Caminhos da Reportagem aborda trabalho análogo à escravidão

Foto: Divulgação TV Brasil

À força - a escravidão moderna” é o tema do episódio inédito do Caminhos da Reportagem que a TV Brasil apresenta neste domingo (14) às 22h. O programa revela que o trabalho análogo à escravidão, ilegal e imoral, ainda é realidade no país.

Uma triste realidade. De 1995 a 2022, 60.251 pessoas nessa condição foram resgatadas no Brasil, segundo os cálculos do Observatório da Erradicação do Trabalho e do Tráfico de Pessoas.

Existem quatro hipóteses do artigo 149 do Código Penal que caracterizam o trabalho escravo: a primeira é o uso da força. A segunda é a servidão por dívida. A terceira é a jornada exaustiva e a última é o trabalho degradante.

“Água potável, comida saudável, alojamento digno. Tudo isso é negado a essas vítimas. Encontrar uma vítima desumanizada, sem nenhum dos seus direitos, é perder a cidadania. E isso é dramático”, conta o auditor fiscal do trabalho Marcelo Campos, que combate a servidão há 28 anos.

“Esse fenômeno é conhecido como ‘condição análoga à de escravo’ por uma questão histórica. Em 13 de maio de 1888, a escravidão foi considerada ilegal pelo estado brasileiro. Mas continuaram existindo situações de trabalho escravo que eram idênticas às anteriores”, lembra o diretor da ONG Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, que completa: “A gente está falando da mais vil exploração. É a coisificação do trabalhador e da trabalhadora”, define Sakamoto.

Ao longo do programa, a repórter Ana Graziela Aguiar foi a São Paulo e Goiás em busca de situações atuais de servidão. E encontrou. Ela conversou com duas mulheres que foram escravizadas por 30 anos. As duas são negras, não recebiam salário, eram proibidas de sair de casa e não puderam estudar.

“Foi duro, viu? Eu sofri demais. Ela (a patroa) falava assim: você não passa de uma negrinha imunda”, recorda uma delas.

“Eu acordava de manhã e só ia dormir quase meia-noite. Sem contar que eles (os patrões) me xingavam muito. Falavam palavrão e xingavam a minha raça”, afirma a outra.

O trabalho doméstico, inclusive, é uma das principais formas de escravidão atualmente. “Ele surge no seio do nosso capitalismo como o desdobramento de uma tradição escravocrata sem uma política de inclusão desses trabalhadores. Eles foram para o mercado de trabalho com a permanência da lógica escravocrata entre nós”, pontua o juiz do trabalho João Otávio Fidanza Frota.

Estrangeiros que vivem no Brasil também foram entrevistados. Um deles, boliviano, conta que em vez de receber R$ 5 mil por mês, como foi prometido, ganha por produção: fica com apenas 50 centavos por peça.

“O trabalho escravo rouba a vida das pessoas, por isso deveria ser visto como crime hediondo”, defende o coordenador executivo do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, Roque Renato Pattussi.


Ficha técnica

Reportagem: Ana Graziela Aguiar

Reportagem cinematográfica: André Rodrigo Pacheco, Eduardo Viné e João Barboza

Apoio reportagem cinematográfica: Robson Moura, Rogerio Verçoza e Sigmar Gonçalves

Auxílio técnico: Jone Ferreira, Rafael Calado e Wladimir Ortega

Apoio auxílio técnico: Alexandre Souza, Jairom Rio Branco e Marcelo Vasconcelos

Produção: Claiton Freitas e Gabriella Braz (estagiária)

Edição de texto: Paulo Leite

Edição de imagem e finalização: Jerson Portela e Rivaldo Martins

Arte: Julia Gon


Sobre o programa

Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo atrás de grandes histórias, com uma visão diferente, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.

No ar há mais de uma década, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do canal, como também da televisão brasileira. Para contar grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada pauta.

Saúde, economia, comportamento, educação, meio ambiente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única, levando conteúdo de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.

Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do canal. O trabalho minucioso e bem executado é reconhecido com diversas premiações relevantes no meio jornalístico.

Exibido aos domingos, às 22h, o Caminhos da Reportagem disponibiliza as matérias especiais no site http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhosdareportagem e no YouTube da emissora pública em https://www.youtube.com/tvbrasil. As edições anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site https://tvbrasilplay.com.br/.

Caminhos da Reportagem aborda trabalho análogo à escravidão Caminhos da Reportagem aborda trabalho análogo à escravidão Reviewed by Pablo on maio 11, 2023 Rating: 5
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