Retrovisor, com Paulo Markun, estreia na TV Cultura nesta sexta (22/9)
Foto - Divulgação TV Cultura |
Nesta sexta-feira (22/9), estreia na TV Cultura a primeira temporada da série Retrovisor, composta por 13 programas de 26 minutos cada. Diante de uma plateia de convidados instada a participar do jogo, o jornalista Paulo Markun entrevista personagens marcantes da história, representados por atores devidamente caracterizados. Vai ao ar na Cultura, a partir das 20h30.
Na primeira fase da atração serĂŁo "entrevistados" Cláudio Manoel da Costa, Frei Caneca, Anita Garibaldi, Irineu Evangelista de Souza, LuĂs Gama, Euclides da Cunha, JosĂ© do PatrocĂnio, JoĂŁo Cândido, LuĂs Carlos Prestes, Mario e Oswald de Andrade, Maria Lacerda Moura, Monteiro Lobato e PlĂnio Salgado.
Na edição, as conversas estĂŁo vinculadas a determinado momento da trajetĂłria do personagem, particularmente relevante. Perguntas e respostas sĂŁo baseadas em rigorosa pesquisa em jornais, biografias, depoimentos, entrevistas, cartas e documentos da Ă©poca e sĂŁo possĂveis de serem feitas pelo territĂłrio real/ficcional do programa, mas que de outra maneira jamais teriam respostas, como: JosĂ© do PatrocĂnio, o que falta para que seu dirigĂvel possa voar?, LuĂs Gama, vale tudo para libertar escravos?, entre muitas outras.
Retrovisor é uma derivação do formato mockumentary, que tem diversos exemplos bem-sucedidos no cinema. O mais conhecido do gênero é A Guerra dos Mundos, a transmissão radiofônica de Orson Welles, em 1938, e o mais recente é Fly With Me, da BBC.
Programa de estreia
O primeiro programa do Retrovisor é com o poeta e advogado Cláudio Manoel da Costa. Em 1789, com 60 anos, o advogado mineiro está preso numa das celas da Casa dos Contratos, em Vila Rica, acusado de participar da Conjuração Mineira. Logo após a entrevista para o Retrovisor, ele dará o único depoimento registrado nos Autos da Devassa.
Acovardado, esconderá sua participação na conspiração, denunciará os amigos e pedirá perdĂŁo a seus algozes. Dois dias mais tarde, seu corpo será encontrado na cela. AtĂ© hoje, os pesquisadores discutem se foi suicĂdio ou assassinato.
HistĂłria
Cláudio era membro da elite intelectual e polĂtica da colĂ´nia. Nascido em Mariana (MG) em 1729, estudou em Vila Rica atĂ© 15 anos, mudou para o Rio de Janeiro, onde se formou mestre em arte no ColĂ©gio dos JesuĂtas. Conquistou o diploma de advogado em Coimbra e iniciou ali uma carreira literária. De volta Ă Vila Rica, trabalhou como secretário do governador Gomes Freire de Andrade e como juiz de demarcação de sesmarias.
Paralelamente, continuou a escrever, adotou o nome arcádio de Glauceste Satúrnio e teve várias obras encenadas no Rio de janeiro e em Vila Rica, que, àquela altura, era o centro irradiador da cultura na América Portuguesa, com diversos teatros ou casas de ópera.
Em 1789, foi convidado a participar de um movimento que pretendia transformar Minas Gerais em um paĂs independente pelo alferes Joaquim JosĂ© da Silva Xavier, o Tiradentes. Era a conjuração ou inconfidĂŞncia mineira. Doente, nĂŁo se envolveu profundamente na conspiração, mas chegou a participar de alguns encontros e aceitou escrever a constituição do futuro paĂs.
Na noite de 17 para 18 de maio, um vulto misterioso, em trajes femininos, avisou–o que o alferes fora preso no Rio e que outros conjurados estavam sendo detidos. Aconselhado a fugir e jogar fora papĂ©is comprometedores, nada fez. Foi preso no dia 25 de maio de 1789.
Um mĂŞs depois, sem ter sido sequer interrogado, seus bens foram sequestrados pela Real Fazenda. No dia 2 de julho de 1789, ele foi interrogado pela primeira e Ăşnica vez.
Retrovisor "fala com ele" um dia antes desse depoimento na cela da Casa dos Contratos em Vila Rica.
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