Em 1º /12, Dia Mundial da Luta Contra a Aids, SescTV exibe dois documentários que trazem à tona a importância da discussão e da informação sobre o tema


Em 1987, durante a 3ª Conferência Internacional de Aids, realizada em Washington (EUA), 200 mil pessoas, ativistas e cidadãos vivendo com o vírus, participaram do lado de fora do evento. Queriam ser ouvidas pela comunidade científica e pelo mundo, pois, naquele momento, em que não havia tratamento, o silêncio era uma forma de morte. No ano seguinte foi proposta a criação do Dia Mundial de Luta Contra Aids e, em 27 de outubro, a Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde instituíram o 1º de dezembro como data comemorativa, cinco anos após a descoberta do vírus causador da doença (HIV – vírus da imunodeficiência humana). Naquela época, 65,7 mil pessoas foram diagnosticadas com o vírus e 38 mil tinham falecido. A iniciativa se consolidou e até hoje o 1º de Dezembro é marcado como o dia de uma campanha global que combate o preconceito, a desinformação e o estigma que ainda perduram em torno da doença.

Nesse contexto, o SescTV exibirá, em formato de especial, duas produções alusivas à temática em 1º/12. Com direção de Roseli Tardelli e duração aproximada de 45 minutos, “Youtubers e HIV”, que irá ao ar às 22h30, reúne depoimentos de youtubers de diferentes canais e regiões do Brasil, como Gabriel Estrela (GO), Luis Felipe Pisci Loka (SP), Rafael Bolacha (SP), Daniel Fernandes (MA), Gabriel Comicholi (PR) e João Geraldo Neto (GO), e investiga o que move seus trabalhos. Em comum, além do mesmo diagnóstico, a maioria relata o temor de como comunicar o quadro à família, a realidade do tratamento (ou ausência de) e o combate ao estigma e preconceito como estratégia de enfrentamento e sobrevivência.

Entre os participantes do documentário, Luis Felipe Pisci Loka, que nasceu em São Paulo em 1989, cresceu em bairros como Capão Redondo, Jardim Ângela, Cupecê e Guarapiranga e foi diagnosticado em 2018. Seu canal, o Loka de Efavirenz, foi criado, segundo ele afirma, para que as pessoas tenham informações e parem de reproduzir desinformação. “E também para tirar pessoas da invisibilidade”, desabafa.

Por sua vez, Gabriel Estrela, nascido em Goiânia (GO) em 1992, foi diagnosticado em 2015 e criou o Projeto Boa Sorte. Foi o primeiro youtuber a falar sobre HIV com regularidade. Para ele, o Youtube é visto como um processo de educação contínua e não só de entretenimento, o que considera um diferencial. “É um vetor e funciona nos dois sentidos, ou seja, é uma troca porque na medida em que produz conteúdo, também recebe”, avalia. Sua iniciativa se deu como parte de um processo de sensibilizar o espectador, de entender que a pessoa que vive com HIV também lava roupas, vai a uma festa, conhece alguém e tem inseguranças que não passam apenas pela Aids.

Criador do canal Prosa Positiva, Daniel Fernandes nasceu em Imperatriz (MA) em 1994 e foi diagnosticado em 2011. Quando descobriu a sorologia, pensou em fazer palestras, mas como não tinha contado para a mãe, resolveu esperar. Estudou Atuação para Cinema em Porto Alegre e resolveu fazer um canal sobre filmes, mas pensou em falar sobre sorologia e, ao contar para a mãe, teve todo o apoio que precisava. Em seu canal, Fernandes traz profissionais e outras pessoas soropositivas, de diversas áreas, para falar sobre o vírus.

Por sua vez, José Geraldo Neto, de Anicuns (GO), é o criador do canal Super Indetectável. Nascido em 1982 e diagnosticado em 2003, ele relembra que, quando tomou conhecimento de seu quadro, queria contar para todo mundo. Para Neto, era a oportunidade que queria para ser ativista e, assim, tentar mudar a vida de alguém. “Minha vida seria tão medíocre se o HIV não tivesse acontecido”, avalia. Ele ainda comenta que é complicado manter o ego não inflado, mas nunca irá permitir que fique maior do que a causa, que é levar conhecimento, informação e conforto para as pessoas, além de apresentar as diversas medidas de prevenção.

Na última cena do documentário, a diretora pede que cada um defina HIV com uma palavra e os termos são: resiliência, luta, identidade, vida, empoderamento e repensar.


Aids: a Resposta das ONGs no Mundo

Na mesma noite, às 23h30, o SescTV exibe o documentário “Aids: a Resposta das ONGs no Mundo”. Dirigido por Pedro J. Duarte, mostra os bastidores da 20ª Conferência Internacional de Aids em Melbourne (Austrália), realizada em 2014, e as iniciativas de ativistas ao redor do mundo para a prevenção, a conscientização e o combate à epidemia.

Durante esse encontro, representantes de países como Tonga, Argentina, Uganda, Indonésia, Quênia, Sérvia, Austrália, Zâmbia, Porto Rico, Cazaquistão, Nigéria, Coreia do Sul, Camarões, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Egito e Brasil abordam suas relações com a doença e trocam informações sobre as ações que desenvolvem para educar e conscientizar, contribuindo para a redução do estigma causado pelo preconceito.

No Brasil, após 30 anos de combate à doença, ainda é preciso uma política de saúde de resposta com participação da sociedade civil, desafios com a estrutura de política de saúde geral, atenção básica e continuidade das diretrizes da Organização Mundial da Saúde com treinamento de profissionais e orientações. Outras demandas importantes ao redor do mundo são a compreensão da informação, especialmente para mulheres e o que elas podem fazer com a sexualidade, bem como aprovação de lei de proteção familiar e de política de gênero, além da necessidade real de se criar uma lei que minimize o estigma das pessoas infectadas.

Alguns ativistas também falaram de seus desejos em relação à doença. “Meu sonho é um mundo sem Aids. Meu sonho é que toda mãe possa ter um parto sem HIV e Aids. Que tenhamos uma geração livre de HIV”, diz o sérvio Karlo Boras. Além da cura para a Aids, a maioria almeja acesso a medicamentos a todos e todas que vivem com a doença; que as crianças infectadas tenham a chance de crescer, aderir à medicação, viver, casar e ter filhos; que as pessoas com deficiência que tenham a doença também possam se tornar ativistas; e especialmente que as pessoas mantenham a esperança.

Em 1º /12, Dia Mundial da Luta Contra a Aids, SescTV exibe dois documentários que trazem à tona a importância da discussão e da informação sobre o tema Em 1º /12, Dia Mundial da Luta Contra a Aids, SescTV exibe dois documentários que trazem à tona a importância da discussão e da informação sobre o tema Reviewed by Pablo on novembro 29, 2022 Rating: 5
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