O primeiro episódio traz o depoimento de médicos que estiveram à frente do combate ao coronavírus por dois anos
A segunda temporada do *“CNN Sinais Vitais”* estreia neste domingo, 24 de abril (19h30), com um episódio especial sobre quem esteve na linha de frente do combate ao coronavírus. O médico Roberto Kalil conduz a narrativa pelos depoimentos dos médicos que trabalharam incessantemente nos hospitais.
“Talvez eu nunca tenha trabalhado tanto na minha vida”, afirma o médico Jorge Kalil, professor titular da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Laboratório de Imunologia do InCor.
O diretor do Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Antonio Serafim, relata como se sentiu com a sobrecarga de trabalho: “Eu geralmente durmo muito bem, mas acordava duas, três horas da manhã e não conseguia dormir mais.”
O infectologista David Uip conta que teve sintomas de pânico desencadeados pelo estresse. “Era um medo diferente de quando eu tive Covid. Com a Covid, eu tinha aquele receio do dia seguinte, como vou acordar amanhã. Quando tive esse esgotamento físico e emocional, eu tive medo de morte iminente, eu sentia que não ia dar”, revela.
A primeira médica a ir para Wuhan, epicentro do coronavírus na China, resgatar brasileiros, Ho Yeh Li, coordenadora da UTI de doenças infecciosas do Instituto Central do Hospital das Clínicas (SP), fala das dores físicas e emocionais: “Nem é só quem teve Covid, mas as pessoas que foram indiretamente afetadas nesta pandemia, as famílias, aqueles que perderam (pessoas), a quantidade de órfãos que a gente tem... não esquecendo que tem um quadro silencioso que só o paciente sente: você está comendo e parece que está comendo ração, não sente o cheiro, não sente o paladar, isso é zero qualidade de vida!”.
Roberto Kalil também conversa com o filósofo Mario Sergio Cortella “A natureza colocou para a gente dois mecanismos de proteção da integridade: dor e medo”, afirma. E explica: “quando o medo é maximizado, ele se torna quase pânico e o medo transformado em pânico leva a um descontrole, leva quase a uma inação, a uma desorientação”.
Apesar do grande impacto na saúde mental, muitos dizem que saíram fortalecidos, como o diretor da Divisão de Pneumologia do Incor, Carlos Carvalho, que chefiou os protocolos de tratamento da Covid-19 pelo Ministério da Saúde. “Aprendi coisas boas, principalmente a solidariedade da população.” A professora da Faculdade de Medicina da USP, Ester Sabino, que liderou o sequenciamento do genoma do coronavírus, compartilha desta opinião: “Saímos mais fortalecidos e as pessoas passaram a entender melhor o que os cientistas fazem”.
*O “CNN Sinais Vitais” vai ao ar aos domingos às 19h30, pela CNN Brasil.