‘120 Batimentos por Minuto’: os bastidores do longa sobre ativistas franceses na luta contra a AIDS são revelados pela série ‘Filmes que Marcaram Época’
Na terra da Queda da Bastilha, do Maio de 1968 e de tantos outros movimentos históricos, muitos manifestantes poderiam esconder seus rostos temendo represálias. Não foi o que aconteceu na década de 1990, quando ativistas do grupo Act Up foram às ruas de Paris justamente para mostrar a cara. À indignação com a inércia do poder público e com o desinteresse das farmacêuticas uniu-se o medo com a disseminação do vírus do HIV, que causou mais de 7 milhões de mortes nos anos 90, e o grupo tomou as ruas para lutar.
Na série “Filmes que Marcaram Época”, a diretora Manuelle Blanc retrata como o cenário efervescente — que mudou não só o comportamento sexual dos jovens à época, mas a sociedade em si — inspirou o diretor Robin Campillo a rodar a ficção baseada em fatos reais “120 batimentos por minuto”, produção de 2017 enfocando membros do grupo Act Up. Inédito, o documentário de Blanc, de 2021, estreia com exclusividade no Canal Curta!.
Vencedor de prêmios como o César e o prêmio do júri no Festival de Cannes em 2017, além de ter sido indicado ao Oscar, ‘120 batimentos por minuto’ apresenta, a partir de três personagens, os desejos, os medos e a luta dos ativistas soropositivos, que viriam a criar o Act Up, movimento fundado em 1989 para alertar e reivindicar a importância de assistência à saúde e aos direitos das pessoas com AIDS.
“Ver aquelas imagens fez uma revolta subir dentro de mim. Tentei capturar isso no filme. A única forma de reagir à epidemia era estar presente”, conta Campillo.
Com depoimentos do diretor, dos atores, da equipe técnica e de ativistas que protagonizaram e lideraram as manifestações de três décadas atrás, além de várias imagens de arquivo e trechos do longa, o documentário investiga a própria vida de Campillo para mostrar como surgiu a ideia do filme.
Em seu primeiro filme, “Les Revenants”, o diretor já havia trazido a AIDS às telas, mas foi em “120 batimentos por minuto” que ele capturou o momento e, como afirma, ligou o íntimo ao político.
“Acho que a forma de militância da Act Up era completamente nova em termos da história do ativismo francês. A visibilidade era fundamental para nós. Ao nos manifestarmos na rua, sem cobrir o rosto, estávamos incitando pessoas soropositivas a participar de manifestações. Essa banalização da visibilidade dissipou grande parte do medo que envolvia a doença”, afirma Didier Lestrade, um dos fundadores do grupo.
A partir das entrevistas e da contextualização do cenário da época, a diretora Manuelle Blanc, que também assina o roteiro do documentário ao lado de Serge July, aborda tudo o que construiu o movimento e, consequentemente, o próprio filme de Robin Campillo: as disputas internas no grupo, a música, os costumes e o propósito de provocar o Estado, a Igreja e a elite econômica para reverter papéis e dar aos ativistas uma posição de protagonismo.
“Vivemos a AIDS como uma guerra, uma guerra invisível para os outros, mas nossos amigos estão morrendo e não queremos morrer”, resume uma das personagens do filme.
Com 31 episódios de 50 minutos em média, “Filmes que Marcaram Época” apresenta os bastidores, análises e repercussões de produções que fizeram história seja pelo seu esmero técnico ou pela sua importância social. A produção também pode ser vista no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial (CurtaOn.com.br) um dia depois da estreia no canal. A estreia é no dia temático Quartas de Cena e Cinema, 4 de setembro, às 23h.
Episódio inédito da série ‘Brasil Visual’ se debruça sobre a relação entre o imaginário sonhado e a construção de futuros
Polifonias de momentos sonhados e passados revisitados combinam-se e mostram como o sonho pode ser o caminho para a construção de futuros. Em ‘Sonhos e Ruínas do Progresso’ — episódio inédito e exclusivo da segunda temporada de ‘Brasil Visual’, série que vem sendo exibida no Curta! —, vemos como o desejo é capaz de reinventar o coletivo.
“O sonho é o desejo, o sonho é aquilo que pode nos unir. Quando a gente compartilha os sonhos, a gente pode construir uma nova situação política. O sonho é a própria ferramenta de construção de futuro, porque ele permite reestruturar memórias”, resume o autor, educador e neurocientista Sidarta Ribeiro.
A produção apresenta uma narrativa que remonta a um passado no qual sonhar orientava decisões e a vida consciente. Com direção de Rosa Melo, o episódio conta com manifestações artísticas e culturais que restauram ideais maculados pelas ruínas do progresso.
