“Essa sociedade mais evangélica não é um problema. A gente precisa parar de olhar e ler dessa forma”, diz Carô Evangelista, no Provoca
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Na terça-feira (24/9), Marcelo Tas recebe, no Provoca, a cientista política e diretora do ISER (Instituto de Estudos da Religião) Carô Evangelista. Ela fala sobre o crescimento dos evangélicos no Brasil que, segundo previsões, deve superar o número de católicos em 2030; que ter uma sociedade evangélica não é necessariamente um problema; comenta que religião e política nunca estiveram separadas; que a bancada evangélica não corresponde à foto da comunidade evangélica no Brasil e muito mais. Vai ao ar na TV Cultura, às 22h.
Tas comenta que as religiões evangélicas são, muitas vezes, tratadas como uma coisa só e não são. “Podemos falar em algumas dimensões: os crentes, que são os fiéis da base evangélica; no campo mais intermediário estão os milhares de pastores e pastoras de igrejas pequenas e médias do Brasil, que eu chamo dos carregadores do piano; e os magnatas da fé (...) o campo evangélico é fundamentalmente feminino, negro, urbano e periférico”, diz.
Sobre a bancada evangélica, a diretora do ISER diz: “a foto da bancada evangélica, literalmente a foto, as cores, as caras, os perfis, não é a foto da população evangélica (...) na política há sempre um grande rodízio de quem tem mais representantes eleitos na bancada evangélica, as Assembleias de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus e as Igrejas Batistas, ao passo que na sociedade brasileira, no campo evangélico, é uma diversidade imensa de igrejas e denominações que não estão circunscritas apenas a essas três”, explica.
“Essa sociedade mais evangélica não é um problema. A gente precisa parar de olhar e ler dessa forma (...) a gente está falando da diversidade da população, de uma população que migra ou se torna evangélica por opção, por escolha, por conexão, prática (...) e por que essa sociedade diferente é pior?”, indaga Carô.
Em outro momento do Provoca, a cientista política fala sobre a relação entre religião e política, e a defesa do Estado laico. “São campos sociais diferentes, mas que sempre se entrelaçam historicamente (...) é importante defender o Estado laico. E dizer que religião e política sempre estiveram correlacionadas não significa dizer que não temos um Estado laico e que não queremos um (...) que é o respeito a todas as religiões e o respeito às pessoas sem religião”, enfatiza.