As primeiras lembranças cinematográficas de Chico Buarque são as cenas de “Sansão e Dalila”, filme de 1948 que viu na infância em um cinema de rua, quando morava em São Paulo. Essas imagens, bem como as operetas e os musicais, desde cedo fizeram parte de sua vida. Artista versátil, chegou inclusive a atuar em “Quando o Carnaval Chegar”, longa de Cacá Diegues para o qual escreveu várias músicas. Ainda com olhar para o cinema, mas centrado na sua atuação como compositor de trilhas sonoras, Chico Buarque relembra algumas de suas histórias na estreia da série inédita “Na Trilha do Som”. A produção exclusiva chega ao Curta! e ao CurtaOn para celebrar os 80 anos do músico, comemorados em 19 de junho.
Primeiro trabalho de direção do crítico de cinema e DJ Marcelo Janot, a série produzida pela Urca Filmes conta a trajetória de compositores de trilha sonora de diferentes gerações e todos reconhecidos por seu trabalho. São oito episódios com depoimentos dos músicos ilustrados por imagens de suas obras nas produções audiovisuais. Depois do episódio “Chico Buarque” (cada um deles recebeu o nome do respectivo artista) seguem os de Antonio Pinto, André Abujamra, Plínio Profeta, David Tygel, DJ Dolores, Gilberto Gil e Remo Usai (in memorian).
“Eu fui fazer música para cinema porque me convidaram. Aliás, eu não fiz (naquela época) música para cinema; eu fazia canções”, relembra Chico Buarque no episódio que leva seu nome. O primeiro convite para compor uma trilha sonora para um filme veio para o “O Anjo Assassino”, de Dionísio Azevedo. Ele conta que essa foi sua única trilha instrumental para o cinema, criada quando ainda era estudante de arquitetura: “Eu tinha aquele entusiasmo da juventude. Eu achei que podia fazer aquilo e fiz. Como fiz para uma peça do José Celso Martinez Corrêa, era um tema instrumental”.
Depois dessa, vieram muitas outras composições. Em 1972, ele criou — e atuou — para o musical “Quando o Carnaval Chegar”, de Cacá Diegues, que também contava com interpretações de Nara Leão e Maria Bethânia. A parceria com Diegues se estendeu a muitos outros trabalhos, como “Joana Francesa”, “Bye Bye Brasil” e o “O Grande Circo Místico”.
“Jeanne Moreau fazia parte das minhas reminiscências. Aí fui fazer uma música para Jeanne Moreau cantar no filme (“Joana Francesa”). Um pouco por esnobismo ou para facilitar o trabalho dela, compus uma música em português e francês. Com algumas palavras que podem ser entendidas ou cantadas em português, que soa como francês, e francês soando como brasileiro. Tem esse joguinho. Eu adorei fazer”, conta ele.
Chico Buarque compôs para dezenas de clássicos do cinema nacional como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de Bruno Barreto, “Os Saltimbancos Trapalhões”, de J. B. Tanko, e “Para viver um grande amor”, de Miguel Faria Jr. Ele lembra que sua motivação para criar eram as imagens filmadas ou para quem teria que compor (e cita Sônia Braga em “Dona Flor e Seus Dois Maridos”), não importa se já estivesse com o roteiro em suas mãos. “O clique que dava era em cima das imagens”.
O episódio é, ainda, recheado de lembranças como a inspiração de algumas músicas, curiosidades e acontecimentos que marcaram as obras criadas para o cinema. “Para fazer música para cinema e teatro tem que entrar na cabeça do diretor, do roteirista. Tem que tentar adivinhar, fazer uma coisa que seja minha e ao mesmo tempo seja dele também. Aí, é uma verdadeira parceria”, avalia Chico Buarque.
“Na Trilha do Som” é uma produção da Urca Filmes viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série também pode ser assistida no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br) um dia depois da estreia no canal. A exibição é no dia temático Segundas da Música, 17 de junho, às 20h30.
Segundas da Música – 17/06
20h30 – “Na Trilha Do Som” (Série) - Episódio: Chico Buarque - EXCLUSIVO E INÉDITO
Chico Buarque nos recebe em sua casa para falar de suas influências cinematográficas e de como as canções que fez para os filmes ultrapassaram o limite das telas e se tornaram grandes sucessos populares em filmes como "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Bye Bye Brasil". Diretores: Marcelo Janot. Duração: 24 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 18 de junho, terça-feira, às 0h30 e às 14h30; 19 de junho, quarta-feira, às 8h30; 22 de junho, sábado, às 20h30 e 23 de junho, domingo, às 12h.
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