“Talvez a arte possa trabalhar de uma forma muito específica e muito sensível nas pessoas, que é a de possibilitar repensar o seu lugar dentro dessa máquina, desse contínuo histórico. A partir disso, você consegue construir pelo menos a semana que vem, o ano que vem”, declara a artista Lia Letícia.
Realizada pela Rosa Melo Produções, a série em 13 episódios foi viabilizada pelo canal Curta! por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e apresenta trabalhos e movimentos que simbolizam e contam a história do país a partir das artes.
A produção também pode ser vista no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro tv+ e no site oficial (CurtaOn.com.br) um dia depois da estreia no canal. O episódio estreou no dia temático Terça das Artes e tem horários alternativos entre os dias 4 e 8 de setembro. Confira abaixo:
Segundas da Música – 02/09
22h30 – “Paulo César Pinheiro - Letra e Alma” (Documentário)
Poeta, escritor, compositor e referência incontestável da rica produção cultural brasileira, Paulo César Pinheiro fala sobre suas origens, referências literárias, seu encontro com a poesia e o que lhe deu "régua e compasso". Autor de vasta e rica produção, entre músicas, livros, peças e de parcerias, que já atravessam 5 gerações, o poeta não dá sinais de que a genial inspiração possa se esgotar. Direção: Cleisson Vidal e Andrea Prates. Duração: 85 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 3 de setembro, terça-feira, às 2h30 e às 16h30; 4 de setembro, quarta-feira às 10h30; 7 de setembro, sábado, às 15h e 8 de setembro, domingo, às 21h.
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Terças das Artes – 03/09
20h30 – “Brasil Visual - 2ª Temporada” (Série) - Episódio: “Sonhos e Ruínas do Progresso” – INÉDITO E EXCLUSIVO
Uma brasa que circula dentro de casa, aviões que se acomodam na palma das mãos, um cântico Fulni-ô entoado por gerações, uma deusa pós-apocalíptica com capacidade de regenerar mundos, polifonias de momentos sonhados e passados revisitados. O episódio se debruça sobre a relação dos sonhos com a possibilidade de imaginar e de construir futuros. Direção: Rosa Melo. Duração: 26 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 4 de setembro, quarta-feira, às 0h30 e às 14h30; 5 de setembro, quinta-feira, às 8h30; 7 de setembro, sábado, às 19h; 8 de setembro, domingo, às 10h30.
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22h – “Potências da Imagem” (Série) - Episódio: “Vigilância” – INÉDITO E EXCLUSIVO
Da sociedade da disciplina (século XIX) para a sociedade de controle (século XXI). A evolução da vigilância — das câmeras para a extração de dados. A arquitetura totalizante das redes sociais. Direção: Eduardo Goldenstein e Evângelo Gasos. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 4 de setembro, quarta-feira, às 2h e às 16h; 5 de setembro, quinta-feira, às 10h; 7 de setembro, sábado, às 20h30; 8 de setembro, domingo, às 12h.
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Quartas de Cena e Cinema – 04/09
18h – “Figuras da Dança 2022” (Série) – Episódio: “Hugo Bianchi”
Professor, coreógrafo e bailarino, Hugo Bianchi é um nome fundamental para o desenvolvimento da dança cênica no Ceará. Nos anos 1950 e 1960, fez sua formação em balé clássico no Rio de Janeiro, com Eros Volúsia, e dançou em diversas companhias de teatro de revista. Segue na ativa há mais de 50 anos, responsável pela formação de vários dos professores atuantes, dentro e fora do seu estado natal. Direção: Inês Bogéa. Duração: 26 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 5 de setembro, quinta-feira, às 4h às 12h; 6 de setembro, sexta-feira, às 6h; 8 de setembro, domingo, às 7h.
23h – “Filmes que Marcaram Época” (Série) - Episódio: “120 Batimentos por Minuto” - EPISÓDIO INÉDITO E EXCLUSIVO
No início da década de 1990, observando a indiferença do poder público com a epidemia de AIDS, os ativistas da Act Up inventaram um estilo de ação espectacular e provocador. Este documentário mostra como o filme “120 Batimentos por Minuto” entrelaçou a realidade histórica, o romance e as memórias pessoais do seu diretor, Robin Campillo. Direção: Manuelle Blanc. Duração: 52 min. Classificação: 16 anos. Horários alternativos: 5 de setembro, quinta-feira, às 3h às 17h; 6 de setembro, sexta-feira, às 11h; 7 de setembro, sábado, 22h; 8 de setembro, domingo, às 14:30 e 9 de setembro, segunda-feira, às 0h45.
