Caminhos da Reportagem aborda os conflitos da alienação parental

Foto: Divulgação/TV Brasil

A edição inédita do Caminhos da Reportagem destaca os desafios familiares que envolvem a alienação parental neste domingo (9), às 22h, na TV Brasil. A produção mostra que o término de um casamento nem sempre representa o fim dos conflitos e os filhos podem sofrer ainda mais com a disputa.

O tema é o mote para o programa jornalístico da emissora pública esmiuçar o assunto. A pauta revela como o fim de uma relação pode acirrar ainda mais os ânimos entre o ex-casal e prejudicar as crianças. Para analisar a questão, a equipe consulta especialista e ouve pais, mães e filhos que estão ou estiveram em meio a confrontos pela guarda. O conteúdo também pode ser acompanhado no app TV Brasil Play.

Desde 2010, a Lei da Alienação Parental foi instaurada no Brasil. Segundo seu texto de criação, o objetivo seria equilibrar as relações quando esses embates fogem do normal e afetam o relacionamento dos filhos com um dos genitores ou alguém do grupo familiar, instigado pelo pai ou pela mãe.

Entre 2015 e 2022, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) analisou 5,3 milhões de processos de dissolução litigiosa de casamento. Quase metade (46,9%) refere-se a ações litigiosas, ou seja, sem acordo entre as partes.

Segundo ainda os dados do CNJ, os processos de alienação parental ainda são uma parcela pequena dos casos. Eles se restringem a apenas 0,34%. Durante a pandemia, em 2020, houve um aumento de 171% deste tipo de processo em comparação ao ano anterior.


Origem do termo e polêmicas sobre conceito

A expressão "alienação parental" foi usada pela primeira vez nos Estados Unidos na década de 1980, por Richard Gardner, um psiquiatra que defendia que o sentimento de repúdio de uma criança por um dos pais (ou alguém da família), induzido por um adulto, era uma síndrome. Entretanto, o próprio conceito de Gardner, além da figura deste psiquiatra, gera discussões.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) vê no uso do termo alienação parental a reprodução de machismo nos processos de guarda de filhos. A psicóloga Marina Poniwas, conselheira do CFP, afirma que é uma ideia sem embasamento científico e, por causa disso, a lei também é alvo de críticas. "É uma lei que privilegia punição, criminalização e não a solução de conflitos, estigmatiza principalmente mulheres", defende.

A juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, Magáli Dellape, explica que, em separações, são poucos os casos em que a guarda é compartilhada. De acordo com a entrevistada, geralmente, os filhos acabam ficando com a mãe.

Em alguns casos de alienação, segundo a juíza, os próprios pais se afastam dos filhos. Ela conta que quando anos depois, quando eles tentam se reaproximar e os filhos não querem, os homens acusam as mães de alienação parental.

Mas, para a advogada Renata Cysne, a lei tem eficácia e é mal aplicada em alguns casos. "Dentro do conflito familiar, é comum que em algum momento, o pai fale mal da mãe e a mãe fale mal do pai. A situação de descontentamento faz parte. Agora, quando há uma dinâmica, quando esses atos acontecem de forma reiterada, ou há um conjunto desses atos acontecendo juntos ali, aí sim, a gente está diante de uma dinâmica de alienação parental e que merece a intervenção do Judiciário", define.

O psicólogo e PHD em psicologia pela Universidade de Sussex, na Inglaterra, Josimar Antônio de Alcântara Mendes, também é consultado pelo programa Caminhos da Reportagem. O especialista acredita que a lei de Alienação Parental foi uma reação a avanços feministas na sociedade.

"A lei é um contraponto à questão da Maria da Penha ou de mulheres que querem se independer de relacionamentos coercitivos ou abusivos. Então, o que que o agressor faz? Ele ameaça ele fala assim: 'Ah, você não quer deixar eu fazer visitação livre, ver meu filho quando eu quiser? Pois, então, eu vou te acusar de alienadora'", exemplifica.


Ficha técnica

Reportagem: Ana Graziela Aguiar

Produção: Ana Graziela Aguiar, Cleiton Freitas e Gabriela Braz (estagiária)

Apoio produção: Luciana Góes (RJ) e Paulo Leite

Reportagem cinematográfica: André Pacheco

Apoio à reportagem cinematográfica: Jorge Brum, Robson Moura, Sigmar Gonçalves e Rodolpho Rodrigues

Auxiliar técnico: Alexandre Souza

Apoio ao auxílio técnico: Jairom Rio Branco, Raimundo Batista e Caio Araújo

Edição de texto: Carina Dourado

Edição de imagens e finalização: André Eustáquio

Arte: Caroline Ramos e Alex Sakata


Sobre o programa

Produção semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de grandes histórias, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada pauta.

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única, levando conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações relevantes no meio jornalístico.

Exibido aos domingos, às 22h, o Caminhos da Reportagem tem horário alternativo na madrugada para segunda-feira, às 2h30. A produção disponibiliza as matérias especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As edições anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site http://tvbrasilplay.com.br.

Caminhos da Reportagem aborda os conflitos da alienação parental Caminhos da Reportagem aborda os conflitos da alienação parental Reviewed by Pablo on julho 05, 2023 Rating: 5
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