“Quando eu provei, eu pensei: todo mundo tem que saber”, conta Antonio Peticov sobre o uso de LSD, no Provoca
Foto Beatriz Oliveira |
Nesta terça-feira (14/11), Marcelo Tas conversa, no Provoca, com Antonio Peticov, artista plástico, guru da contracultura brasileira e pai da psicodelia. No bate-papo, ele fala sobre seus antepassados, a amizade com Rita Lee, sua experiência com LSD (Dietilamida do Ácido Lisérgico), prisão e muitos mais. Vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h.
Quem foi Rita Lee na sua vida?, pergunta Tas. “Uma querida amiga. Sabe navio quebra-gelo? Era ela, corajosa, impetuosa e com tesão. A vida sem tesão não há solução (...) o homem não foi feito para trabalhar, quem trabalha tem câncer, não agrada, passa mal, você tem que curtir o que você faz”, diz Peticov.
Em outro momento da edição, Tas comenta que em 1965 o jornal Folha de S. Paulo publicou uma série de artigos sobre uma droga contra o alcoolismo, o LSD. E anos depois, Peticov se tornou protagonista do primeiro processo por posse da substância no Brasil: o remédio tinha virado droga proibida. “Caiu na minha mão... uma pessoa que veio da Califórnia que tinha Orange Sunshine, um ácido muito poderoso, e quando eu provei eu pensei: todo mundo tem que saber”. E qual foi o efeito?, indaga Tas. “Cair fichas (...) não é uma coisa para curtir um barato, são coisas muito importantes (...) é um ato de transformação, iniciação”, explica o artista.
Sobre como foi ficar preso, no Carandiru, o artista afirma: “Fiquei dois meses, foi ótimo (...) sem contato com a vida, com a realidade (...) tinha 24 anos, era jovem e bonitinho, e ninguém me pôs a mão (...) lá dentro eu traduzi dois livros, fiz 24 desenhos e duas telas, ensinei a cadeia inteira a jogar batalha naval”.
Peticov fala também sobre os seus antepassados búlgaros que vieram para o Brasil. “Meu pai veio para cá num grupo que foi enganado pelo governo. O interior de São Paulo precisava de agricultores competentes, quando chegaram lá não tinha terra nenhuma. Quem tinha grana voltou, quem não tinha ficou. E meu pai foi o único a casar com uma brasileira, capixaba, de Cachoeiro do Itapemirim (...) ele era pastor da Igreja Batista (...) na minha família não tinha ninguém ligado ao mundo da cultura”, conta.