Entrevista com o eliminado do 'BBB 24': MC Bin Laden
Foto: Globo/JoĂŁo Cotta |
O objetivo de MC Bin Laden ao topar o desafio de viver a experiĂŞncia do 'Big Brother Brasil' era ser reconhecido tanto por sua trajetĂłria como por seu trabalho. Hoje, apĂłs sua eliminação, acredita que a meta foi alcançada: o funkeiro chegou ao top 8 da edição, viu hits que marcaram sua carreira tocarem na casa e voltarem a ser reproduzidos fora dela, e tambĂ©m nĂŁo fugiu do jogo. Ao longo dos mais de 80 dias em que esteve na disputa, antes de ser eliminado com 80,34% dos votos no paredĂŁo em que enfrentou Davi, Bin articulou estratĂ©gias, colheu e disseminou informações que julgou valiosas e optou por jogar solo, depois de entrar, sair e voltar a fazer parte do grupo Gnomos ao longo do confinamento. Ele afirma nĂŁo se arrepender das mudanças de rota, mas sim de ter se precipitado em alguns posicionamentos. E elege o que, em sua opiniĂŁo, faltou para chegar Ă final: "Faltou muito discernimento para muita coisa. O jogo pede muito isso. Acho que faltou eu estar perto de uma pessoa que me passasse um pouco essa visĂŁo, me ajudasse nesses momentos". A seguir, Bin ainda fala sobre seu relacionamento com Giovanna, a opção por jogar sozinho em alguns momentos, se diverte contando a pior e a melhor fofoca que fez enquanto esteve no BBB e surpreende citando integrantes de diferentes grupos ao apontar seu time ideal de aliados. Como era a sua relação com o BBB antes desta experiĂŞncia? Como participante, o que mais te surpreendeu? Eu acompanhei as primeiras edições, assisti tambĂ©m durante a pandemia e no ano passado, porque eu gostava do Fred e tambĂ©m para ver o MC GuimĂŞ. Achei a xepa muito tranquila, nĂŁo Ă© esse monstro que todo mundo acha. Agora, o monstro Ă© muito complicado, as roupas sĂŁo quentes (risos). Tinham 26 pessoas na casa. Tem alguĂ©m para dar o monstro? Era eu! Já as festas foram sensacionais! A gente tambĂ©m acha que vai chegar ao BBB e vai treinar. SĂł que lá nĂŁo temos noção de horário, nĂŁo temos noção de nada. Esquecemos muita coisa, mĂşsica, atĂ© o nĂşmero do prĂłprio RG! Isso me pegou. Nunca me senti tĂŁo ansioso na minha vida, a nĂŁo ser quando vi o Santos ir para uma final ou o Brasil jogar uma Copa do Mundo. Do que mais sentiu falta no confinamento? De um "Ă parmegiana"! Eu como direto (risos). Brincadeiras Ă parte, senti falta de coisas da minha alimentação que eu nĂŁo tinha lá dentro. Quais foram os momentos mais marcantes da sua trajetĂłria no programa? Eu achei engraçado, na minha treta com o Davi, quando a Leidy ficou ali no meio de todo mundo e dos dummies de calcinha e sutiĂŁ. Foi uma situação bem inusitada naquele momento (risos). A minha liderança foi muito legal! TambĂ©m encontrei uma amizade fantástica no Luigi e no Vinicius; foram meus parceiros de começo de jogo. E algo que foi legal vivenciar dentro do BBB foi saber que minha mĂşsica estava tocando e alguĂ©m aqui fora que gostasse de mim podia estar curtindo. Foi surreal, fantástico! SĂŁo experiĂŞncias para quem sonha em sair da comunidade: vencer na vida, dar uma melhora para a famĂlia e ver sua mĂşsica chegar no maior reality show do mundo, na maior emissora do paĂs. É uma satisfação enorme! VocĂŞ tambĂ©m lançou mĂşsicas enquanto estava no reality. Como foi ouvi-las pela primeira vez na casa e ainda ver os brothers cantando seus sucessos? A sensação Ă© muito surreal porque esse ano completo dez anos de carreira no funk, na mĂşsica. Saber que a "Bololo haha" começou a tocar de novo, e atĂ© que a Beatriz tinha pedido