Foto Margareth Dias |
Nesta terça-feira (12/9), Marcelo Tas entrevista a atriz, humorista e cantora Nany People. No bate-papo, ela conta sobre o quanto já ‘ralou’ na vida; como foi ser gay nos anos 80, em São Paulo, com o surgimento do vírus da AIDS; como perdeu a virgindade e muito mais. Vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h.
A atriz fala na edição que chegou em São Paulo aos 20 anos, e até viver de arte, foi bilheteira, bancária, camareira e passadeira de república. “Eu passava camisa de final de semana, de jovens (...) e ainda por cima fazia bico na São Caetano, na Rua das Noivas (...) a gente ia na casa da noiva, maquiava a noiva, mãe da noiva, passava o vestido da noiva e ainda chupava o irmão da noiva (...) faz tudo. Por pior que seja a cruz, tem horas que você coloca a cruz no calvário do lado, passa o gloss e faz um boquete (...) você tem que fazer isso na vida, porque senão você não vive, não dá para contar tragédia o tempo todo (...) eu fiz isso por sobrevivência”, diz Nany.
Ela conta sobre quando foi ao psiquiatra aos 10 anos. “Eu li disfunção social, aí eu pensei, o que eu estou fazendo aqui? O que é disfunção social? É uma pessoa que não tem uma função social, como não? Eu faço mais do que meus amigos fazem (...) eu nunca me deixei ficar acomodada nesse local que me colocavam e eu falo muito isso intuitivamente, ninguém tem o direito de dizer qual é o seu limite”, afirma.
Em outro momento do Provoca, a atriz relembra como era ser gay nos anos 80, em São Paulo, com o surgimento do vírus da AIDS. “Eu perdi amigos tomando Novalgina porque não tinha o que se dar. Você ligava para alugar um apartamento, quando te viam, diziam que já estava alugado (...) era um câncer gay (...) você andava nas ruas e as pessoas diziam AIDS (...) a gente lembrava de semana ter oito velórios (...) era como se a culpa fosse você ser gay”, conta.
Quando você perdeu a virgindade?, pergunta Tas. “Com 23 anos, em Serrania, eu tinha um bofe que eu era apaixonada a vida inteira e eu falava na república que a primeira vez vai ser assim, assim e assim, e os meus amigos de quarto falavam: ‘você tá maluca? Isso não acontece nem com mulher, vai acontecer com viado?’ Aconteceu do jeito que eu queria (...) foi no sábado de Aleluia, no cafezal (...) até hoje eu passo lá e falo: foi aqui ó”, brinca Nany.