Pegadas da Floresta estreia no Canal Futura em dezembro
No dia 10 dezembro, próxima terça-feira à s 23h, chega ao Canal Futura “Pegadas da Floresta”, documentário cujo protagonismo é a cultura indÃgena, que foi o projeto vencedor da 14ª edição do Doc Futura – iniciativa dedicada a fomentar a produção audiovisual crÃtica e criativa do paÃs pela seleção de ideias e formatos destinados a serem exibidos em canais de TV e web. O documentário - fruto de uma parceria entre a produtora Couro de Rato, Projeto SETA e o Canal Futura -, tem o propósito de mostrar como três artistas indÃgenas, conciliam as dificuldades da vida na cidade grande sem perder a ligação com as suas raÃzes ancestrais. Por meio de seus trabalhos e iniciativas na comunidade onde vivem, o trio se esforça para preservar e manter viva a história e memória de seus respectivos povos. O filme também estará disponÃvel gratuitamente no Globoplay.
“É um projeto necessário, que traz luz aos indÃgenas que habitam as cidades sem deixar de lado suas origens. Cada um dos personagens tem sua própria luta ao desbravar esses territórios enquanto seguem seu caminho no mundo artÃstico. São histórias comoventes, que nos colocam a pensar sobre o entorno, a natureza e nossa ancestralidade”, conta Andre Libonati, lÃder de produção de conteúdo do Canal Futura, que também foi o responsável por liderar o documentário “Pegadas da Floresta”. Ele destaca, ainda, que a temática da 14ª edição do Doc Futura foi baseada em outro projeto da instituição, chamado A Cor da Cultura, que é um programa de valorização da cultura negra e da cultura indÃgena.
Mirim Mano Glowers, rapper indÃgena que mostra seu dia a dia em Pegadas da Floresta. Crédito: Divulgação Canal Futura.
No documentário, conhecemos três histórias: a de Mirim Mano Glowers, rapper da etnia Mbya Guarani, que vive com sua esposa e filho de cinco anos na região de Jaraguá em São Paulo - o menor território indÃgena do paÃs, frequentemente invadido em suas fronteiras com a cidade; e também a história de Lian Gaia, indÃgena autodeclarada, nascida em Belford Roxo no Rio de Janeiro, formada em psicologia e performer ligada à Aldeia Marakanã - espaço carioca formado por indÃgenas em contexto urbano, que lutam pela criação de uma universidade indÃgena; e a de Ana Kariri, lÃder indÃgena, é artista plástica, arte-educadora e escritora nascida na ParaÃba - no território indÃgena no municÃpio de Esperança, terra dos Kariri remanescente dos Banabuê. Forçada a deixar sua terra com sua mãe e ir para Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, aos 8 anos, ela vive a arte como um todo, entendendo que faz parte desse legado e memória de seu povo.
“O Projeto SETA celebra o apoio na realização do documentário Pegadas na Floresta, que, ao nos convidar a refletir sobre as experiências das populações indÃgenas em espaços urbanos, traz à tona questões essenciais para a nossa luta por uma educação antirracista e equitativa. As personagens do filme ilustram como o racismo se manifesta no ambiente escolar. Com o alcance e a capilaridade do documentário, teremos a oportunidade de ampliar o debate sobre esses temas. No Projeto SETA, acreditamos que, ao dar visibilidade a essas histórias, podemos sensibilizar a sociedade para a urgência de uma educação inclusiva e verdadeiramente transformadora”, comenta Ana Paula Brandão gestora do Projeto SETA e Diretora Programática da ActionAid Brasil.
Lian Gaia, indÃgena autodeclarada, performer e estudante de psicologia, que divide sua vivência com os expectadores no documentário vencedor da 14ª edição do Doc Futura. Crédito: Divulgação Canal Futura.
A partir do cotidiano, memória e práticas artÃsticas das pessoas retratadas, o filme revela a realidade de violência racial e estratégias de preservação dos saberes ancestrais em um paÃs onde a maioria da população indÃgena vive fora de Terras IndÃgenas oficialmente demarcadas.
“As protagonistas do filme Ana, Mirim e Gaia foram muito corajosas ao abordar algumas vivências dolorosas enfrentadas por serem indÃgenas em contexto urbano. Ao mesmo tempo, foram extremamente sensÃveis ao embarcar e cocriar cenas em um documentário que mescla performances e encenações naturalistas. Aos poucos, o espectador terá a oportunidade de se aprofundar no universo de cada personagem, sendo tocado pelas narrativas de situações muitas vezes violentas vividas na cidade, além de conhecer a singularidade da cultura ancestral que trazem consigo. Ana, Mirim e Gaia são três artistas indÃgenas que transformaram a arte ancestral em uma ferramenta contra o apagamento de sua história e de seu povo”, conta Vladimir Seixas, diretor do documentário pela produtora Couro de Rato.
Doc Futura completa 15 anos
Para celebrar, a 15ª edição do projeto, o Futura abriu a categoria de curta documental, além do conhecido formato de documentário, com objetivo de ampliar ainda mais a participação de cineastas/produtoras independentes e reafirmar o compromisso que o Futura sempre teve com uma programação educativa inclusiva e com múltiplas vozes representando a diversidade dos territórios brasileiros.
Ao longo dos últimos 15 anos, os documentários - alguns com indicações ao Emmy, como De Volta, em 2014 e A primeira pedra, em 2019, e TRANSO, este ano - revelaram assuntos que impactaram e formaram um mosaico da sociedade brasileira. Temas interessantes, complexos e atuais, que proporcionam reflexões importantes como as ocupações em São Paulo, direitos humanos, saúde mental, as lutas da comunidade LGBTQIAPN+, linchamento, migrações, violência armada, movimento feminista, democracia, entre tantos outros.
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