Dr. Ana Carolina Ramos, a médica pioneira no futebol masculino, está no “Pod Pai Pod Filho” desta segunda (14)
(Foto: Lourival Ribeiro/SBT)
Assista a entrevista: https://youtu.be/E5wwmzJjfoY
O “Pod Pai Pod Filho” desta segunda-feira, 14 de agosto, recebe a doutora Ana Carolina Ramos e Côrte, médica do Corinthians. A primeira mulher dessa área a atuar em um clube de futebol masculino brasileiro da primeira divisão. Fato que somente aconteceu em 2018. Em um bate-papo com Téo José e Alê Auad, a especialista comenta sobre sua trajetória profissional; fala do papel da mulher e a desigualdade enfrentada no meio esportivo; expõe a relação com Vanderlei Luxemburgo e responde dúvidas sobre a saúde na área do esporte.
Ana Carolina cursou medicina na Universidade de Brasília. Em 2007, já formada, Ana decidiu se especializar no ramo e fazer residência de medicina de esporte na Universidade de São Paulo. Apaixonada por competições esportivas, ela revela o que a encantou para seguir no ofício: “No pronto-socorro, a primeira coisa que o paciente te pede é atestado de cinco dias, mas quando eu passei duas semanas no ambulatório de medicina de esporte, para ver se era isso o que eu queria, o paciente, que era um atleta, me disse: ‘Doutora, posso treinar amanhã?’. Foi aí que eu vi que era o que eu queria. Eu quero pessoas ativas que busquem e queiram realmente fazer a diferença”.
A entrevistada relata que queria estudar sobre lesão muscular e iniciar um pós-doutorado. Com a ajuda de um médico conselheiro e tutor dentro do Hospital das Clínicas da USP, que era amigo de Joaquim Grava, médico do Corinthians, a Dr. Ana Carolina conseguiu um espaço no clube.
“Eu fiquei 2015 e 2016 coletando dados no Corinthians. Em 2017 foi o ano que eu escrevi, publiquei e defendi minha parte acadêmica. Em 2018, o doutor Joaquim Grava, médico do Corinthians, me chamou para fazer parte da equipe do departamento do clube e eu estou há cinco anos contratada oficialmente”, diz a convidada.
Antes de ser doutora, Ana Carolina já era corintiana. Mas não foi somente no futebol que dedicou sua carreira. A especialista fez parte do Comitê Olímpico do Brasil (COB) em 2013 e ficou por 10 anos. “Nessa fase final de 2020 para cá, eu era Gerente da Área de Saúde do Atleta, até antes de 2020, eu era Médica do Time Brasil, médica do COB. Por conta do meu trabalho no Esporte Clube Pinheiros, eu trabalhei na ginástica inicialmente. Como Médica do Time Brasil, eu prestava serviço para algumas modalidades, a ginástica era uma delas. A canoagem, por exemplo, eu continuo com meu vínculo com a Confederação de Canoagem, mesmo saindo do COB”, relata.
Na prática, a Dr. Ana Carolina acompanha o dia a dia do atleta, diagnostica a lesão e acompanha a reabilitação. Caso o jogador precise operar, quem opera é o Dr. Joaquim Grava, mas ambos acompanham o pós-operatório. “O generalista do atleta é como se fosse o clínico geral para população geral, mas os assuntos mais específicos você entra com as especialidades corretas”, explica a profissional.
Mesmo com as transformações no mundo dos esportes nos últimos anos, o futebol ainda é uma realidade diferente para as mulheres. Desigualdade, falta de visibilidade e discriminação ocorrem diariamente contra jogadoras, árbitras, equipe técnica, jornalistas e torcedoras. Apenas em 1979, a modalidade deixou de ser crime e possibilitou a participação feminina no esporte. Para a convidada, o futebol ainda não abraça genuinamente as mulheres.
“O que eu sinto hoje é que o futebol não está preparado para receber a mulher pela logística. Eu estava agora na Argentina e não tinha um banheiro feminino para eu usar, aí você tem que esperar os jogadores subirem no campo para usar rapidinho. Acontece com as árbitras também. Os vestiários são iguais para o sexo masculino e feminino”, afirma a doutora.
Ela também comenta como é a relação dela com os jogadores e com o técnico Vanderlei Luxemburgo: “O futebol é meu meio de trabalho e eu nunca tive resistência de jogador nenhum, para assunto nenhum de doença, de assunto médico. Trabalhei com muitas comissões técnicas e eu pensava: ‘Vem um novo treinador, qual será a forma de trabalho?'. E cada um tem uma resposta mais legal. Com o professor Vanderlei Luxemburgo é sensacional, a abertura que ele me dá, a entrada, o quanto ele respeita minha opinião, ele fala: ‘Quem manda é o médico! Se não dá, não dá. Eu troco, não tem problema, é só você me dizer’. É uma confiança incrível”.
A médica também fala sobre as Olímpiadas e os desafios em Tokyo em meio a pandemia; o doping no esporte; o psicológico dos jogadores nessa nova era e finaliza respondendo uma pergunta interessante: ‘Atletas de alto rendimento sempre terão problemas no futuro?’. Vale conferir!
O podcast completo estará disponível no YouTube do SBT Sports e no próprio canal do “Pod Pai Pod Filho” a partir das 19h (de Brasília) desta segunda-feira (14).