O cineasta Pedro Almodóvar e sua mãe (Crédito: Divulgação/Curta!)
A obra e as cores de Pedro Almodóvar se confundem e se complementam no documentário francês “Pedro Almodóvar — O Rebelde de La Mancha”, que chega ao Curta!. O longa apresenta a jornada do cineasta espanhol desde a pequena cidade de Calzada de Calatrava, localizada na comunidade autônoma de Castilla-La Mancha. Como Dom Quixote, famoso personagem que compartilha dessa mesma origem, Almodóvar “de La Mancha” enfrenta seus próprios “moinhos de vento” até o estrelato.
Dirigido por Catherine Ulmer Lopez, o filme se constitui de entrevistas concedidas pelo próprio Almodóvar ao longo de sua carreira, além de fotos e vídeos de arquivo. Também se utiliza de cenas de seus filmes para construir um diálogo com os acontecimentos narrados — “Dor e Glória” (2019), por exemplo, conversa com as imagens de sua terra natal e com vídeos caseiros gravados na intimidade de sua família, em que ele aparece sobretudo na companhia da mãe. Para ajudar nesta nobre tarefa de contar a história de quem conta histórias, são apresentados depoimentos exclusivos de habitantes de Calzada de Calatrava e de profissionais do cinema.
Entre as passagens curiosas do filme, estão imagens da época em que Almodóvar era cantor de rock, quando cantava travestido — em uma Espanha recém-saída da ditadura franquista, na década de 1970, quando a homossexualidade ainda era punida com prisão e choques elétricos. O cineasta participa da chamada Movida Madrileña, movimento de contracultura que se fortalecia com a liberdade trazida pelos novos tempos de democracia. Nesse contexto, ele lança seu primeiro filme: “Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão” (1980).
A partir de então, Almodóvar faz questão de se impor como representante da novidade contra o atraso dos tempos de Franco, e é reconhecido como “provocativo”. “Ele mostrou desde o início (...) que não tinha medo de nada. Também encarnou em si mesmo, por meio de sua personalidade e de seu modo de ser, a mudança e depois a ruptura”, analisa Frédéric Strauss, crítico de cinema e autor do livro “Conversas com Almodóvar”.
Em poucos anos, ele se torna conhecido mundialmente por filmes como “O Que Eu Fiz Para Merecer Isso?” (1984), “Mulheres À Beira de Um Ataque de Nervos” (1988) e “Ata-me!” (1990) — apenas o início de uma trajetória bastante produtiva que viria nas décadas seguintes. O documentário, então, passa a se debruçar sobre os detalhes que são como uma assinatura da cinematografia de Almodóvar, sobretudo seu fascínio pelas cores e tons, sempre escolhidos com olhar minucioso, além da parceria consistente com determinados atores e atrizes como Penélope Cruz e Antonio Banderas.
A produção explora, ainda, o lado mais socialmente consciente de Almodóvar e mostra como seus filmes exploram pautas como a liberdade sexual — muito defendida por ele que é, assumidamente, homossexual. Também mostra, em sua fase mais madura, uma preocupação genuína por questões políticas, como as consequências ainda persistentes da Guerra Civil Espanhola, que serviram como pano de fundo de seu longa “Mães Paralelas” (2022).
“Pedro Almodóvar — O Rebelde de La Mancha” é uma produção da 13 Prods que também está disponível no CurtaOn - Clube de Documentários. Para assistir, basta acessar a plataforma no Prime Video Channels — da Amazon —, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn܂com܂br). A exibição no Curta! é no dia temático Quartas de Cena e Cinema, 17 de abril, às 23h.
Último episódio de ‘A Persistência da Memória’ entra nos labirintos das lembranças e dos territórios que desaparecem
O último episódio da série “A Persistência da Memória”, inédita e exclusiva do Curta!, se chama “Os Labirintos da Memória”. Seu foco está em dois temas que parecem diferentes, mas têm muito em comum: as lembranças de territórios que desaparecem — ou mudam completamente, a ponto de se transformarem em um novo lugar — e o sumiço das recordações de um indivíduo causado por doenças como o Mal de Alzheimer.
