“O Brasil aprendeu a estruturar projetos”, afirma governador Tarcísio de Freitas; autoridades e especialistas em infraestrutura apontam caminhos no CNN Talks
Para o governador de São Paulo, “o Brasil aprendeu a estruturar projetos”. Presente no painel de abertura do CNN Talks – Os Rumos da Infraestrutura no Brasil: Desafios e Prioridades, o governador de São Paulo observou na ocasião que o país obteve ganhos significativos para o seu crescimento graças a um amadurecimento em termos regulatórios e contratuais. Esse processo tem gerado soluções criativas e atraído investidores nacionais e internacionais. Diante de uma plateia formada por outras autoridades de governos federal e estaduais, empresários, jornalistas e especialistas, Tarcísio enumerou uma série de iniciativas em fase de lançamento de editais pelo Estado de SP no campo das privatizações para os próximos meses: EMAE (energia elétrica), Sabesp (no segundo semestre), três novas pontes para o Rio Pinheiros, na capital, Túnel Santos-Guarujá e novas linhas de concessão de CPTM e Metrô (transporte público) para municípios do ABC e também de Taboão da Serra.
Disposto a conectar vozes para dialogar sobre desafios e caminhos rumo ao crescimento do Brasil, o CNN Talks ocorreu na noite desta segunda-feira, 11, no Jardim Paulistano, em São Paulo, consagrando uma nova fase do segmento de eventos da CNN Brasil.
De acordo com Cris Moreira, Vice-Presidente de Relações Estratégicas e Negócios da CNN Brasil, com o calendário CNN Talks, a unidade de eventos passa a desempenhar um papel importantíssimo: “Nosso propósito com esses eventos é aprofundar o diálogo com todos os players interessados no desenvolvimento do País. Ao reunir empresas, instituições e demais agentes de transformação da sociedade, fortalecemos nosso DNA multiplataforma.”
O CNN Talks já tem outros encontros programados para este ano. As próximas edições abordarão temas como Geração de Empregos, Saúde, Economia & Negócios e os preparativos em andamento para a COP 29, sempre reunindo nomes relevantes dos setores público e privado em suas áreas.
Caminhos para o crescimento
Neste primeiro CNN Talks de 2024, os temas em discussão abordaram Transportes, Logística e Mobilidade; Saneamento e Transição Energética, em painéis que contaram com o comando de Márcio Gomes e Daniel Rittner, respectivamente âncora e diretor de Jornalismo – Sucursal de Brasília da CNN Brasil.
No painel de abertura, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, celebrou o fato de o país estar atravessando um momento de crescimento econômico e do escoamento da produção brasileira, citando investimentos em aeroportos. “Estou muito animado com os desafios que a gente tem pela frente”, afirmou, lembrando que haverá em breve um anúncio de investimentos de R$ 2 bilhões no Aeroporto de Congonhas. O ministro sublinhou o bom diálogo com o governo de SP para iniciativas que unem governo federal e estadual em iniciativas como um novo aeroporto no interior, entre Cajamar e Caieiras. Para Costa Filho, o Brasil ainda tem uma dívida histórica com o setor portuário.
Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, destacou o papel de relevância do banco, ao lembrar que “a Caixa aplica em habitação o equivalente a tudo que é aplicado em infraestrutura no País”. Já Venilton Tadini, presidente-executivo da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) observou que o investimento em infraestrutura cabe aos setores público e privado simultaneamente. “Precisamos dos dois”, cravou.
Empresa envolvida diretamente nas questões decorrentes de intempéries climáticas, a Enel se viu diante do compromisso de fazer mais investimentos. De acordo com Antonio Scala, country manager da Enel, a empresa fará investimentos nos próximos três anos de até US$ 6 bilhões. “É um compromisso que temos”, diz ele, diante da concentração de eventos climáticos severos no Brasil e em diversos outros países. Ele também citou as mudanças de curto prazo a serem adotadas em protocolos para enfrentar eventos climático, como disparo de alertas, atendimento duplicado e medidas preventivas. Por fim, a Enel prevê a troca de cabos, implementando a necessária redundância da sua rede.
