Foto: Globo/Amanda Tropicana |
Na próxima sexta-feira (24) vai ao ar o primeiro episódio de 'Prato Feito Brasil', série documental em quatro episódios que marca a chegada de Rita Lobo à TV Globo. A jornada por quatro capitais do país para revelar a diversidade da comida brasileira do dia a dia e seu grande valor nutricional começa por Salvador, onde a apresentadora e autora de livros de culinária conhece diversos tipos de feijão. A leguminosa, junto do arroz, carnes e hortaliças, compõe a fórmula do pê-efe brasileiro, que une os grupos alimentares que devemos comer diariamente. No trajeto até a capital da Bahia, Rita percorre a Estrada do Feijão e entra em um restaurante onde mostra e prova as variações do alimento. "A riqueza de sabores da comida brasileira é demais", diz Rita, ao observar as opções do buffet. Chegando a Salvador, a apresentadora visita a Rua Alaíde do Feijão, onde conhece o restaurante de mesmo nome, no Pelourinho. É recebida pelas filhas de Alaíde, que faleceu, vítima da Covid-19, deixando seu legado para a família. Durante a conversa com Jaqueline e Nena, conhece os segredos do famoso feijão da matriarca, que traz uma combinação de temperos que ela não conhecia. "Quando se fala em prato feito, cada brasileiro tem um feijão para chamar de seu", constata Rita, que, de lá, segue para a feira de São Joaquim, onde é possível comprar variados tipos da leguminosa: entre eles a fava graúda e miúda, e o feijão andu, muito comum na rotina dos baianos. Em uma das barracas da feira, Rita conhece Rozânia e se impressiona com sua batalha diária para sustentar a família com a venda do feijão. A apresentadora a convida para estar presente em almoço na casa do casal Joana e Marcos, que irão preparar um pê-efe com arroz, frango e vinagrete de feijão verde, o ingrediente que ela fornece para diversas feiras da cidade. Junto deles, Rita participa do preparo da refeição e, à mesa, todos se deliciam com o prato feito da família e um baião de dois que é especialidade de Rozânia. "Só de colocarmos o feijão na mesa estamos defendendo a comida de verdade", reflete Rita, que, neste episódio, conversa com especialistas em nutrição sobre a importância do consumo da leguminosa, que, segundo uma pesquisa recente, caiu cerca de 50 por cento nas casas dos brasileiros nos últimos 16 anos, enquanto cresce o consumo de alimentos ultraprocessados. Para incentivar as pessoas a comerem mais feijão no dia a dia, Rita dá dicas de preparo para congelar e descongelar de forma que seja possível ter à mesa feijão fresco todos os dias. "Por isso, aprender a cozinhar é tão importante. O feijão faz a gente ser mais brasileiro, manter a alimentação saudável, saborosa e acessível", pondera. Em entrevista, Rita Lobo fala sobre a expectativa com sua estreia na TV aberta e a oportunidade de incentivar mais pessoas a se alimentarem melhor. Nos próximos episódios, ela irá mostrar os pê-efes em viagens pelo Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. ENTREVISTA COM RITA LOBO Há 20 anos trabalhando com a culinária brasileira e incentivando a boa alimentação, qual a importância de levar seu conhecimento para a TV aberta, em um projeto inédito? Eu sou apaixonada por arroz com feijão: essa dupla forma sempre uma combinação saborosa, saudável e é um símbolo do Brasil. Nessas mais de duas décadas de trabalho, sempre fiz questão de valorizar o prato feito, o pê-efe. Nos meus trabalhos, no 'Cozinha Prática' no GNT, sempre tem arroz com feijão! O nosso jeito tradicional de comer é o máximo: é balanceado, tem a ver com a nossa história e com a nossa cultura. E a gente nem sempre se dá conta disso. Eu sempre acreditei que esse cardápio deveria ser motivo de orgulho para todos nós. Mas, nos últimos tempos, fui percebendo que estava na hora de chamar todo mundo para me ajudar a defender a dieta brasileira. Era urgente. Porque, à medida que as pessoas vão deixando de comer arroz com feijão todos os dias, a saúde da população piora. Em um país como o nosso, com tradições culinárias tão fortes, isso não faz sentido. Qual a proposta principal do 'Prato Feito Brasil'? Nós somos mais brasileiros porque comemos arroz com feijão. Queremos unir o Brasil pela comida. Vamos valorizar a nossa cultura, as nossas tradições e a comida de verdade. Com diferentes pratos feitos, preparados em cozinhas de casa, em diferentes regiões