Concurso de dança agita Pitombas em 'Cine Holliúdy 2'

Foto: Globo/Fábio Rocha

Em ‘Cine Holliúdy 2’, no episódio que vai ao ar amanhã, dia 1º de novembro, a notícia da inauguração de uma nova discoteca em Pitombas agita a vida dos moradores do local. E inspirada no filme ‘Embalos de Sábado à Noite’ e na novela ‘Dancin’ Days’, a trama apresenta cenas com musicais que fizeram sucesso ao longo dos anos. O público lota a sala do Cine Holliúdy para assistir ao filme, os moradores se aglomeram diante da televisão para ver a novela e, na confusão da cidade, Socorro (Heloísa Périssé) anuncia que irá construir uma discoteca no lugar do bordel, mas enfrenta a dificuldade de realizar o projeto sem a liberação dos vereadores da cidade.

Enquanto os trâmites são resolvidos, a prefeita avisa que vai promover um concurso de dança no novo espaço e Francis (Edmilson Filho) fica animado. Com receio de participar, por não saber dançar, Francisca (Luisa Arraes) finge estar com o pé engessado. O cinemista lamenta, mas pede autorização à namorada para participar sozinho do concurso. Liberação concedida, ele corre para se inscrever de última hora na prefeitura e acaba esbarrando com Formosa (Lorena Comparato), que chega na mesma hora no local, e com quem ele termina formando uma dupla. Diante da situação, Francisca pede a ajuda de Jujuba (Gustavo Falcão) para aprender a dançar e participa da competição ao lado dele, rivalizando com Francis e Formosa, que prometem fazer uma apresentação impecável. Abaixo confira a entrevista com o ator Gustavo Falcão:

Como recebeu o convite para fazer a série?
Foi em 2017. Patrícia Pedrosa, diretora artística da série, me telefonou no primeiro semestre daquele ano fazendo o convite, contando do projeto e do personagem. Gravamos a primeira temporada do Cine entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018. Lembro que este primeiro contato com a série e com o Jujuba me causou alegria e surpresa. Não me considero um ator cômico, e naquele momento questionei se teria a habilidade e as ferramentas para encarar empreitada (acho que a gente sempre tem essa dúvida…). Patrícia me encorajou e completou dizendo que tinha sido o Guel Arraes, uma pessoa que admirava e admiro até hoje, quem havia sugerido meu nome.

Como você define a sua personagem?
Jujuba é o assessor da Prefeitura da Cidade de Pitombas, e um pau-pra-toda-obra. Ele é dúbio: malicioso e ao mesmo tempo ingênuo, ardiloso e trapalhão. Vejo o Jujuba como uma espécie de ‘clown branco’ ou um palhaço escada, como se chama no Brasil. Na primeira temporada essa função dramatúrgica de compor cenas e as gags cômicas estava muito em função do prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele). Entre o fim da primeira temporada e começo desta segunda, o Jujuba teve desdobramentos muito interessantes. Passou para o lado de Maria do Socorro (Heloísa Pérrissé) quando ela foi eleita prefeita no lugar de Olegário, revelando que sua devoção é antes à Prefeitura de Pitombas do que ao ex-Prefeito a quem tanto se dedicava. Além disso, entre a primeira e segunda temporada houve diversos desdobramentos para o Jujuba. Não quero antecipar muito, mas o personagem vai apresentar surpresas. Posso adiantar que ele se empodera mais, ganha autonomia e uma personalidade mais forte. A aproximação com Maria do Socorro aponta novos caminhos para ele.

Como foi contracenar com o elenco de Cine Holliúdy? Já tinha participado em outra oportunidade? Conhecia os atores de outros trabalhos que fez? 
Eu conhecia o Matheus, meu superparceiro na primeira temporada, de longa data. A gente tinha ‘dividido a tela’ no ‘Arido Movie’, filme do pernambucano Lírio Ferreira, mas éramos de núcleos dramatúrgicos diferentes, então não contracenamos na ocasião. Já conhecia também Halder Gomes e Edmilson Filho, respectivamente diretor e ator principal da obra cinematográfica de onde a série foi criada. Fizemos um longa-metragem juntos em 2009, chamado ‘As Mães de Chico Xavier’, rodado no Ceará. Há uma liga muito forte nessa turma. Acho que nasce da relação que todos temos com a arte e o ofício de uma maneira geral mas, particularmente, de uma vocação para o trabalho coletivo, de doação, admiração e respeito mútuos, de companheirismo. É forte o sentimento de que temos nos tornado uma trupe, e todas as novas participações são naturalmente acolhidas e integradas com afeto e generosidade.