Pedro Torres, diretor de Comunicação e Relações Institucionais da Gerdau, celebrou a condição única da indústria de aço no Brasil, que é sua capacidade de produção com uma emissão de gás carbônico muito abaixo da média mundial. Isto traz, segundo Torres, uma grande vantagem no modo competitivo em prol da energia limpa.
Desafios
No painel seguinte, Rafael Vitale, diretor geral da ANTT, falou sobre a atração de novos players para concessões de rodovias no Paraná.
Vander Costa, presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), expressou a expectativa de que ao final do atual governo seja possível ter uma hidrovia no Brasil. “O que temos são quilômetros navegáveis”, afirmou.
Pedro Capeluppi, secretário de Estado de Parcerias e Concessões do Rio Grande do Sul, relatou o “case” da concessionária novata do Rio Grande do Sul que realizou o primeiro contrato total de free flow (sistema de cobrança de pedágio sem parada) no País, obtendo uma inadimplência de 10%: “Usar o ‘free flow’ como experiência foi muito positivo”, disse.
Riscos e soluções
Ao colocar o tema da Energia em foco, Luiz Ciocchi, diretor-geral da ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), lembrou que atualmente a preocupação não é mais somente com meteorologia, mas sim com a climatologia: “O que é importante é identificar quais são os riscos e tomar medidas cautelares”, afirmou. “ Estamos com reservatório em boas posições, só que temos de olhar para 2025”, pontuou.
Já Sandoval Feitosa, diretor-geral da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) explicou como a agência tem lidado com esse fenômeno novo, atentando para a necessidade de se olhar de forma integrada para o sistema elétrico. “Na geração [de energia], o País se tornou mais resiliente às mudanças climáticas. Mas ainda dependemos 65% da matriz de hidroeletricidade”, afirmou.
O petróleo, no entanto, ainda é o dono do pedaço, lembra Rodolfo Henrique de Saboia, diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo). “A transição energética não pode ser pensada a partir da restrição da oferta dos combustíveis que temos hoje movendo o mundo”. Ele reitera que o Brasil é visto como uma “power house”, uma vez que somos ricos em toda as formas de energia. É importante a compreensão de que se o Brasil não buscar novas fronteiras, a produção de pré-sal vai entrar em declínio em 2030. Se nós não fizemos isso, vamos passar de exportadores de petróleo a importadores de petróleo na próxima década. Nós não vamos nos livrar do petróleo antes de novos livrarmos da dependência dele”, decretou.
Ricardo Brandão, diretor-executivo e Regulação da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), afirmou que as distribuidoras mudaram de patamar por conta dos desafios. Ele destacou que de 2021 para cá, sistematicamente, a tarifa da distribuidora vem crescendo abaixo da inflação.
De acordo com Mateus Simões, o Professor Mateus, vice-governador de Minas Gerais, é necessário falar em diversificação da base energética.
Saneamento básico
No painel final sobre saneamento básico, Percy Soares, diretor-executivo da ABCON (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), chamou atenção para uma necessária discussão sobre como tornar os projetos mais ágeis e seguros.
CEO da Aegea, uma das maiores empresas de saneamento do Brasil, Radamés Casseb foi categórico: “O Brasil vive um gap sanitário medieval”, com quase 100milhões de pessoas sem saneamento “. Para ele, o desafio da privatização sequer começou.
Thiago Toscano lembrou que é preciso olhar também para as cidades menos habitadas do país, onde se podem ir para outros caminhos como os da sub-concessão.
O evento teve ampla cobertura da CNN Brasil e dos principais veículos jornalísticos de mídia escrita do país, contando ainda com entrevistas conduzidas por Elisa Veeck para a TV, o canal no YouTube e o site da CNN Brasil.