ASSISTA AO TRAILER AQUI
“Abolição já! A outra não valeu”, é a chamada de Servidão, novo documentário do premiado diretor de Pureza (2022), Renato Barbieri, sobre o trabalho escravo contemporâneo com foco na Amazônia brasileira, que chega com exclusividade aos cinemas, dia 25 de janeiro. Trailer Oficial.
A data é uma homenagem ao Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, que completa 20 anos no dia 28 de janeiro.
Lançamento da A O2 Play, distribuidora da O2 Filmes, Servidão tem narração da artista Negra Li. O documentário é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil. Para o longa-metragem, foram ouvidos trabalhadores rurais escravizados em frentes de desmatamento no Norte do Brasil e abolicionistas de diferentes vertentes. Embora as condições de trabalho análogas à escravidão sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, o regime da servidão é praticado no Brasil desde sempre, há cinco séculos. A Lei Áurea aboliu a escravidão clássica, que dava direito de propriedade e comércio dos escravizados, mas não transformou as relações de trabalho, que perduram até os dias de hoje.
“O filme nasce como uma peça de resistência no combate ao trabalho escravo, com conceitos relevantes de como se opera a mecânica escravagista contemporânea no Brasil e de como a resistência abolicionista vem se organizando e ganhando força ao longo das últimas décadas. Estou certo de que, passados 135 anos da Lei Áurea, caberá a nossa geração o combate e a erradicação do trabalho escravo contemporâneo. Somente com a sociedade como um todo tomando o projeto abolicionista para si, isso será possível um dia e fato é que não podemos mais adiar isso”, declara o diretor Renato Barbieri.
“Conforme fui conhecendo ‘em campo’ trabalhadores rurais que haviam sido escravizados, fiz uma seleção de personagens reais para o filme. O exemplo mais emblemático é o maranhense de Pindaré-Mirim Marinaldo Soares Santos, que foi escravizado 13 vezes e liberto em três diferentes ocasiões pelo Grupo Móvel. Também conheci homens e mulheres engajadas na visão abolicionista, profissionais atuantes em diferentes áreas da fiscalização e do combate ao trabalho escravo, como juízes, auditores, procuradores, agentes da sociedade civil e dos movimentos sociais. Todos foram inspirações para a realização de Servidão”, completa o diretor.
“Um documentário como esse, ao inundar a população de informação, acaba adubando ações da sociedade civil, políticos e empresários, exatamente para desferir um golpe no coração do trabalho escravo moderno”, comenta o jornalista Leonardo Sakamoto, que participa do documentário.
Servidão deu subsídios para o roteiro do filme Pureza, com cenas que reproduzem o cenário de escravidão contemporânea, como do trabalhador Marinaldo Soares Santos, personagem principal presente no cartaz oficial do novo documentário, libertado pelo grupo móvel.
Ao longo de 40 anos de carreira, Renato Barbieri tem uma extensa conexão com o cinema de impacto social. O cineasta radicado em Brasília há mais de três décadas, já realizou diversos filmes e séries sobre temas ligados à negritude, africanidade e escravidão moderna, como Pureza e Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás.
Chacina de Unaí: a origem do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo
Data foi criada em homenagem aos fiscais do trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira, assassinados em 28 de janeiro de 2004, vítimas de uma emboscada, na zona rural de Unaí, Minas Gerais, enquanto apuravam denúncias de trabalho análogo à escravidão. José Alberto de Castro, acusado de contratar os executores que mataram os auditores foi condenado a 41 anos e 3 meses de prisão e fazendeiros Antério e Norberto Mânica, acusados de serem os mandantes dos assassinatos, receberam pena de mais de 50 anos de prisão por quádruplo homicídio, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante pagamento de recompensa em dinheiro e sem possibilidade de defesa das vítimas. Dia 28 de janeiro de 2024, a chacina completa 20 anos.
Servidão tem direção, roteiro e produção de Renato Barbieri, codireção e montagem de Neto Borges, e ainda conta com a presença de importantes personalidades, como:
Dodô Azevedo, jornalista e diretor de cinema;
Rafael Sanzio dos Anjos, primeiro Professor Titular Afrobrasileiro da Universidade de Brasília (UNB) e autor de estudos sobre as espacialidades das matrizes africanas;
Alberto da Costa e Silva, diplomata, historiador brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras;
Ana Maria Gonçalves, escritora;
Marcelo Gonçalves Campos, auditor fiscal do Trabalho e historiador;
Victor Leonardi, escritor, professor de História e pesquisador;
Leonardo Sakamoto, jornalista, escritor e cientista político;
Gladyson Pereira, professor mestre em História na Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL);
Luis Camargo de Melo, advogado e procurador-geral do Trabalho (MPT, 2011 - 2015);
Ricardo Rezende Figueira, padre, antropólogo, professor do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos Suely Souza de Almeida, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordena o Grupo de Pesquisa Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC/UFRJ);
Ela Wiecko, jurista, vice-procuradora-geral da República (MPF 2013-2013) membro do Ministério Público Federal e professora da Universidade de Brasília (UNB);
João Roberto Ripper, fotógrafo documentarista e fotojornalista;
Fabrícia Carvalho, assistente social e professora;
Cláudio Secchin, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Binka Le Breton, escritora;
Gildásio Silva Meireles, trabalhador rural – liderança;
Sebastião Gonçalves, trabalhador rural;
Aldemir Pereira, trabalhador rural;
Xavier Plassat, frade dominicano (CPT);
Carlos Haddad, juiz Federal;
Lelio Bentes, presidente TST;
Antônio Carlos de Mello Rosa, diretor de Projetos no Brasil da Verité;
Valderez Monte, auditora fiscal do Trabalho (AFT);
Calisto Torres, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Rachel Cunha, auditora fiscal do Trabalho (AFT);
André Roston, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Bené Florindo, auditor fiscal do Trabalho (AFT);
Ruth Vilela, secretária de Inspeção do Trabalho (1993 -1998 e 2003 - 2011);
Jônatas Andrade, juiz do Trabalho;
José Marcelino, coordenador grupo móvel (AFT);
Caio Magri, Instituto Ethos;
Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz (2014);
Paulo Paim, senador.
Apoio: Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região – Espírito Santo (TRT17 – ES), Ministério Público do Trabalho (MPT), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT), Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA), The Exodus Road, Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE)
Patrocínio: Banco Regional do Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), Agência Nacional do Cinema (ANCINE), Ministério da Cultura (MinC)
Produção: GAYA Filmes e distribuição: O2 Play.