Em que/quem se inspirou para fazê-la?
Jujuba é um personagem de uma composição delicada e complexa. Há um repertório gestual, melódico (que tem a ver com a música do sotaque cearense), verbal que tenho composto e continuo descobrindo. Revi Buster Keaton, Jimmy Carrey e o próprio Chaplin, que tem na fisicalidade expressões cômicas e dramáticas muito ricas e interessantes. O estudo dos roteiros me deu indicações sobre suas motivações. O processo de construção ‘visual’ (figurinos e caracterização), feito em parceria com a querida Luciana Buarque, além dos encontros de preparação com jogos e improvisos feito com o Hugo Possolo foram fundamentais.

Como foram as gravações?
O ritmo de gravações foi intenso. A série tem uma linguagem autoral muito própria, não realista, com camadas de farsa. As cenas tem um timing muito preciso, muitas delas são verdadeiras coreografias coordenadas de elenco e câmeras. Esta segunda temporada tem sido um enorme desafio. Começamos a gravar durante a pandemia de Covid19, em março do ano passado. Trabalhamos por um mês e meio mais ou menos e tivemos de suspender as gravações. Aguardamos por meses e cheguei a pensar que o projeto seria cancelado. Retomamos quase um ano depois, ainda completamente aturdidos com tudo aquilo. Precisamos de muita concentração para conseguir retomar o trabalho de onde havíamos parado mas, ao mesmo tempo, houve todo um processo de adaptação:  passamos a gravar em nossa Cidade Cenográfica - obra da maravilhosa Fumi Hashimoto. Foi um tempo gostoso, de descobertas de novas possibilidades neste percurso.

Como foi acompanhar a repercussão da primeira temporada?
A primeira temporada foi muito bem recebida, tanto pelo público quanto pela crítica. Tivemos números ótimos - acredito que recordes de audiência para o horário - e um retorno muito especial do público. Impressionante ver como a série foi acolhida e repercutiu nos corações dos espectadores. Acredito que tem a ver com o fato de ser crítica e ao mesmo tempo leve e lúdica, e com a sua atmosfera de magia e fantasia. Além deste retorno, fomos agraciados com o prêmio de ‘Melhor Série da TV Aberta do ano’ pela Academia Brasileira de Cinema, um reconhecimento muito especial. Já a segunda temporada está arrebatadora. Estamos todos - elenco, direção, arte - com mais conhecimento e domínio da linguagem e de nossos personagens. As cenas acontecem com ainda mais fluidez e inventividade. As relações entre os personagens foram apuradas e desenvolvidas, e temos novos integrantes na trupe, como Luísa Arraes e Flávio Bauraqui - além das participações luxuosas de Gero Camilo, Nanda Costa, Edu Sterblitch.

A que credita o sucesso de ‘Cine Holliúdy’?
‘Cine Holliúdy’ é uma série com a qual o público brasileiro se identifica, na qual ele se reconhece, e com a qual sente prazer e se diverte. Fazemos uma espécie de paródia de nossos defeitos e virtudes, sempre com graça e alegria. Acredito que é por isto que temos tido tanta receptividade da audiência. Ao mesmo tempo em que rimos, refletimos sobre o que somos e sobre o que temos feito, e acabamos construindo nesse espaço de subjetividade um jeito novo de ser, inventando espaços e tempos melhores, sonhando com um Brasil mais bonito.

‘Cine Holliúdy’ é uma série criada e escrita por Marcio Wilson e Cláudio Paiva, baseada no longa-metragem homônimo escrito e dirigido por Halder Gomes. A obra é escrita com Adriana Falcão, Juca Filho,Chico Soares e César Amorim. A direção artística é de Patricia Pedrosa com direção de Halder Gomes e Ricardo Spencer. A produção é de Erika da Matta e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. A série de 11 episódios, exibidos às terças, conta ainda com Matheus Nachtergaele, Heloisa Périssé, Solange Teixeira, Carri Costa, Lorena Comparato, Frank Menezes, Caca Carvalho, Falcão Maia, Gustavo Falcão e Flávio Bauraqui no elenco, e participações especiais de Luiza Tomé, Gero Camilo, Lucas Veloso, Nanda Costa, Eduardo Sterblitch, Stepan Nercessian, entre outros.
Concurso de dança agita Pitombas em 'Cine Holliúdy 2' Concurso de dança agita Pitombas em 'Cine Holliúdy 2' Reviewed by Pablo on outubro 31, 2022 Rating: 5
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