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Se no imaginário masculino a grande maioria dos meninos já sonhou em ser um super-herói, tal imaginação costumava passar longe das fantasias das garotas, pelo menos é o que acontecia geralmente. Tanto é que existem dezenas de filmes em que o personagem de feitos notáveis seja representado pela figura masculina. Mas esse cenário tem se transformado ao longo do tempo, assim como a conquista feminista tem ganhado força para além da vida real. Prova disso é que o público já pode conhecer a nova heroína da Marvel Studios em uma série para o Disney+ que promete colecionar fãs e provocar boas risadas: “Mulher-Hulk, Defensora de Heróis”, que chegou exclusivamente na plataforma em 18 de agosto.
Quem estrela essa história recheada de ação, comédia e aventura e que tem como pano de fundo o universo dos tribunais é Tatiana Maslany, atriz que também protagonizou a série “Orphan Black” (2013), interpretando oito personagens. No Universo Cinematográfico Marvel, ela vive Jennifer Walters, uma advogada especialista em casos de leis super-humanas, defensora de super-heróis, que após um grave acidente precisa receber uma transfusão de sangue do primo, momento em que acaba ganhando algumas características sobre-humanas contidas no DNA do doador. O primo? Ninguém menos que o cientista atômico Bruce ‘Hulk’ Banner, interpretado por Mark Ruffalo, já habitué do Gigante Verde, mas que nessa versão se mostra mais ponderado.
O elenco ainda é formado por Charlie Cox, de volta como Demolidor para a alegria do público; Jameela Jamil, a grande antagonista da série, que ficou famosa com seu papel em “The Good Place” (2016); Benedict Wong, como o Feiticeiro Wong; Tim Roth, o Abominação; entre outros bons nomes como Ginger Gonzaga, Renée Elise Goldsberry e Josh Segarra.
ENREDO
A trama traz o conflito de Walters, que renega suas novas habilidades – distribuídas em mais de dois metros de altura, coberta por uma pele verde e músculos não conquistados na academia –, tendo que aprender a controlar intensos poderes, conviver com a visibilidade inesperada e enfrentar alguns vilões por aí. “Ela realmente é a antítese da maioria das narrativas de super-heróis”, disse a atriz recentemente à Revista Empire. A personagem não tem o menor interesse em ser uma super-heroína e esse dilema, mesclado com questões do dia a dia dos ‘meros mortais’, rendem uma linguagem cômica para a série, ainda mais pelo fato de o público poder contar com a quebra da quarta parede, que adiciona pitadas bem engraçadas ao enredo.
Durante entrevista ao programa de TV norte-americano “Good Morning America”, Tatiana fez um paralelo entre Walters e Elle Woods, do filme “Legalmente Loira” (2001). “É uma comédia com muitos pedaços de vida real que não costumamos ver em programas de super-heróis, como ela ajudando o pai a mover móveis pesados dentro de casa”, contou ela, que também vive nas telas o desafio de equilibrar tantas funções, entre elas as mais comuns como ser reconhecida profissionalmente e ter um relacionamento saudável, o checklist perfeito para uma mulher forte e independente como ela.
MULHERES NA PRODUÇÃO
Tirando o uniforme de super-heroína, que faz com que a história configure uma ficção, por trás das câmeras essa narrativa se repete. Elenco e equipe de produção contam com nomes importantes e um time feminino de muita qualidade e vigor. Não só pela protagonista, a canadense Tatiana Maslany - filha de um marceneiro e uma tradutora, que começou a dançar aos quatro anos e hoje exibe uma lista numerosa de trabalhos, personagens, estilos de interpretação, indicações e prêmios, como o Emmy® Awards, em 2016 - mas também outros nomes, como a roteirista principal, Jessica Gao. Ela foi a criadora do episódio favorito dos fãs do desenho cult “Rick and Morty”, o ’Pickle Rick’, que também lhe rendeu um Emmy®. A americana iniciou a carreira com programas infantis e seguiu na televisão. Já a dupla Kat Coiro e Anu Valia se divide na direção e também soma uma filmografia de peso. Não à toa os espectadores estão contando os dias para a estreia de Mulher-Hulk, a atração está cercada por mulheres extremamente admiráveis, dentro e fora dos sets.
MULHERES-HULK DA VIDA REAL
Por aqui, em terras brasileiras, há também bons exemplos de Mulheres-Hulk em versões mais cotidianas, mas não menos louváveis. É o caso das advogadas, produtoras de conteúdo e influenciadoras digitais Gabriela Prioli, Carol Novaes e Bia Napolitano. Juntas, elas somam milhões de seguidores e transitam em territórios importantes e delicados, como política, educação, empoderamento social, moda, beleza e lifestyle.
No ar com o programa “À Prioli”, na CNN, a advogada mestra em Direito Penal, professora universitária, colunista, comentarista política, ativista, grande influenciadora, entre outros atributos, Gabriela tem fãs ávidos por suas explanações didáticas a favor da conscientização da sociedade. Por vezes ela já usou suas pautas para tratar de temas em defesa da mulher e das minorias.
Carol Novaes, presidente da Comissão de Igualdade Racial, ficou conhecida após participar de um reality show. Hoje ela também conta um perfil robusto nas redes sociais. “Sem dúvidas me sinto, sim, uma heroína. Não só por ser mulher, porque na verdade todas somos heroínas pelo peso que carregamos em uma sociedade um tanto quanto machista, mas também por poder ajudar outras mulheres injustiçadas com a minha profissão”.
Formada e pós-graduada em Direito, Bia Napolitano ingressou na área pelo seu aflorado senso de justiça, mas com o tempo, entendeu que aquele universo não lhe satisfazia mais. Resolveu deixar a carreira de advogada após viralizar com um vídeo de uma viagem com o marido. Foi assim que descobriu seu lado comunicadora e agora aposta no humor, com a divulgação de conteúdos leves e divertidos. “Hoje, eu me sinto uma heroína. Eu me sinto corajosa por ter deixado para trás uma carreira sólida, que muitos entendem como ‘tradicional’ e mergulhado num sonho que eu ainda não sabia se tornaria realidade. Que bom que tive esse momento heroico, esse momento que eu lutei por mim, pela minha felicidade. Que bom que não me mantive na inércia... Logo eu, que sempre gostei de garantias... Que bom que eu lutei por mim!”, analisou Bia, completando o raciocínio com o desejo de que essa realidade se estendesse e ampliasse horizontes. “Entendo que todas as mulheres deveriam ter a mesma oportunidade de se entregar ao mercado de trabalho naquilo que amam e serem reconhecidas de forma igual, sem os preconceitos que existem em volta da maternidade e trabalho, sobre o mito de que cabe à mulher a maior parte do cuidado com o filho, que mulher não consegue equilibrar todas as suas incumbências. Já demonstramos diversas vezes que conseguimos e somos capazes de equilibrar de forma heroica todas as nossas tarefas e que lugar de mulher é exatamente onde ela quiser estar! Sou muito feliz em ser mulher e poder falar isso!”.
Esses são apenas três exemplos, mas grandes modelos de como é possível transformar suas vidas e a das pessoas ao redor para melhor, com conhecimento, atitude, coragem e cuidado. Não seriam esses ingredientes para uma receita digna de super-heroína?
“Mulher-Hulk, Defensora de Heróis” estreou exclusivamente no Disney+ em 18 de agosto.