do país, vamos mostrar que o tempero e o sotaque mudam, mas a estrutura do prato é sempre igual. Por trás do nosso prato feito tradicional tem uma fórmula de alimentação saudável. Ele une de maneira balanceada os quatro grupos alimentares que devemos comer diariamente. E conseguimos juntar pessoas incríveis pelo país, que nos ajudam a contar isso para todos os brasileiros. Conte um pouco sobre a experiência em cada uma das capitais pelas quais passou. Quais foram as principais curiosidades dessa jornada? Para mim, foi uma alegria muito grande entrar na casa das pessoas e preparar uma refeição do dia a dia com cada uma elas. E foi lindo compartilhar o orgulho que elas têm da própria comida e também das tradições regionais. Os episódios da série foram divididos por região e também por grupos alimentares. O episódio de estreia, na Bahia, é do grupo do feijão, o do Pará é das carnes, Minas Gerais, das hortaliças e temos o grupo do arroz, cereais e raízes no Rio Grande do Sul. Na Bahia começamos pela Estrada do Feijão e, no caminho até Salvador, comi os melhores feijões da minha vida. Num posto de beira estrada, teve um pê-efe com feijão andu que estava uma loucura de bom. No Pará, o único desses Estados que eu não conhecia, descobri o “feijão adubado”, que leva no preparo quiabo, abóbora, jambu... Tudo que vem da horta. E a carne do dia a dia é peixe frito acompanhado de açaí. Nesse episódio, fui parar em um igarapé para pescar o peixe do almoço. Foi uma lição de vida ver os conhecimentos que os moradores daquela comunidade têm da floresta. Em Minas Gerais, o assunto é as hortaliças. Porque, para os mineiros, se não tiver couve no prato, não tem almoço! Que acerto é falar de legumes e verduras naquele Estado. É impressionante como os mineiros valorizam os verdes do prato. Neste episódio, invadi uma república de estudantes em Ouro Preto por causa do delicioso cheiro de feijão que estava na rua. E foi uma grata surpresa o que descobrimos lá dentro. O último episódio foi gravado no Rio Grande do Sul, Estado conhecido pelas carnes, mas que produz 70% do arroz consumido no Brasil. Curiosamente, foi o lugar onde estive com mais homens do que mulheres na cozinha. E isso foi o gancho que eu precisava para falar do futuro da alimentação: sem divisão de tarefas, fica difícil garantir comida de verdade na mesa todos os dias. Quais as principais diferenças que você percebeu na alimentação do brasileiro, na conexão com os alimentos e na valorização de suas raízes de acordo com a região onde vive? Na realidade, o que eu mais observei foram as semelhanças! Todas as pessoas com quem falei eram muito orgulhosas de suas raízes, da forma de preparar os alimentos na região, dos alimentos propriamente ditos. Os baianos são apaixonados pelo feijão mulatinho, os paraenses amam peixe frito, os mineiros são loucos por couve e os gaúchos se orgulham do arroz branco, bem soltinho. O que você espera do retorno do público com o 'Prato Feito Brasil' e como está a expectativa para a estreia? Quando eu tinha 19 anos, aprendi a cozinhar. Não sabia nem fritar um ovo e resolvi fazer um curso de gastronomia. Eu não queria trabalhar com comida, nem ser chef. Só desejava aprender a cozinhar. E essa experiência transformou a minha vida. Aprender a cozinhar me trouxe muito mais do que autonomia para preparar as minhas refeições. Mudou o meu jeito de enxergar a vida. A partir daquele momento, queria que todos os meus amigos aprendessem a cozinhar. E a minha motivação continua sendo a mesma: quero trazer as pessoas para a cozinha. É isso que espero com o 'Prato Feito Brasil': trazer ainda mais gente para a cozinha e transformar o dia a dia dessas pessoas para melhor. Porque quem cozinha pode fazer melhores escolhas. E, neste momento, lembrar as pessoas que somos mais brasileiros porque comemos arroz com feijão também pode ser útil para o país. 'Prato Feito Brasil' será exibido a partir de 24 de novembro, às sextas, após o 'Globo Repórter'. A série documental em quatro episódios tem direção de Patrícia Carvalho, produção de Natália Daumas, roteiro de Luciana Tezoto e direção de gênero de Mariano Boni. |
Série documental estreia na próxima sexta-feira com a variedade dos feijões da Bahia
Reviewed by Pablo
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novembro 17, 2023
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