para ser uma mĂşsica a tocar lá dentro, foi fantástico! SĂŁo trabalhos que eu vinha trazendo de volta depois de um perĂodo muito difĂcil por que passei. Ver a galera curtindo, brincando, dando risada, tirando a camiseta e vindo dançar foram momentos memoráveis, que me alegraram demais! VocĂŞ levou fama de fofoqueiro na casa. Qual foi a melhor e a pior fofoca que fez no programa, na sua avaliação? Acho que a pior foi sobre a fala do Davi com relação aos camarotes, que eu percebi que entendi errado. A melhor Ă© difĂcil dizer porque o povo Ă© fofoqueiro pra caramba lá dentro (risos). Mas acho que foi quando vi o Michel falando umas mentiras e umas paradas com que eu nĂŁo estava concordando. Acabei soltando para o Buda [Lucas Henrique] porque eu achava que ele ia indicar o Michel para o paredĂŁo, e acabou somando. Seu relacionamento com a Giovanna acabou antes da sua saĂda. Por que tomou a decisĂŁo de encerrar a relação e, depois, mencionou o desejo de voltar com ela? Lá dentro sĂŁo muitas as emoções que a gente vive. Eu tinha curtido a Gi, ela Ă© uma pessoa fenomenal, fantástica, uma mulher incrĂvel. A gente ficou, se relacionou, sĂł que o jogo Ă© uma parada muito complicada. Eu entendo que eu nĂŁo era a prioridade dela em algumas situações e ficava com medo de ela sofrer hate por um dia, talvez, a gente trocar votos, porque eu tinha noção que isso poderia acontecer. Era uma forma de ter uma responsabilidade com o jogo. Se fosse para acontecer, aconteceria aqui fora. SĂł que a gente tambĂ©m mora longe, tem muitas situações que impedem um pouco. Conheci mais a Giovanna quando a gente virou amigo do que ficando com ela. Na Ă©poca em que a gente ficava, ela tinha mais gente para dividir a atenção no jogo, e eu super entendo. E, mais recentemente, foi aquele momento de carĂŞncia, nĂ©? A gente quer reviver o beijo... Foi muita conexĂŁo. Mas ela Ă© uma pessoa fantástica, eu quero muito ter a amizade dela e acho que isso aĂ Ă© o que vale; acredito que a amizade vai prevalecer por mais longos anos. O pessoal está perguntando bastante por esse futuro, mas a gente já tinha conversado bastante lá dentro que iria optar pela amizade, atĂ© porque foi assim que a gente se conectou mais. VocĂŞ optou por fazer um jogo solo durante parte do confinamento. Essa decisĂŁo foi consequĂŞncia da briga com o grupo que dormia no quarto Gnomos ou foi uma escolha sua que aconteceu antes dela? Foi uma escolha minha porque eu nĂŁo concordava com algumas opiniões do quarto. SĂł que, depois, eu tive que recuar para poder somar votos. TambĂ©m tive, em alguns momentos, que ficar mais como uma planta, porque a casa começou a ficar dividida e eu tive que mudar meu critĂ©rio de jogo. SĂŁo decisões que vocĂŞ tem que tomar a cada dia, e Ă s vezes, em um Ăşnico dia, essa decisĂŁo muda quatro, cinco, seis vezes. É pesado, chega uma hora em que vocĂŞ cansa mentalmente. Para uns, esse momento demora, para outros Ă© mais cedo. Essa opção de jogar solo foi porque, se eu errasse, ninguĂ©m seria responsável por isso. E vice-versa. Houve um paredĂŁo em que vocĂŞ nĂŁo votou junto a nenhum dos dois grupos [Gnomos e Fadas] e a Fernanda acabou na berlinda. Essa sua atitude foi vista como traição por ela. VocĂŞ se arrepende de ter feito essa escolha? Acredita ter sido essa a situação que abalou sua relação com o grupo? Eu acho que nĂŁo. Lá atrás eles falavam que a gente nĂŁo era um grupo, sĂł somava votos. E eu sentia que eles nĂŁo defendiam a gente. O Luigi e o Vini foram para o paredĂŁo por isso. Eu achava que as meninas nĂŁo iam me