“Eu sempre sou muito crítico ao ver trabalhos que a gente está fazendo no momento”, declara Dalton Vigh

Dalton Vigh no ‘PoliCast’ desta terça-feira, 27 de setembro (Foto: Rogério Pallatta/SBT)

Dalton Vigh é a estrela do “PoliCast” desta terça-feira (27). O ator de grandes papéis da teledramaturgia brasileira, que atualmente faz o Otto, em “Poliana Moça”, é o entrevistado da atração. Ele fala como é interpretar um personagem durante tanto tempo na TV, além de comparar com outros trabalhos e compartilhar sobre sua trajetória nos palcos e nas telinhas. O episódio vai ao ar às 21h30, no canal da novela do YouTube e nas plataformas de áudio.

Quando o assunto é o início de carreira no teatro, Dalton revela que começou sua trajetória tarde e que sua formação primária foi Publicidade e Propaganda: “Eu comecei como profissional com 30 anos e comecei a estudar teatro com uns 28 anos. Eu comecei tarde. Eu me formei em publicidade e fiquei tentando publicidade maior tempão, eu já tinha essa vontade de ser ator, inclusive, na faculdade, a gente apresentou uma peça do Sartre, dentro da matéria de filosofia, mas para mim sempre foi uma coisa incansável, porque eu imaginava: ‘como eu vou sobreviver como ator? Eu não tenho ninguém no meio, não conheço ninguém, não sei como fazer para entrar em uma emissora ou começar como ator no teatro’”.

No meio de diversas tentativas para conseguir emprego no curso de graduação, Dalton percebeu dificuldades para ser contratado, e foi aí que se lembrou do seu gosto pelo teatro e resolveu arriscar. De um desejo íntimo, se tornou um grande profissional na arte cênica. Fez peças e gravou diversas novelas. Ele comenta do tempo que está interpretando o personagem Otto e a sensação de olhar para trás e observar seus outros trabalhos.

“A gente já está há tanto tempo [em “Poliana”]. Eu comecei a gravar em 2017, a gente ficou parado um tempinho na pandemia, mas é um bom tempo. Eu tenho boas lembranças. Eu tenho memória de todas as novelas que eu já fiz. Estava reprisando algumas novelas um tempo atrás e sempre me perguntavam: ‘como é se ver lá trás?'. Eu sempre sou muito crítico ao ver trabalhos que a gente está fazendo no momento, por exemplo, ‘Poliana’, eu fico sempre analisando o que eu poderia fazer de melhor. Novelas que você já gravou há muito tempo, você só fica agoniado e angustiado, então eu preferia assistir sem ter esse olhar, só lembrando como foi a gravação daquela cena. Eu lembrava das piadas que contavam. ‘Ah, foi nessa cena que fulano falou um negócio que a gente se esborrachou de dar risada’. Então, fica na nossa memória e quando a gente assiste acaba puxando um monte de coisa que já estava esquecida”, declara o convidado.

“Muita gente me pergunta como é fazer um personagem durante tanto tempo. Eu falo que é quase fazer outro personagem, é o mesmo personagem em um outro momento da vida, depois de uma transformação, e para a gente que é ator é um prato cheio, porque você já tem uma base com o que trabalhar e você só vai acrescentando umas mudanças”, complementa o ator.

Em “Poliana Moça”, Dalton Vigh dá vida a Otto, um homem reservado, discreto e elegante. Pai de Poliana [Sophia Valverde], filho de Glória [Clarisse Abujamra], irmão de Roger [Otávio Martins] e Marcelo [Murilo Cezar]. Decidiu se abrir para a vida sentimental e vai bem, não é muito romântico, mas segue um relacionamento estável com Tânia [Ana Paula Valverde], uma escritora famosa. Sua empresa está no auge, grandes investimentos, inclusive com Sara. Destemido e confiante, continua no comando da Onze. Sendo um homem de caráter, sempre tem ao seu lado pessoas competentes, que o admiram, como Joana [Daniela Paschoal], Sérgio [Guilherme Boury] e Jefferson [Vitor Britto]. Na viagem que faz com Poliana à sua cidade de origem, revela alguns segredos do Pinóquio [João Pedro Delfino], esse acontecimento desencadeia uma série de fatos catastróficos com os quais Otto terá de lidar, como o furto do boneco e os impasses com seu irmão Roger. Roubado, sequestrado e testado, Otto teve toda sua inteligência e limites testados na saga para descobrir qual a parte do quebra cabeça está mal encaixada, causando todo esse caos.

Na visão do intérprete, Otto mudou muito na primeira fase, em “As Aventuras de Poliana” para a novela atual, principalmente quando o dono da Onze descobriu que Poliana era sua filha.

“Eu acho que a princípio ele foi fazer o teste de DNA para manipular, porque ele ainda estava naquela fase: ‘será que ele é legal? Será que ele é vilão?’. E quando ele descobriu que realmente era pai e o fato da Poliana ser uma pessoa especial, isso foi mudando ele gradativamente, no final de ‘As Aventuras de Poliana’ ele já estava mais humano, porque ele era muito da tecnologia, transferir as coisas para a robótica, sempre mantendo a distância das pessoas e quando veio essa descoberta isso trouxe uma transformação muito grande dentro dele”, alega.

“Eu lembro que em ‘As Aventuras de Poliana’ a gente tinha umas discussões, que eu achava muito legal por sinal, sobre Deus. A Poliana super crente, com muita fé em Deus e o Otto super cético, quase ateu. Eu achava muito interessante abordar isso em uma novela, eu nunca tinha feito uma cena em uma novela sobre a existência ou não de Deus, isso é uma coisa profunda, uma coisa legal trazer para as pessoas para cada um formar sua opinião em cima desse assunto que é tão importante para a gente. Isso também foi uma transformação para o Otto, eu acho que ele ficou encantado de ver aquela menina, aquela criança, já com uma opinião tão madura e formada de uma coisa que é tão bonita de acreditar, em algo que é maior que você, que você não enxerga e não vê, mas está lá”, diz Vigh.

O entrevistado considera Otto um pai ciumento, principalmente quando Poliana começa a namorar Éric, mas ao mesmo tempo, defende que ele respeita o espaço da filha e se for para proibir algo sempre argumenta o motivo. Na visão pessoal de Dalton Vigh, ele expõe quem, entre João e Éric, se encaixa mais como namorado de Poliana: “Eu acho que a Poliana sendo o que ela é, ela pode ajudar quem ela quiser, porque ela tem uma coisa dentro dela que é o otimismo, essa força de viver, mas eu não sei o que o Éric pode oferecer para ela em retorno, nesse ponto, eu Dalton, acho que o João é o melhor candidato”.

O podcast “Policast” vai ao ar toda terça, logo após a exibição da novela, no canal de Poliana Moça no YouTube e nas plataformas de áudio