Conheça os temas abordados nos cinco episódios de ‘Resistência Negra’

Foto: Globo/João Miguel Júnior

‘Resistência Negra’, série documental Original Globoplay, estreia em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Apresentada por Larissa Luz e Djonga, a produção, idealizada pelo professor doutor babalaô Ivanir dos Santos, aborda a história da resistência negra no Brasil a partir de temas como aquilombamento, trabalho, política, cultura, religião e educação. Em cinco episódios, a partir do simbolismo de um barracão de escola de samba que se prepara para entrar na avenida, diversos setores desfilam para (re)contar histórias sobre a mesma temática: como o povo negro, no Brasil, resistiu – e resiste – até hoje?

Pesquisadores, integrantes da luta do movimento negro e figuras ancestrais trazem à cena depoimentos que elucidam o enredo sob o ponto de vista dos reais protagonistas da narrativa. A trajetória de nomes como Emília do Patrocínio, Zumbi dos Palmares, Benedita da Silva, Carolina Maria de Jesus, André Rebouças e Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar), entre outros, é rememorada e ilustra a quantas duras penas a forma de olhar para esta história vem mudando ao longo dos anos. Outros nomes, como Erica Malunguinho, Conceição Evaristo e Julio de Sá, narram as próprias vivências em entrevistas inéditas, mostrando que a luta segue viva, ativa e ainda se fará importante por muitas gerações.

A série documental ainda apresenta e contextualiza conquistas políticas, sociais e marcos culturais e civis. Dentre eles, as leis que libertaram os escravizados no Brasil, tornaram crime o racismo e as perseguições às religiões de matriz africana e garantiram cotas raciais e socioeconômicas no acesso ao ensino superior; as emendas que concederam direitos trabalhistas às empregadas domésticas e os artigos constitucionais que descriminalizaram a capoeira no país.

Os cinco episódios giram em torno das etapas de construção de um carro alegórico no processo de barracão, que funciona como fio condutor do reconto e revisionismo nas diversas histórias destacadas pela série documental. Na comissão de frente, o primeiro impacto: a cena que abre o primeiro episódio tem negros dentro de um tumbeiro. Desta maneira africanos escravizados eram trazidos ao Brasil, dando início a uma história de mais de 300 anos de massiva exploração do povo preto no país. Iniciado por esta imagem, o episódio “Tecnologia Ancestral” mostra a resistência na forma de aquilombamento, dos primeiros quilombos do período escravocrata aos atuais movimentos negros existentes no país. Os registros destacam momentos de perseguição e aniquilamento da identidade do povo negro, que, mesmo depois de liberto, encontra inúmeras dificuldades para existir na sociedade.

O desfile e a discussão seguem pela esfera econômica no segundo episódio, “É tudo o mesmo suor”, que mostra que a alforria não elimina o lugar de subalternidade nesta história. Entram em cena as trajetórias de líderes sociais que denunciaram irregularidades e reivindicaram direitos civis para o povo preto. Elas aparecem ao lado de períodos como o da pandemia da Covid-19 e provocam reflexão sobre a exploração trabalhista e a invisibilidade do empreendedorismo negro no Brasil.

Na ala das celebrações, grandes conquistas: música, dança, religião. O que começa como repressão ganha, pelas mãos de seus próprios detentores, ares de liberdade: o terceiro episódio, “A gente tem um trato”, fala sobre o reconhecimento da identidade negra. A participação de capoeiristas como soldados na guerra do Paraguai, a criação do bloco Ilê Aiyê, em Salvador, e a descriminalização da prática da capoeira são alguns dos elementos que destacam a riqueza cultural e ancestral do povo preto.

Já “As leis para a população preta”, quarto episódio, reverencia associações abolicionistas, mas lembra que o encarceramento de pessoas negras é uma realidade desde a criação da Constituição nacional. “Não use capuz para não ser confundido”, “Saia sempre com documentos” e “Não fique muito tempo em estabelecimento comercial para não pensarem que você está roubando” são algumas das frases que ilustram o episódio, que aborda a criminalização do racismo e das condutas discriminatórias e lembra que o fim da escravidão no Brasil não trouxe igualdade de condições para negros e brancos.

Episódio final, “Descobrir o Brasil” é a alegoria do processo de reexistência de um povo. A educação entra em cena como ferramenta de construção do futuro. Grupos de teatro, escritores, advogados, manifestações culturais e artistas são celebrados e recebem homenagens em um grande Carnaval.
Conheça os temas abordados nos cinco episódios de ‘Resistência Negra’ Conheça os temas abordados nos cinco episódios de ‘Resistência Negra’ Reviewed by Pablo on novembro 16, 2023 Rating: 5
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