Foto Julia Rugai |
Na terça-feira (15/11), Marcelo Tas entrevista, no Provoca, o ex-jogador de futebol e comentarista esportista Walter Casagrande. Ele fala na edição sobre sua participação na Copa do Mundo de 1986, os jogadores atuais e o esquecimento de suas raízes, saída da Globo, sua relação com a mãe, a morte da irmã e a raiva de Deus, drogas e muita mais. Vai ao ar na TV Cultura, a partir das 22h.
Ao relembrar a Copa do Mundo de 86, Casagrande fala: “O meu comportamento, eu me diverti, talvez eu não tenha encarado com tanta seriedade a Copa do Mundo ou talvez eu tenha pensado que eu poderia jogar bem de qualquer maneira, na hora eu resolvo (...) eu não consegui ver a Copa do Mundo com muita seriedade e isso eu me arrependo. Se eu voltasse em 86, eu não ia sair todas as vezes, eu ia me segurar um pouco”.
Comentando a realidade de hoje, diferente dos anos 70, em que os jogadores encaravam a ditadura, Casagrande afirma que atualmente a alienação é comodidade. Em sua opinião, a Seleção Brasileira não tem mais identificação com a torcida. “O Brasil hoje está em uma crise, muitas famílias não têm café da manhã, almoço e janta, desemprego altíssimo e os ídolos desses caras postam iate, lancha, mansão, carros importados e festas maravilhosas (...) o que eles tinham que fazer, além de ostentar, é se posicionar socialmente. Essas pessoas têm que sentir que aquele jogador que vai jogar a Copa do Mundo pela Seleção Brasileira tá preocupado com ele”.
Casagrande também fala, com carinho e saudosismo, sobre a relação com sua mãe. O ex-jogador conta de um episódio que considera o mais triste, em que sua mãe o convidou para comer uma pizza e ele não aceitou. “Eu estava na casa dela e tinha usado cocaína e eu falei: ‘pô, mãe, amanhã eu venho aqui a gente come a pizza. Hoje não dá, tenho um compromisso’. E eu não comprei a pizza, eu nunca mais comi a pizza com ela, ela faleceu depois. Então eu olho pra trás e falo: ‘porra, porque eu que não pedi a pizza?’. E completa: Olha como a droga é cabulosa, bicho, eu escolhi a droga naquele momento ao invés da pizza com a minha mãe. (...) Naquele momento, o valor mais alto pra mim era a cocaína, não era a minha mãe e nem a pizza”.
Durante a edição, Casagrande ainda lembra da perda de uma de suas irmãs: “Eu fiquei com raiva de Deus quando minha irmã morreu, mas ali eu engoli essa raiva”.