CNN Talks reúne líderes da indústria em São Paulo para abordar o papel fundamental do setor no desenvolvimento do País
Palestrantes durante o CNN Talks – Fiesp: O Futuro da Indústria na Visão do Setor, realizado na manhã desta quinta-feira (29). Foto: Iara Morselli/CNN Brasil
O CNN Talks – unidade de negócios que tem se notabilizado por debater os desafios e soluções de questões essenciais para o desenvolvimento do país – realizou nesta quinta-feira, 29 de agosto, o “CNN Talks – Fiesp: O Futuro da Indústria na Visão do Setor”. O encontro reuniu líderes do segmento, empresários e especialistas para debater sobre o papel da indústria no protagonismo mundial que o Brasil tem condições de assumir no atual cenário global.
Presidente da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo -, Josué Gomes da Silva destacou a educação como fator primordial para investir no crescimento. O ideal, disse ele, seria que o país aplicasse na área acadêmica aquilo que consumiu em juros pagos pela União nos últimos 10 anos, uma soma de R$ 4,7 trilhões, segundo dados atualizados até dezembro de 2023. O montante ultrapassa os investimentos feitos em saúde, educação e infraestrutura no mesmo período.
Com a saúde, informou Gomes da Silva, o país gastou R$1,85 trilhão, seguido por R$ 1,76 trilhão em educação e R$ 830 bilhões em infraestrutura.
“O Brasil vai se tornar um país verdadeiramente próspero no dia em que invertermos essa equação”, afirmou, “investindo em educação, infraestrutura, no setor produtivo e deixando de viver de renda. Precisamos compreender que se todo dia um poupador preferir aplicar no mercado financeiro em vez de desenvolver uma atividade produtiva, o país não terá futuro”, concluiu.
Silva reforçou o potencial do Brasil para contemplar a tão discutida transição energética que preocupa o mundo todo atualmente, especialmente no que diz respeito à energia eólica e solar.
A capacidade do Brasil para protagonizar mundialmente as demandas da economia verde foi tema mencionado também pelos demais participantes do encontro, que reuniu ainda Rafael Cervone, presidente do Ciesp; Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI; Marco Saltini vice-presidente da Firjan; Maurílio Albanese, diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Embraer; Marina Viana, diretora executiva da GE Healthcare Brasil; André Clark, vice-presidente da Siemens Energy Brasil; Reynaldo Passanezi Filho, CEO da Cemig; Paulo Fraccaro, CEO da ABMI (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos); Igor Rocha, economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp); Venilton Tadini, presidente-executivo da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) e Rafael Cagnin, economista-chefe do IÉDI.
Luchesi reforçou as críticas ao atual patamar da taxa básica de juros no Brasil e apontou a questão como um dos fatores que travam o desenvolvimento nacional, principalmente para o setor industrial. “Quem perde com isso é toda a sociedade brasileira. As famílias e as empresas perdem com juros elevados., A taxa básica poderia estar ao redor de 8%, e quem diz isso é a ciência, a literatura econômica. Nós temos uma taxa artificialmente elevada, derivada da concentração bancária”, afirmou Luchesi.
Clark chamou a atenção para o complexo de vira-latas que ainda afeta o brasileiro, sem justificativas para tanto. “O Brasil tem feito políticas industriais altamente vitoriosas”, disse o vice-presidente da Siemens Energy Brasil, citando exemplos como o pré-sal, o avanço do agronegócio no país e a própria Embraer, representada neste CNN Talks por Maurílio Albanese.
Para Clark, é preciso investir em infraestrutura, especialmente no que diz respeito à economia verde. “Não é razoável exportar energia crua, temos que processar [a matéria] aqui”, avançando nas demandas tecnológicas para tanto.
Outro ponto levantado no CNN Talks que sublinhou a relevância da indústria para o avanço do país foi a conveniência de atrair para o Brasil o setor de Datacenters que se dedicam à Inteligência Artificial, como lembrou Reynaldo Passanezi Filho. “Além da macrotendência da transição energética, há outra grande macrotendência que é a Inteligência Artificial, um grande consumidor de energia. Quando fazemos uma pesquisa no Google e no Chat GPT, a proporção de consumo [de energia] é de 1 para 15”, exemplificou o CEO da Cemig.
Diretora executiva da GE Healthcare Brasil, Marina Viana chamou atenção para a relevância dos incentivos fiscais na hora de atrair investimentos de fora para o país. “Nós precisamos justificar para uma multinacional por que investir no Brasil e não na China ou em Israel”, falou, citando ainda que a capacidade de nossos profissionais é um fator bastante valorizado. “A educação tem se mostrado cada vez mais forte na capacidade de formar profissionais em tecnologia”, disse ela.
Realizado ao longo da manhã desta quinta-feira (29) no Solar Fábio Prado, no Jardim Europa, em São Paulo, o CNN Talks – Fiesp: O Futuro da Indústria na Visão do Setor elencou ainda grandes experiências de cada convidado como referências para que o país faça jus ao potencial mencionado por todos frente às demandas mundiais de hoje. O encontro foi mediado pelo jornalista Fernando Nakagawa, analista de economia da CNN Brasil, e contou com cobertura multiplataforma do canal.