O episódio apresenta diferentes perspectivas, entre elas as análises de Muniz Sodré sobre o aspecto de pertencimento a um território; as explicações científicas dos neurocientistas Sidarta Ribeiro, Claudia Figueiredo e Martin Camarota; e as reflexões poéticas de Ailton Krenak a partir de um poema de Carlos Drummond de Andrade, que a narração da série relembra e recita: “Tive ouro, tive gado, tive fazendas. / Hoje sou funcionário público. / Itabira é apenas uma fotografia na parede. / Mas como dói!”, disse o poeta em “Confidências do Itabirano”.
A historiadora Albertina Malta apresenta arquivos fotográficos, defendendo a importância desses registros tanto para a preservação da memória das cidades como a dos indivíduos. Ela conta a história de seu próprio pai, Alcyr Lacerda, um fotógrafo pioneiro no Recife, que registrou mudanças na paisagem urbana pernambucana ao longo dos anos até ser acometido pela doença de Alzheimer. Assim, um homem que era a memória viva de uma cidade perdeu sua própria memória.
Dirigida por Paola Vieira, a série conta com 13 episódios. Além de “Os Labirintos da Memória”, os outros capítulos discutem os seguintes temas: “As Primeiras Memórias”; “O Funcionamento da Memória”; “Memórias e Traumas”, “Memória e Imaginação”; “Memória e Oralidade”; “Memória dos Saberes e Fazeres”; “Memórias das Artes Visuais”; “Memória e História”; “Memórias Audiovisuais”; “Memórias Oficiais”; “Memórias Digitais” e “Os Apagamentos de Memória”.
“A Persistência da Memória” é uma produção da Luni Áudio e Vídeo viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A série também pode ser assistida no CurtaOn – Clube de Documentários, streaming disponível no Prime Video Channels — da Amazon —, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn܂com܂br). A estreia do episódio no Curta! é no dia temático Quintas do Pensamento, 18 de abril, às 23h30.
Segundas da Música – 15/04
21h – “Blitz” (Documentário)
Uma camiseta e uma calça de uma grife carioca. Esse foi o primeiro cachê que a banda Blitz recebeu, para tocar no bar Caribe, ligado a uma loja de roupas. Histórias curiosas como essa, imagens raras de arquivo, entrevistas exclusivas e cenas de bastidores de shows recheiam este documentário, dirigido por Paulo Fontenelle. O longa narra a história do surgimento da banda Blitz e alguns dos momentos mais emblemáticos de seus mais de 30 anos de estrada. Relembra também o cenário musical, político, comportamental e estético do Brasil da década de 1980. Tudo começa no final dos anos 1970, no contexto de uma juventude que queria liberdade, paz e amor, na contramão do autoritarismo da ditadura militar. No Rio de Janeiro, uma turma de amigos resolveu se expressar musicalmente de forma autêntica e divertida. Surgia, assim, a Blitz. Duração: 104 min. Classificação: 12 anos. Horários alternativos: 16 de abril, terça-feira, às 1h e às 15h; 17 de abril, quarta, às 9h; 20 de abril, sábado, às 22h e 21 de abril, domingo, às 14h45.
PROMO: Link
Terças das Artes – 16/04
22h30 – “Konder - Protagonismo da Simplicidade” (Documentário)
A vida e obra de Marcos Konder Netto, um dos maiores arquitetos do Movimento Moderno Brasileiro. Além de ter um engajamento social, artístico e arquitetônico, Konder contribuiu não apenas com teorias, técnicas e dedicação política, mas também com o maior marco de sua personalidade: a generosidade e a simplicidade. Direção: Gabriel Mellin, Igor de Vetyemy. Duração: 75 min. Classificação: Livre. Horários alternativos: 17 de abril, quarta-feira, às 2h30 e às 16h30; 18 de abril, quinta-feira, às 10h30; 21 de abril, domingo, às 13h25.
