Foto: Globo/Divulgação |
“O que existe aqui é o nós. Nada é no singular”. A frase sintetiza o que sempre diz uma das colaboradoras da cooperativa de costureiras de Vila Nossa Senhora Aparecida, no Rio Grande do Sul. O que antes era uma ocupação irregular, hoje se tornou uma região produtiva na Zona Norte de Porto Alegre. Mulheres sem emprego e com poucas perspectivas de vida se uniram e construíram uma rede onde todas são responsáveis pelas decisões e, além de dividirem a responsabilidade, compartilham as conquistas e desafios do negócio. As histórias que mostram a força do trabalho coletivo e em rede estão ‘Globo Repórter’ desta sexta-feira, o último deste ano. O programa fala ainda sobre o surgimento do primeiro fundo filantrópico para mulheres negras do Brasil. As reportagens são de Carlos de Lanoy, Camila Marinho e Carla Suzanne. A jovem Aline Odara costumava fazer vaquinhas virtuais para ajudar uma rede de amigos e entendeu que poderia ajudar cada vez mais pessoas se tivesse doadores recorrentes. Foi quando criou o Fundo Agbara, que significa “potência” em yorubá, e tem como objetivo fomentar pequenos negócios de mulheres negras. Em dois meses, o fundo já arrecadou cerca de um milhão de reais e beneficiou, aproximadamente, duas mil mulheres. Além de custear o pontapé inicial de um pequeno negócio, o Agbara oferece treinamentos virtuais sobre as práticas de mercado. Renata, que empreendeu ao montar um café no quintal de casa, em São Paulo, e Natasha, que abriu uma agência de turismo com roteiros pelo subúrbio carioca, na capital fluminense, são algumas das mulheres negras que tiveram auxílio do Fundo Agbara. “O mais incrível desse programa foi conhecer mulheres que, a partir das necessidades da vida real, como asfalto, água encanada ou até mesmo uma simples máquina de costura, conseguiram mobilizar gente no país inteiro. Essas mulheres mudaram a própria vida e a de centenas de outras pessoas. Também é linda a história da Aline, que vivia fazendo vaquinhas virtuais para os amigos e, no meio da pandemia, acabou criando o primeiro fundo filantrópico para mulheres negras do país”, adianta o repórter Carlos de Lanoy. Outra iniciativa mostrada pelo programa é a Redes da Maré, uma organização não-governamental formalizada em 2007 que atua a partir do trabalho em parceria para efetivar os direitos dos moradores das 16 favelas que compõe o Complexo da Maré, onde residem mais de 140 mil pessoas, no Rio de Janeiro. O Centro de Artes da Maré, braço cultural da ONG, é um dos grandes celeiros com talentos da dança. Muitos bailarinos já formados e que ganharam palcos mundo afora retornam à comunidade para um trabalho de troca e colaboração. É do Nordeste do Brasil, mais precisamente nas cidades de Uauá, no interior baiano, e Santa Luzia do Itanhi, no Sul de Sergipe, que surgem outros bons exemplos da força de se atuar em redes. O município sergipano, que já teve um dos piores índices de desenvolvimento humano do país, hoje se tornou um centro de ciência, educação e tecnologia por meio de projetos do Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI). Todos têm em comum a construção participativa com os moradores para que não precisem deixar a cidade natal em busca de emprego. “Falar da força do coletivo é também falar de atitudes que demonstram amor pelo próximo”, comenta a repórter Carla Suzanne. Já Camila Marinho foi até Uauá, na Bahia, onde há muitas comunidades com características de fundo de pasto. Lá, a caatinga foi se desgastando ao longo do tempo. Preocupados com o desaparecimento do bioma, que é exclusivamente brasileiro e ocupa cerca de 70% do Nordeste brasileiro, foi criado o “recaatingamento”, uma metodologia que utiliza ações de recuperação e conservação através do uso sustentável dos recursos naturais. Os moradores são os principais atores deste movimento que resgata e reforça a todo momento a importância da coletividade. “O sertanejo é um povo já acostumado às adversidades da vida. E é justamente para se adaptar e sobreviver diante de tudo isso que ele se une porque percebe que, na caatinga, a união faz não só a força, mas principalmente a diferença. Ali o que é de um, é de todos. E para todos!”, finaliza a repórter. O ‘Globo Repórter’ desta sexta-feira, dia 16 de dezembro, vai ao ar logo depois da novela ‘Travessia’. |
Globo Repórter - Quando o plural é mais forte que o singular
Reviewed by Pablo
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dezembro 14, 2022
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