TV Cultura reapresenta entrevista que Clarice Lispector pediu para ser divulgada somente após sua morte
Divulgação TV Cultura |
Nesta quinta-feira (8/8), a TV Cultura reapresenta, em celebração dos 55 anos da emissora, um especial com a última entrevista concedida pela escritora Clarice Lispector ao repórter Júlio Lerner, em 1977. Depois da gravação, Clarice pede que o bate-papo só vá ao ar após a sua morte, que ocorreu 10 meses depois, em dezembro do mesmo ano. Com apresentação de Gastão Moreira, vai ao ar a partir da meia noite.
No especial, a entrevista da escritora é comentada pela professora e biógrafa Nádia Battella Gotilib, autora do livro Clarice: Uma Vida que Se Conta. Também traz depoimentos da escritora Olga Borellli e da cineasta Suzana Amaral, e tem trechos de seus livros lidos por Maria Bethânia.
Na entrevista, Clarice fala que sua produção literária na adolescência era caótica, intensa, fora da realidade da vida. “Já escrevia contos para revistas e jornais (...) eu sou tímida e ousada ao mesmo tempo (...) chegava lá e dizia eu tenho um conto, o senhor quer publicar?”, diz.
Sobre assumir a carreira de escritora, ela comenta: “eu sou amadora e faço questão de ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever ou em relação ao outro. Agora eu faço questão de não ser um profissional para manter minha liberdade”.
"Dos seus trabalhos, quais você acha que atingem mais o público jovem?”, pergunta Júlio Lerner. “Depende. meu livro A Paixão Segundo GH, um professor de português disse que leu quatro vezes o livro e não sabe do que se trata, e no dia seguinte, uma jovem de 17 anos disse que esse livro é o livro de cabeceira dela. Não dá pra entender (....) me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato”, explica.
Por fim, a escritora diz que acontece de escrever algo e depois rasgar. “É um pouco de raiva comigo mesma (...) tô meio cansada de mim (...) agora eu morri, vamos ver se eu renasço de novo”, finaliza.