Um olhar jornalístico, com lupa, revela um Brasil com menos diretos há 50 anos


Há 50 anos, éramos 103 milhões de brasileiros, atualmente, somos 207 milhões. Mais do que dobrar de tamanho, de lá pra cá, o povo brasileiro conquistou direitos que impactaram, especialmente, na qualidade de vida das mulheres, das crianças e da população negra. Foram criminalizados a violência contra elas, o trabalho infantil e o racismo. É o que o segundo programa especial da série de cinco décadas do ‘Globo Repórter’, com foco em sociedade, vai mostrar na próxima sexta-feira, 7 de abril. A reportagem de Pedro Bassan começa no retorno à cidade de Boa Esperança do Sul, interior de São Paulo. Em 1976, uma equipe do ‘Globo Repórter’ passou duas semanas por lá e registrou um cotidiano de extrema pobreza e precariedade na saúde. Na época, o município dispunha de apenas um médico para atender cerca de seis mil moradores. Para traçar um paralelo entre o passado e futuro, o ‘Globo Repórter’ daquele ano foi exibido numa sala para estudantes de uma escola local, e filhos e netos de entrevistados pelo jornalístico foram encontrados para falar sobre as mudanças ocorridas de lá pra cá.

“Fizemos uma viagem no tempo. Voltamos aos programas do passado para mostrar quanto o Brasil mudou: o comportamento das pessoas, as famílias, nosso modo de trabalhar e de viver. Ainda somos um país de muitos desafios, mas olhando 50 anos pra trás vemos que estamos avançando. Isso nos dá esperanças pra prosseguir”, observou Pedro Bassan, sobre o programa que ainda encontrou na cidade de Boa Esperança do Sul um mural onde alguns cidadãos ilustres foram pintados graças às imagens feitas pelo ‘Globo Repórter’ na época, já que muitos não tinham fotografias.

Num vídeo do ‘Globo Repórter’ de 1977, a narração de Sergio Chapelin atestava "o machismo aparece como um dos mais antigos e enraizados preconceitos na história dos seres humanos" e, em outro, do ano seguinte, Cid Moreira dizia em uma chamada “quando discriminamos o outro, seja por qual for o motivo, estamos nos empobrecendo a nós mesmos”. E a partir isso, o programa desta sexta, passa a abordar avanços na vida das mulheres. Três gerações de uma mesma família, oriunda do bairro da Penha, no subúrbio do Rio, pontuam como, há 50 anos, muitas mulheres se frustravam por não conseguir ter uma vida independente do cônjuge. Desde a avó, Ana de Castro Bernardino, que apareceu no programa em 1976, relatando que o marido não a deixava trabalhar, passando pela filha, Leila, que, na época, já sonhava por um futuro melhor e que se tornou publicitária, até a neta, Luiza Bernardino.

“É uma honra ver que a minha vó conseguiu passar os valores que queria para ela para minha mãe e para mim”, conta Luiza, ao assistir aos depoimentos das mulheres da sua família que vieram primeiro.

O ‘Globo Repórter’ vai ao ar após o ‘BBB 23’, nesta sexta-feira, 7 de abril. E,  na entrevista abaixo, Pedro Bassan revê sua própria história com o programa, que celebra cinco décadas no ar.

Como é sua relação com o programa
Acho que sou jornalista por causa do ‘Globo Repórter’. Eu via os programas quando era adolescente e pensava: ‘é isso que eu quero fazer’. E era exatamente do jeito que eu pensava: uma vida de curiosidade e aventuras, de disposição para ouvir o outro e conhecer outras vidas. Ao entender o outro, entendemos melhor a nós mesmos.

Vários personagens se emocionaram durante as entrevistas deste programa. Como foi isso? 
As pessoas se emocionam porque embarcam com a gente nessa viagem no tempo. Quem não se emociona quando começa a se lembrar do passado? Pessoas queridas, momentos especiais, situações vividas que não voltam mais… No dia a dia, são raros os momentos em que temos tempo pra isso. Acho que esse programa é como abrir um antigo álbum de família. Vamos reparando nos detalhes, no quanto as pessoas mudaram, as paisagens que estão diferentes, a casa antiga que não existe mais e aquela outra que permanece igualzinha, resistindo ao tempo. Enfim, esse programa vai ser uma pausa para lembranças da vida de todos nós.

Qual a importância do ‘Globo Repórter’ para a TV brasileira? E o que um repórter precisa fazer para assinar a reportagem no programa?
O ‘Globo Repórter’ é um orgulho do jornalismo. É o sonho de todo repórter, parar e mergulhar na realidade fora da correria do dia a dia, ver o mundo com outros olhos, fruto de reflexão e da sensibilidade da equipe do programa. Os repórteres variam a cada semana. Somos os convidados da equipe fixa do programa, um time de jornalistas brilhantes e com muita experiência. É como ser convidado para jogar num time só de craques.
Um olhar jornalístico, com lupa, revela um Brasil com menos diretos há 50 anos Um olhar jornalístico, com lupa, revela um Brasil com menos diretos há 50 anos Reviewed by Pablo on abril 06, 2023 Rating: 5
Tecnologia do Blogger.