(Foto: Lourival Ribeiro/SBT)
O narrador esportivo e apresentador Paulo Andrade é o entrevistado de Danilo Gentili nesta segunda (24). Ele, que foi jogador de base em vários clubes de futebol, comenta: “joguei no Corinthians, Portuguesa, Juventus e América (de Rio Preto). A Portuguesa foi o mais marcante. Joguei mais tempo e você acaba criando mais afetividade. Hoje em dia a base é tratada muito mais como espelho do profissional do que nessa época (final dos anos 90)”. Justificando sua saída dos campos, afirma: “é uma carreira muito difícil, você lida com uma série de fatores além da sua capacidade. E eu era razoável. Nunca fui um craque. Sempre cumpri, mas nunca fui muito além disso. Tinha uns 19 anos e pensei ‘para onde vai minha vida se eu seguir tentando?’ ... Tive a oportunidade de manter os estudos e depois descobri o dom – eu acho que é dom – de narrar”.
Danilo pergunta o que torna sua narração tão querida e ele responde: “me desafio a tentar narrar, de certa forma, um lance diferente do outro. Existem vários jeitos de narrar. Tem narradores que exploram bordões e muitos são sensacionais. Eu já não sou dos bordões, tenho pouquíssimos. Estudo muito para os jogos, para entender o contexto do que cada momento pode significar e eu prefiro me desafiar a colocar cada lance dentro desse contexto”. Citando as diferenças entre as cabines de narração brasileiras e as inglesas, conta: “a gente fica com a impressão de que tudo lá é maravilhoso, é um mundo mágico e não é bem assim. Tanto que, aqui no Brasil, nós temos muito mais conforto do que narrando lá nas arenas principais deles. Lá eles montam plataformas de transmissão. A gente fica no relento, como se fosse uma sequência da arquibancada.”.
O convidado, que já narrou em países como Inglaterra, Espanha, Itália, Portugal e outros, diz qual foi o prato mais inusitado que já comeu antes de um jogo. “Uma vez o dono do Chelsea, por ser um jogo contra o Barcelona, promoveu ali uma paella para a imprensa. Estava maravilhoso. Eu quase que não narro”, recorda. Paulo revela se está nervoso por narrar pela primeira vez uma final da Libertadores e diz: “nervoso, não, é uma tensão. E eu nunca narrei”. Ele também esclarece uma curiosidade e explica o que faz para não confundir os jogadores: “primeiro que eu convivo com isso, faz parte do meu dia a dia. Eu leio, estudo. Eles fazem parte do meu dia a dia. E tem outras manhas. Mais ou menos: posição no campo, qual é a cor da chuteira, aí anoto na minha escalação”.