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Quintas do Pensamento – 05/09
22h– “Zélia - Memórias de Amor” (Documentário)
Zélia Gattai compra sua primeira câmera fotográfica durante seu exílio em Paris e começa a registrar o mundo ao lado do seu companheiro, o escritor Jorge Amado. Depois, escreve seu primeiro livro, "Anarquistas, Graças a Deus", e opta por uma maneira particular de contar o que viveu, criando uma literatura de forte cunho memorialístico. Direção: Carla Laudari. Duração: 100 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 6 de setembro, sexta-feira, às 2h e às 16h; 7 de setembro, sábado, às 13h; 8 de setembro, domingo, às 19h e 9 de setembro, segunda-feira, às 10h.
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Sextas de História e Sociedade – 06/09
22h30 – “Operação Pedro Pan” (Documentário)
No início dos anos 1960, mais de 14 mil crianças e adolescentes cubanos embarcaram em um voo sem volta para os EUA. Eles foram confiados à Igreja Católica de Miami por suas famílias, preocupadas com a aproximação entre Cuba e a União Soviética. Essa operação foi orquestrada por forças anticastristas com o apoio do governo norte-americano. A decisão dos pais de mandar os filhos para um lugar considerado seguro durante os tumultuados anos que se seguiram à Revolução Cubana foi estimulada por boatos de que o novo regime iria suspender o pátrio poder e doutrinar as crianças de acordo com a ideologia comunista. A separação das famílias foi, porém, muito mais longa e dolorosa do que o previsto. Neste filme, vários cubanos enviados aos EUA quando eram crianças descrevem o impacto da Operação Pedro Pan em suas vidas. Além disso, entrevistas com especialistas norte-americanos e cubanos e imagens de arquivo da época traçam o contexto histórico em que ocorreu esse episódio pouco conhecido da Guerra Fria na América Latina. Direção: Mauricio Dias e Kenya Zanatta. Duração: 82 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 7 de setembro, sábado, às 2h30 e às 9h; 9 de setembro, segunda-feira, às 16h30; 10 de setembro, terça-feira, às 10h30.
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Sábado – 07/09
23h – "Barry White: A história do álbum Let The Music Play” (Documentário)
Dono de uma voz inconfundível, marcada por tons graves, e conhecido por ser uma verdadeira lenda do soul e da disco music, Barry White tem sua trajetória narrada neste documentário. O filme mostra a história do cantor, compositor e produtor musical americano desde a infância pobre, passando pelo tempo em que esteve na prisão por roubo, até mudar de vida ao investir na paixão pela música, deixando a criminalidade de lado. Barry White começou a carreira musical cantando em grupos vocais na década de 1960, agenciou o grupo feminino Love Unlimited, até apostar no próprio talento e estourar no início dos anos 1970 em carreira solo, com hits que se tornaram atemporais, como “You’re the first, the last, my everything”, e álbuns históricos, como “Let the music play”, produzido por ele mesmo. O documentário também aborda sua morte precoce, aos 58 anos, conta com depoimentos de alguns de seus filhos e destaca a voz de baixo-barítono do artista, apresentando trechos narrados por ele mesmo. Duração: 60min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 08 de setembro, domingo, às 13h30.
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Domingo – 08/09
22h30– “Adriana Varejão - Entre Carnes e Mares” (Documentário)
Uma imersão na obra e no processo criativo de uma das mais destacadas artistas plásticas do cenário contemporâneo mundial, a carioca Adriana Varejão, é o mote deste documentário da produtora Conspiração. Dirigido por Andrucha Waddington (“Eu Tu Eles”, “Casa de Areia”) e Pedro Buarque (produtor de “Dois Filhos de Francisco”, “Casa de Areia”), o longa traz a própria artista e especialistas em arte falando sobre o trabalho dela, que está presente nas coleções de alguns dos principais museus do mundo, como o Guggenheim e o Metropolitan, em Nova York, o Stedelijk, em Amsterdã, a Fundação Cartier, em Paris, e a Tate Modern, em Londres. Em suas criações, Varejão propõe um constante diálogo com a história colonial e pós-colonial do Brasil. Contando com um repertório cultural que vai do barroco brasileiro à literatura de viagem setecentista, ela instiga uma reflexão sobre o pluralismo da identidade brasileira. A infância passada nos anos 1960 em Brasília moldou a visão de mundo da artista, como ela mesma conta no filme: "Minha mãe trabalhava como nutricionista num hospital público de Sobradinho, uma das várias cidades-satélites no entorno de Brasília. Quando eu era pequena, acompanhava muitas vezes a minha mãe ao trabalho e tive contato com a desigualdade criada por Brasília, uma cidade construída sem espaço para aqueles que a ergueram. Também conheci a imensa diversidade cultural brasileira, pois ali viviam imigrantes de muitas regiões do Brasil, em busca de trabalho e sobrevivência". Em um segmento do documentário, o espectador é levado para um passeio por dentro de várias saunas pintadas por Varejão, numa sofisticada animação computadorizada. Direção: Andrucha Waddington e Pedro Buarque. Duração: 84 min. Classificação: 10 anos.
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