A insuficiência cardíaca, quando o coração passa a bombear o sangue de maneira inadequada, afeta hoje no Brasil quase 3 milhões de pessoas. A cada minuto, uma pessoa dá entrada em um pronto-socorro da rede pública com crises agudas causadas por doenças do coração. Para debater essa condição e as melhores práticas clínicas para tratá-la, Dr. Roberto Kalil traz ao CNN Sinais Vitais desta semana os cardiologistas do Incor (Instituto do Coração) de São Paulo Fábio Fernandes, especialista em miocardiopatias, e Silvia Ayub.
“A insuficiência cardíaca é uma síndrome e, como uma síndrome, há várias doenças que podem levar a esse acometimento”, diz Fernandes. Há dois tipos de insuficiência cardíaca, afirma. Uma tem origem no enfraquecimento do músculo do coração, que não bombeia o sangue corretamente. Os homens são os mais atingidos. “Infarto agudo do miocárdio, miocardiopatias dilatadas, doença de Chagas, pacientes oncológicos, miocardite ou causas virais. Há uma gama muito grande de alterações que podem atingir a musculatura do coração”, explica o médico. O segundo tipo ocorre quando há relaxamento do músculo. “Ele contrai muito bem, mas relaxa com certa dificuldade”, diz Fernandes. Hipertensão e diabetes são algumas das doenças que podem estar na raiz do problema. As principais afetadas, nesse caso, são as mulheres.
A insuficiência cardíaca é comum, e atinge um número cada vez maior de pessoas, aponta Ayub. “De 2018 a 2021, quase 900 mil pessoas foram internadas por insuficiência cardíaca. De 2008 a 2018, 2 milhões de pessoas. O custo, no Brasil, foi de R$ 3 bilhões. Nos Estados Unidos, até 2030 haverá aumento de 46% [de casos], afetando 8 milhões de americanos e com um custo de US$ 30 bilhões. A insuficiência cardíaca será um dos problemas do futuro”, afirma Fernandes.
Ayub alerta também para a gravidade do problema. “É uma doença com uma mortalidade alta. Metade das pessoas que recebem o diagnóstico morrem em até cinco anos. É mais grave até que uma parte dos cânceres. O paciente, quando recebe o diagnóstico de uma doença oncológica, fica muito assustado. Talvez ele não tenha noção de que a insuficiência cardíaca é tão grave ou até pior”, observa. A cardiologista explica que entre os principais fatores de risco estão o envelhecimento da população e casos prévios das chamadas doenças cardíacas primárias, como infarto agudo do miocárdio.
Entre os principais sintomas estão inchaço, sobretudo na região das pernas e da barriga, e cansaço, inclusive para atividades habituais, como vestir-se ou tomar banho. Dr. Kalil explica como diferenciar esse cansaço de uma estafa habitual do dia a dia. “O sintoma clássico é o sujeito que chega contando: ‘eu ia na padaria toda manhã comprar meu pão. Agora, eu não consigo chegar na padaria, porque eu canso muito’”. O tratamento, em geral, é medicamentoso e a maior parte dos remédios está disponível na rede pública. Se for grave, é possível contar com o uso do coração artificial ou, como último recurso, o transplante.
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Sinais Vitais – CNN Brasil
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