proteger tambĂ©m, nĂŁo estavam muito na de fechar comigo. E eu bati muito na tecla de que se o Marcus Vinicius fosse ao paredĂŁo, ia me puxar, ao Rodriguinho... EntĂŁo ali foi um movimento meu de jogo, nĂŁo foi traição porque o que entendi naquele momento foi que se a Fernanda pudesse mandar qualquer pessoa ao paredĂŁo que nĂŁo fosse ela, ela faria isso. Naquela Ă©poca eu nĂŁo conhecia tanto a FĂŞ. A gente brincava, conversava, resenhava, mas nĂŁo tinha a proximidade que criamos bem depois desse ocorrido. AtĂ© fiquei chateado porque eu acabei votando nela e fiquei sabendo que ela nĂŁo iria votar e mim. Pensei: "Fiz besteira duas vezes mais". Recuei, pedi desculpas para ela e vida que segue. Depois eu vou pagar um Japa [comida japonesa] para ela para ver se ela me desculpa (risos). Sua rivalidade com o Davi quase teve uma grave consequĂŞncia. O que te incomodava nele? E o que provocou essa situação extrema, na sua opiniĂŁo? O Davi nĂŁo me incomodava em nada. Eu nĂŁo tinha esse incĂ´modo de ele ficar cantando, nem coisas do tipo, porque no dia a dia a gente se respeitava muito. Teve momentos em que eu atĂ© fazia coisas para dar uma fortalecida para o Davi na casa, questĂŁo de lavar roupa, etc. SĂł que eu tive um embate com o Davi em uma festa, em uma situação em que os dois já estavam cheios de álcool, e rolou uma discussĂŁo meio boba, meio sem noção. Hoje eu paro para ver e falo: "Fui moleque, que coisa idiota". Já essa briga recente foi uma situação pĂłs-sincerĂŁo em que a gente já fica muito tenso, nĂŁo quer conversar com ninguĂ©m, fica Ă flor da pele, está com a mente cansada. NĂŁo queria falar naquela hora com o Matteus, tambĂ©m veio um monte de gente falando ao mesmo tempo, e acabamos saindo do eixo. Mas o momento em que me senti mais leve no jogo foi o que eu pedi desculpas para o Davi e para o Matteus, porque eu sinto vergonha daquela briga. NĂŁo vejo o Davi nessa caixa de monstro e manipulador que colocam ele. Eu faria a mesma coisa que ele se tambĂ©m tivesse que julgar outra pessoa: "É movimento de jogo, essa pessoa nĂŁo joga com vocĂŞ". O que eu via nele era isso: uma visĂŁo de jogo em que ele sĂł queria alertar a pessoa; nĂŁo o vejo como manipulador, nesse caso. Como mencionou, vocĂŞ já havia entrado em um embate caloroso com o Davi na confusĂŁo marcada pelo termo “calabreso”, que ganhou ampla repercussĂŁo fora da casa. VocĂŞ falou ainda lá dentro que sabia que a palavra se referia a um meme do humorista Toninho Tornado. Por que o acusou de usá-lo de forma pejorativa com o Lucas e preferiu nĂŁo explicar o termo aos demais? Eu pontuei para o Lucas: "Talvez eu tenha me precipitado e nĂŁo seja nada relacionado Ă gordofobia". Em outros momentos, me parecia que o Davi estava fazendo uma ofensa, xingando. Lembro que eu tinha ouvido essa expressĂŁo do Toninho, atĂ© eu mesmo tinha brincado com isso, sĂł que lá dentro a gente se esquece de tudo. Eu tinha esquecido de uma mĂşsica que eu achei que era uma homenagem para mim e nem lembrava que eu tinha a voz gravada nela. E nĂŁo tinha nem um mĂŞs que eu estava lá dentro! SĂŁo muitas coisas que batem e vocĂŞ acaba esquecendo, nĂŁo raciocinando direito. Eu tive muitas atitudes precipitadas, que no calor do momento nĂŁo pensei e nĂŁo pisei o pĂ© no freio. E isso daĂ passou. Hoje eu vou comer um X-calabresa, um Ă parmegiana e dando risada. E vambora (risos)... Se pudesse escolher um grupo de aliados ideal, pensando em todos os participantes da temporada, que grupo vocĂŞ montaria? Algumas vezes eu falei que eu e o Davi tĂnhamos o mesmo