Foto Divulgação TV Cultura |
A TV Cultura exibe neste domingo (5/2), o documentário Krenak, Uma História de Resistência. Produzido pelo jornalismo da emissora, o filme mostra uma cultura indígena que esteve à beira da extinção, que suportou toda a violência do estado brasileiro, desde a época do Brasil colonial até às ações arbitrárias praticadas pela ditadura militar, a partir dos anos 60. Vai ao ar na Cultura, às 16h30.
A edição tem as montanhas de Minas Gerais e o Rio Doce como pano de fundo para o massacre sistemático da etnia. A expansão das plantações de café e uma linha de trem passaram por cima da cultura secular dos Krenak.
No século XIX, uma Carta Régia de Dom João determinou o envio de tropas para eliminar o que o colonizador chamava de "índios botocudos", classificados como antropófagos pelo príncipe imperial. Os que não foram assassinados se tornaram escravos, colocados a ferro, como se dizia na época. Uma tentativa dos governantes em subjugar quem só queria proteger o seu modo de vida, os animais e a floresta.
Quando veio a ditadura militar, a repressão não foi menos cruel e sangrenta. Os indígenas eram obrigados a seguir regras rígidas que os proibiam de falar a língua materna. Tinham hora para sair e voltar da aldeia. Não podiam viver da pesca, nadar nos rios. Tudo era controlado pelos militares. Quem desobedecia era trancafiado em um reformatório e submetido a castigos corporais. Mulheres indígenas foram estupradas. Os velhos índios foram amarrados e arrastados por cavalos, para servir de exemplo. Homens e mulheres tratados como bichos. Populações dizimadas.
Em 2005 veio outro golpe. O vermelho que antes tingia a terra de sangue agora se espalhava pelo Rio Doce. Eram os rejeitos de minério de ferro e sílica despejados pelo rompimento de uma barragem em Mariana. Com a floresta e o rio ameaçados, os Krenak buscam alternativas para replantar as árvores e ter de volta a água que a natureza lhes deu e os homens que vieram de longe tomaram. Hoje, 600 indígenas tentam proteger a terra entre os municípios de Aimorés e Resplendor, no leste de Minas Gerais.
Na Justiça, eles conseguiram algumas conquistas. O Estado deve pedir desculpas ao povo Krenak. E a Funai precisa concluir o processo de demarcação. Mas a luta que começou desde a fundação do Brasil continua.