Foto Jair Magri/Acervo TV Cultura
Nesta quarta-feira (16/10), à meia-noite, na faixa comemorativa dos 55 anos da TV Cultura, a emissora reapresenta a entrevista com Fabio Porchat no Provocações. Exibido em 2014, o programa tem apresentação de Antonio Abujamra.
Na edição, Porchat, que iniciou a carreira com o stand-up, fala sobre a relevância cultural desse tipo de apresentação: “hoje eu acho que é nenhuma, a relevância é trazer o público de volta ao teatro, principalmente o público jovem. Mas se você vir o stand-up americano, que já tem há muito tempo, eles falam de política, racismo, aborto, suicídio, falam de assuntos que são relevantes e bons de serem falados e tratados com humor.”
No programa, o humorista fala também sobre a nova leva de comediantes que surgiu com essa modalidade: “eu acho que a nova geração de comediante está trazendo para o teatro uma juventude que nem sabia que existia o teatro. As pessoas odeiam o teatro, o público de maneira geral não gosta do teatro, porque 90% do teatro que existe é muito ruim e teatro ruim é a pior coisa que existe” e “o público estava muito cansado de ouvir as mesmas coisas, as mesmas piadas, do mesmo jeito, a televisão muito careta, um ‘bundamolismo’ rolando muito forte na televisão aberta e fechada no Brasil, e essa nova geração veio falando o que queria falar, do jeito que queria falar”. E completa: “O stand-up aqui no Brasil renasceu com essa nova geração de comediantes que é muito autoral”.
Na visão de Fabio, outro benefício seria: “o texto no stand-up é muito importante e eu acho que essa é uma das coisas muito boas que o stand-up trouxe, que foi a valorização do texto. No Brasil, um país que não lê, que não sabe que as pessoas escrevem para a televisão [...] e o stand-up trouxe isso à tona”.
Reconhecido nacionalmente pelo canal Porta dos Fundos na internet, o humorista Fabio Porchat comenta sobre a relevância da plataforma digital na atualidade: “Eu vejo que a força da internet hoje é descomunal. O Porta dos Fundos dá mais IBOPE do que qualquer emissora de televisão fechada e muitos programas da TV aberta. Então eu acho uma burrice você querer ir para a televisão para ser famoso”.
Na ocasião, ainda sobre a televisão, Fabio Porchat fala o que a experiência como roteirista do programa Zorra Total agregou: “No Zorra Total eu aprendi a escrever com pessoas. A profissão de roteirista, escritor, é muito sozinha [...] e você se dá conta de que às vezes a sua piada não tem a menor graça, às vezes a piada do outro é muito melhor; às vezes você tem uma piada boa, mas a outra pessoa faz uma piada melhor ainda em cima da sua; e eu aprendi muito a jogar com as pessoas e ouvir outros redatores, e a transformar a ideia ruim de uma pessoa numa ideia boa, e ver que uma pessoa podia transformar a minha ideia ruim numa ideia boa também”.