonizaram e lideraram as manifestações de três décadas atrás, além de várias imagens de arquivo e trechos do longa, o documentário investiga a própria vida de Campillo para mostrar como surgiu a ideia do filme. Direção: Manuelle Blanc Duração: 52min Classificação: 16 anos
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Domingo– 12/01
20h - “Candeia” (Documentário)
A vida e a obra de Antônio Candeia Filho, músico profundamente ligado à defesa da cultura afro-brasileira. Compositor da Portela, evocou em suas criações as sonoridades dos batuques dos terreiros e das cantigas de capoeira. Em 1975, criou a GRANES Quilombo para preservar as tradições negras das escolas de samba, que naquele momento se tornavam cada vez mais mercadológicas. Direção: Luiz Antonio Pilar Duração: 97min Classificação: Livre
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