A cantora, compositora e empresária trans criou uma empresa só de mulheres para promover a diversidade feminina no mercado de trabalho
Visibilidade trans é o foco do “CNN Nosso Mundo” deste sábado, 14 de maio (23h45), que convida para o debate a cantora, compositora e empresária Raquel Virgínia. Primeira mulher trans a ser indicada duas vezes ao Grammy Latino, ela criou a empresa Nhaí, que emprega só mulheres e tem como objetivo promover maior abertura para o mercado de trabalho feminino diverso. “Quando a gente fala de CEO, em geral, estamos falando de homens brancos, cis e com um corpo normativo. A minha experiência como CEO mostra uma disrupção e mostra que pessoas como eu podem, sim, liderar uma empresa”, afirma.
Em conversa com Glória Vanique, Juliana Lopes, Rita Wu e Lia Bock, a cantora destaca a importância da diversidade nos negócios: “Se você é uma empresa do século XXI, se você é uma empresa que quer inovar, você precisa entender que diversidade é um pilar dessa inovação. Quando você tem diversidade, o seu produto se torna um produto com um design mais completo, mais competitivo”. Segundo ela, fazer com que as empresas encarem diversidade como inovação significa também atrair investimento para a área.
Raquel Virgínia ressalta o papel da inclusão para dar voz à diversidade. “As pessoas trans têm ancestralidade também, é por isso que estou aqui, porque antes de mim uma série de pessoas construíram a possibilidade da nossa existência”, lembra. A cantora também fala sobre violência contra a população LGBTQIA+. “Eu tenho medo, porque acho que o Brasil é hostil com a população trans”, revela, contando como enfrenta esse tipo de problema nas redes sociais. “Ainda bem que sou uma pessoa bastante ocupada, então eu não participo desse tipo de debate. Inclusive aconselho as pessoas: não participem”.
O episódio abordou, ainda, a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de estender a Lei Maria da Penha para mulheres trans, a fim de combater a violência e punir os agressores. A cantora considera que o Brasil está em um momento de construção de projetos realmente efetivos e sustentáveis no campo da diversidade. “Nós somos uma grande tecnologia, porque desafiamos a burocracia, a ciência, uma série de estigmas que a ciência tem em relação a nossa existência”, afirma.
Raquel comentou sobre a posição de destaque que ocupa na sociedade. “Não tenho a pretensão de ser um exemplo. Prefiro ser vista como uma referência. Ser um exemplo gera muita expectativa e parece que não temos espaço para o erro. E, honestamente, eu erro bastante, como qualquer um”, disse. Para o futuro do Brasil, ela deixa uma recomendação. “Precisamos votar em pessoas que tenham programas para a população LGBTQIAP+. A gente não pode votar em pessoas simplesmente porque as idolatramos, seja qual for o motivo.”, conclui.
O “CNN Nosso Mundo” vai ao ar sábado às 23h45.