PROMO: Link
Quartas de Cena e Cinema – 17/04
23h – “Pedro Almodóvar — O Rebelde de La Mancha” (Documentário) - INÉDITO NA TV
A consistente obra de Pedro Almodóvar fez com que o cineasta espanhol se tornasse um dos maiores nomes da indústria cinematográfica, sinônimo de opulência visual, de ousadia experimental e do erotismo que são as marcas do cinema espanhol pós-Franco. Ele é a personificação de todas aquelas gerações que sabem o quanto é importante lembrar. De novo e de novo. Direção: Catherine Ulmer Lopez. Duração: 60 min. Classificação: 14 anos. Horários alternativos: 18 de abril, quinta-feira, às 3h e às 17h00; 19 de abril, sexta-feira, às 11h; 20 de abril, sábado, às 15h30; 21 de abril, domingo, às 22h.
PROMO: Link
Quintas do Pensamento – 18/04
23h30 – “A Persistência da Memória” (Série) – Ep.: “Os Labirintos da Memória” – INÉDITO E EXCLUSIVO
Os apagamentos recorrentes de memórias territoriais. Perdas de memórias territoriais em cidades como Rio de Janeiro e Recife e a importância da fotografia para que haja registros. A perda da memória individual na velhice. O Alzheimer. O caso Alcyr Lacerda: memória fotográfica e a perda da própria memória. Outras histórias e perdas de memória. Direção: Paola Vieira. Duração: 26 min. Classificação: A Livre. Horários alternativos: 19 de abril, sexta-feira, às 3h30 e às 17h30; 20 de abril, sábado, às 20h30; 21 de abril, domingo, às 12h; 22 de abril, segunda-feira, 11h30.
PROMO: Link
Sextas de História e Sociedade – 19/04
23h30 – “Histórias da Gente Brasileira” (Série) – Episódio: “Colônia - Desejo” – INÉDITO E EXCLUSIVO
Desejo e luxúria estão na gênese desse país. Mas para além do clichê “português se encanta com índias desnudas”, veremos os padrões de comportamento relativos a flerte, namoro, casamento e sexo no Brasil Colonial. Poesias burlescas eróticas e documentos da Inquisição revelam como se davam as carícias e prelúdios sexuais entre os amantes. Duração: 26 min. Classificação: 10 anos. Horários alternativos: 20 de abril, sábado, às 03h30 e às 11h; 21 de abril, domingo, às 18h; 22 de abril, segunda-feira, 17h30; 23 de abril, terça-feira, às 11h30.
PROMO: Link
Sábado – 20/04
18h30 – “Matizes do Brasil” (Série) – Episódio: “Tunga”
Este episódio é dedicado a uma das figuras mais emblemáticas da cena artística nacional: Tunga (1952-2016). Ele, que foi o primeiro artista contemporâneo do mundo a ter uma obra exposta sob a icônica pirâmide do Museu do Louvre, em Paris, tem diferentes aspectos de sua trajetória analisados por curadores e amigos como Júlia Rebouças, Paulo Sérgio Duarte e Luísa Duarte. Eles compartilham suas percepções sobre esse artista sem igual, cuja obra é barroca, carregada de simbolismos e de potência física. O episódio mergulha na carreira do artista e revela sua busca incansável por explorar os limites entre ciência e fantasia, realidade e ficção, o que culmina na criação de uma mitologia e de uma gramática próprias. Diretor: Bianca Lenti. Duração: 26 min. Classificação: Livre. Horários Alternativos: 21 de abril, domingo, às 10h.
PROMO: Link
Domingo – 21/04
23h – “Álbuns Clássicos” (Série) – Episódio: “Frank Zappa - Apostrophe & Over-Nite Sensation”
O episódio coloca em discussão qual seria o “álbum definitivo” do cantor, compositor e multi-instrumentista americano Frank Zappa (1940-1993): “Apostrophe” (1974) ou “Over-Nite Sensation” (1973) — e chega à conclusão de que os dois se encaixam nessa definição. Para os fãs, ambos os discos capturam a essência e o estilo único de Zappa, por isso a dificuldade de escolher o mais representativo. Por meio de entrevistas — com especialistas, músicos e os filhos do artista — e imagens de arquivo e de apresentações ao vivo, o episódio conta a história por trás da concepção e da gravação das duas obras, além de relembrar o caráter autêntico, irônico e inovador do músico. Diretora: Matthew Longfellow. Duração: 50 min. Classificação: Livre.
PROMO: Link