perfil. Se a gente jogasse junto ia dar um trabalho. Eu tambĂ©m jogaria com o Vinicius. Com o Matteus, de quem gosto muito e Ă© um moleque sensacional, em provas nem se fala. Acho que o Marcus tambĂ©m; eu o curtia e ele entendia muito do BBB. E gostava muito da Anny [Deniziane]. EntĂŁo, acho que eu formaria uma combinação com essa galera e atĂ© com a Pitel, porque acho ela bem inteligente. Acho que algumas dessas pessoas saĂram um pouco cedo. Mas, vendo assim, para continuar a minha histĂłria dentro do 'Big Brother Brasil', se eu tivesse pessoas que me ajudassem a pisar no freio e rever algumas situações, nĂŁo passassem a mĂŁo na minha cabeça para os meus erros, eu poderia ter me saĂdo melhor no jogo. Eu jogaria com algumas pessoas assim. Que ferramentas te faltaram para que vocĂŞ conseguisse desempenhar seu jogo de forma a chegar Ă final do BBB? Faltou muito discernimento para muita coisa. O jogo pede muito isso. Eu acho, por exemplo, que a CunhĂŁ [Isabelle] Ă© uma peça fundamental para o jogo do Davi. Ela nĂŁo passa a mĂŁo na cabeça dele, mas conversa muito com ele. Acho ela uma pessoa muito sincera e muito verdadeira. Via muitas vezes a Fernanda e a Pitel tambĂ©m terem essa troca, uma corrigindo um pouco a outra. Acho que faltou eu estar perto de uma pessoa que me passasse um pouco essa visĂŁo, me ajudasse nesses momentos. O que vocĂŞ acha que levou Ă eliminação de quase todo o quarto Gnomos? Acho que o posicionamento no jogo foi bem errado. A galera deixar declarada uma treta, uma guerra, somar maioria de votos. A Pitel Ă© uma mina "da hora", a Fernanda tambĂ©m. SĂł que muita gente ali demorou um pouco para se movimentar na casa e mostrar quem era, ou recuou demais. Faltou um pouco de sensibilidade para o jogo e tambĂ©m para trocar ideia com o Fadas. O pessoal ali nĂŁo Ă© um monstro, igual todo mundo estava rotulando. Gosto da Alane, tenho muito respeito pela Bia. Se o pessoal interagisse mais, acho que ajudaria. Quem tem a sua torcida hoje? A Giovanna e o Buda, que eram pessoas de quem eu era prĂłximo. Aqui fora eu sei como está o cenário do jogo, quem sĂŁo os favoritos. E nĂŁo vou mentir que gosto muito da Alane, acho uma menina fantástica. EntĂŁo vou deixar essa torcida tambĂ©m por ela, independentemente de a gente ter se afastado no jogo. Meu top 3 seria esse. Giovanna top 1. O Buda top 2, pegar um pĂłdio, porque o que ele vai enfrentar aqui fora nĂŁo vai ser fácil, a situação vai estar meio complicada e o Vasco tambĂ©m nĂŁo está ajudando (risos). E a Alane no top 3. Que lugares vocĂŞ vislumbra alcançar na sua carreira neste pĂłs-BBB? Primeiro eu quero planejar meu novo álbum, que nĂŁo sei se vou lançar como um Ăşltimo EP como MC Bin Laden ou com um nome novo, vamos decidir agora. Mas tenho alguns feats internacionais que estavam sendo preparados e conversados, preciso resgatar isso. E dar continuidade na minha carreira, fazer bastante feat, bastante mĂşsica. Eu estou muito feliz por uma galera agora me conhecer e conhecer a minha histĂłria. Fiquei sabendo que minha mĂŁe está dando entrevistas tambĂ©m... Ela e minha tia sĂŁo mulheres maravilhosas! Torço para que o BBB tenha me ajudado a ter um reconhecimento, um respeito no meu trabalho, com as minhas mĂşsicas no funk. Quero fazer alguns hits aĂ, "trombar" a galera e fazer bastantes shows. Que a galera possa ir me ver, entender que no BBB foi um jogo que passou e que agora vamos meter marcha, fazer muito passinho em cima do palco, tirar onda e muito "Bololo haha" (risos). |
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