Caminhos da Reportagem revela diversidade do samba de roda baiano
Neste domingo (7), o Caminhos da Reportagem inédito que a TV Brasil exibe às 22h mostra a diversidade do samba de roda no interior da Bahia. O episódio foi produzido em parceria com a TV Feira, emissora pública sediada na cidade de Feira de Santana.
Quando se fala de samba de roda da Bahia, muita gente se lembra daquele que é feito no Recôncavo baiano. Mas a verdade é que o samba de roda está presente em todo o estado.
Apesar disso, foi Santo Amaro que virou referência nacional por causa de tia Ciata, apelido de Hilária Batista de Almeida, que nasceu na cidade e depois foi para o Rio de Janeiro, levando a tradição do samba de roda para lá e se tornando a grande mestra do samba brasileiro.
Hoje, 120 grupos fazem parte da Associação dos Sambadores e das Sambadeiras do Estado da Bahia (ASSEBA). Mestre Bule-Bule, como é conhecido Antônio Ribeiro da Conceição, faz parte da associação e afirma que cada lugar traz consigo diferenças no samba de roda, que não se limitam a ritmos e instrumentos.
“A diferença do samba do litoral, do RecĂ´ncavo e o samba rural, o sertanejo, o samba catingueiro, Ă© o conteĂşdo que vocĂŞ junta para fazer o samba, os elementos que cercam cada lugar. Para fazer o samba da beira-mar, fala de canoa, de remo, de rede, de peixe. No samba rural, vocĂŞ fala de cavalo, de gado, roçado, de feijĂŁo, de milho, de vaquejada”, explica.
A equipe da TV Feira, parceira da TV Brasil, viajou para o interior da Bahia, para mostrar no Caminhos da Reportagem outros tipos de samba de roda, que carregam tradições e histórias que têm passado de geração para geração.
Uma das paradas foi no Quilombo Matinha dos Pretos, distrito de Feira de Santana. Na tradicional festa religiosa “Queima da Lapinha”, o grupo Quixabeira da Matinha trouxe o samba de roda para a parte profana do evento.
O grupo foi criado pelo já falecido mestre Colerinho da Bahia e sua esposa, Chica do Pandeiro, há mais de trĂŞs dĂ©cadas. Guda Moreno, filho do casal, Ă© quem está Ă frente da associação cultural hoje. Ele se orgulha das diferenças que o samba traz. “O samba de roda Ă© o Ăşnico ritmo que Ă© igual na diferença. Todo mundo vai fazer samba de roda, mas cada um vai fazer um samba diferente do outro. E estĂŁo fazendo samba de roda”, afirma.
Em 2004, o Samba de Roda do RecĂ´ncavo foi inserido no livro de Registro das Formas de ExpressĂŁo do Instituto do PatrimĂ´nio HistĂłrico e ArtĂstico Nacional (Iphan). Agora, está sendo preparado um novo estudo para a revalidação do tĂtulo.
“Fizemos um novo dossiĂŞ do samba de roda. Quando se registra e passa 10 anos, a gente tem que fazer um dossiĂŞ para revalidar esse tĂtulo. Foram feitas essas pesquisas e eu opinei para que o nome do livro seja: ‘Samba de Roda, patrimĂ´nio do RecĂ´ncavo Ă Bahia’. Ele nĂŁo Ă© sĂł do RecĂ´ncavo, ele está na Bahia toda”, conta Guda.
A produtora cultural Olivia Silva diz que foi solicitado ao Iphan que o samba de roda de todo o estado seja inscrito no livro. “No nosso pedido de revalidação do Samba de Roda do RecĂ´ncavo, a gente solicitou que fosse o Samba de Roda da Bahia, porque a maior parte dos grupos que sĂŁo associados e tocam essa salvaguarda Ă© de fora do RecĂ´ncavo”, diz a produtora cultural.
Olivia faz parte do grupo de roda da Associação Cultural Sinfonia do Pandeiro, que existe há 15 anos e é composta por 25 integrantes. Em apresentações, o grupo reúne pessoas de toda a cidade que já conhecem as músicas e gostam de sambar ao som do batuque mais tradicional da cidade.
A equipe do programa tambĂ©m foi atĂ© a comunidade Pitiá, no distrito de Retiro, zona rural de Coração de Maria, conhecer o grupo Jaqueirinha do SertĂŁo. Criado há 21 anos, ele Ă© encabeçado por um pedreiro que, sozinho, aprendeu a tocar vários instrumentos e passou o conhecimento para frente. “A diferença do samba chula, de Santo Amaro, para o da gente Ă© que lá nĂŁo tem alguns instrumentos, como o surdo, o timbal. É um samba com mais harmonia”, explica AntĂ´nio das Virgens.
A última parada da viagem foi em Ipirá. Lá, conhecemos o samba de roda rural, que tem um ritmo mais lento, tocado com prato, cuia, viola e pandeiro. Uma tradição que veio das fazendas e tem continuação nas pequenas cidades.
“O samba começou há muitos anos, já veio da era de meus avĂłs, criado em fazenda, samba de roça, no mĂŞs de setembro, mĂŞs do cariru. Os mais velhos trouxeram a tradição. É o samba boiadeiro, o pessoal conhece como o canto de parede, e isso veio passando para os mais novos”, lembra Manoel Pereira.
Ficha técnica
Reportagem: Renata Maia
Reportagem cinematográfica: Alan Magalhães, Carlos Gomes e Reginaldo Cavalcante
Produção: Marcondes Araujo e Louise Farias
Motoristas: Arlindo MercĂŞs e Evangivaldo Nunes
Edição de texto: Marcondes Araujo e Renata Maia
Edição de imagem e finalização: James Araujo
Arte: Julia Gon
Sobre o programa
Produção jornalĂstica semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo paĂs e pelo mundo atrás de grandes histĂłrias, com uma visĂŁo diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.
No ar há mais de uma dĂ©cada, o Caminhos da Reportagem Ă© uma das atrações jornalĂsticas mais premiadas nĂŁo sĂł do canal, como tambĂ©m da televisĂŁo brasileira. Para contar grandes histĂłrias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada pauta.
Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única, levando conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.
Questões atuais e polĂŞmicas sĂŁo tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado Ă© reconhecido com diversas premiações relevantes no meio jornalĂstico.
Exibido aos domingos, Ă s 22h, o Caminhos da Reportagem disponibiliza as matĂ©rias especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pĂşblica em https://www.youtube.com/tvbrasil. As edições anteriores tambĂ©m estĂŁo no aplicativo TV Brasil Play, disponĂvel nas versões Android e iOS, e no site https://tvbrasilplay.com.br/.
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